quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Vestibular, o mal desnecessário

Fui almoçar aqui em Sampa e na mesa ao lado sentaram, logo depois, um adolescente com seus dois pais. O menino tinha uns 17 anos (mais ou menos), era magro e com olheiras profundas. Tinha cor de cera e o rosto meio inchado, que acontece quando imberbes resolvem se barbear (mesmo que não tenha necessidade alguma). Logo o pai começou a falar. Fez um cálculos meio loucos que eu não pude deixar de ouvir, tal a velocidade e ênfase que fazia ao falar. Logo veio a conclusão: "ou seja, você, estatisticamente, está dentro!!". O menino nem pestanejou. Não esboçou nada. A mãe olhava os dois.
Eu queria sentar na mesa deles e falar para o adolescente para ficar calmo. Se não conseguisse desta vez, o mundo não acabaria. E mesmo que se conseguisse, poderia mudar o rumo da vida a qualquer instante. O vestibular nem é um bom começo, muito menos um fim. Em nosso país, chega a destruir muitos sonhos e a instigar a malandragem e a competição entre iguais, entre jovens que nem mesmo conseguiram definir claramente o que desejam ou até que mundo desejam. Sabem apenas (talvez) o que não querem, mas não o que querem.
O vestibular brasileiro não tem relação alguma com educação e muito menos com respeito aos adolescentes. Um dia, espero, teremos vergonha de ter idolatrado esta maldição. E, espero, tenhamos outros assuntos para conversar com os filhos nas mesas do almoço.

Nenhum comentário: