terça-feira, 19 de junho de 2012

Política como matemática

Amartya Sen escreveu um livreto interessantíssimo sobre o desvio de rota dos estudos econômicos. Originalmente vinculados aos estudos de ética, foram perdendo sua identidade para tecnalidades de controle monetário, até que caiu nas garras da lógica do mercado financeiro. Quando li este texto, fiquei aliviado. Fundamentava o que sentia como algo fora do lugar.
Mas não imaginava que o que lia caberia para analisar a prática política brasileira. E muito menos que o autor desta façanha seria Lula.
O pragmatismo é uma vertente dos cálculos matemáticos, esvaziando o que há de humanidade na política. Lula nunca negou que gostaria de ser economista. Mas não parecia tão lógico que utilizasse o raciocínio técnico para fazer política.
A aliança com Maluf pode ser pragmática, aumenta o tempo de exposição na TV da candidatura-canguru (aquela em que o filhote fica tempos na bolsa da mãe) e até reequilibra a perda do engajamento de Marta Suplicy, portanto, de penetração em alguns territórios paulistanos.
Porém, a matemática destrói qualquer inovação na política. Ao contrário, reforça toda lógica neocoronelista que já vinha sendo desenhada por Lula desde o ano passado. Filiados não decidem mais nada, os canais de comunicação do partido com as ruas estão interditados, os candidatos são definidos pela cúpula.
Se um dia o PT combateu o Partidão, hoje, com o lulismo, já ultrapassou, pela direita, o que criticava.

Nenhum comentário: