quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Conjuntura Atual, por Immanuel Wallerstein


A Conjuntura Atual: projeções de curto e médio prazos
Immanuel Wallerstein

1. Onde estamos

a) O mundo entrou numa depressão, cujo impacto maior ainda está para vir (nos próximos cinco anos)
b) Os Estados Unidos vive declínio do seu poder geopolítico, cujo impacto maior ainda está para vir (nos próximos cinco anos)
c) O ambiente do mundo está entrando em grave crise (e pouco será feito por ele nos próximos cinco anos)
d) Os movimentos sociais orientados a esquerda estão em toda parte, mas eles são mal coordenados e falta-lhes visão clara tática (por falta de visão estratégica clara de médio prazo)
e) As forças de direita têm visão tática clara de curto prazo maior que a esquerda, embora não tenham visão estratégica de médio prazo
f) O futuro é incerto.

2. A possível explosão da bolha, em especial, a dívida dos Estados Unidos da América.
As conseqüências:

a) Significativa queda no valor do dólar dos Estados Unidos, contagiando outras moedas;
b) Significativo aumento nas taxas de desemprego mundial;
c) Ausência de abrigos seguros, levando a selvagens flutuações nas taxas de câmbio de moeda e, conseqüentemente, relutância em investir.
d) Convulsão em todo Oriente Médio, em especial, no Paquistão e Afeganistão;
e) Controle de fato do Afeganistão pelos talibãs;
f) Retirada militar americana completa no Iraque e Afeganistão;
g) Probabilidade de bombardeios israelitas do Irã, seguido por reação mundial feroz contra Israel;
h) Possível golpe militar na Arábia Saudita;
i) Forte culpabilização de Obama (e Democratas);
j) Criação de blocos geopolíticos sem centralidade dos EUA;
k) Reforço dos laços geopolíticos da Europa Ocidental-Rússia;
l) Fortalecimento dos laços geopolíticos entre China-Japão-Coréia do Sul
m) Vínculos geopolíticos reforçados da América do Sul, liderados pelo Brasil
n) Baixa redução da degradação ambiental e baixa efetivação das principais contramedidas.

3. Que tipos de políticas de esquerda podem surgir?

a) Nem governos de esquerda, nem movimentos sociais de esquerda podem fazer muito mais a curto prazo (nos próximos cinco anos), além de participar em ações defensivas, cuja característica central é a de "minimizar a dor" dos estratos mais oprimidos e pobres.
b) Todos os governos de esquerda continuam a viver dentro dos limites da economia-mundo capitalista.
c) A batalha crucial é a de médio-prazo (próximos 15-25 anos). Esta é uma batalha não sobre o capitalismo, mas sobre aquilo que vai substituir.

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