Fui almoçar aqui em Sampa e na mesa ao lado sentaram, logo depois, um adolescente com seus dois pais. O menino tinha uns 17 anos (mais ou menos), era magro e com olheiras profundas. Tinha cor de cera e o rosto meio inchado, que acontece quando imberbes resolvem se barbear (mesmo que não tenha necessidade alguma). Logo o pai começou a falar. Fez um cálculos meio loucos que eu não pude deixar de ouvir, tal a velocidade e ênfase que fazia ao falar. Logo veio a conclusão: "ou seja, você, estatisticamente, está dentro!!". O menino nem pestanejou. Não esboçou nada. A mãe olhava os dois.
Eu queria sentar na mesa deles e falar para o adolescente para ficar calmo. Se não conseguisse desta vez, o mundo não acabaria. E mesmo que se conseguisse, poderia mudar o rumo da vida a qualquer instante. O vestibular nem é um bom começo, muito menos um fim. Em nosso país, chega a destruir muitos sonhos e a instigar a malandragem e a competição entre iguais, entre jovens que nem mesmo conseguiram definir claramente o que desejam ou até que mundo desejam. Sabem apenas (talvez) o que não querem, mas não o que querem.
O vestibular brasileiro não tem relação alguma com educação e muito menos com respeito aos adolescentes. Um dia, espero, teremos vergonha de ter idolatrado esta maldição. E, espero, tenhamos outros assuntos para conversar com os filhos nas mesas do almoço.
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