sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
Minhas discordâncias com o texto de Altman
Vou repetir: discordo do texto de Altman (reproduzido, na íntegra, na nota abaixo). Contudo, Altman abre um "bom combate". O texto é lúcido e instigante.
Então, atrevo-me a explicitar minhas discordâncias:
1) Para um leitor desavisado, Altman retoma a divergência que surgiu desde a origem do FSM a respeito de sua estrutura interna: se aberta e em rede ou se reprodutora da lógica clássica da esquerda, com estrutura de comando e certo "centralismo democrático";
2) A divergência foi pautada desde o Brasil, tendo Chico Whitaker como liderança proposta de rede aberta e organizações trotskistas (não só, é bom destacar) defendendo a estrutura organizativa mais tradicional;
3) Altman cita Chávez por ser um ícone importante das últimas versões do FSM (inclusive, numa passagem até folclórica, sendo carregado pelo governador Requião, por vários eventos) da versão organizativa mais hierarquizada. Enfim, o nome do presidente venezuelano não surgiu no seu artigo como mera ilustração da conjuntura;
4) Os "idos de 2001" não estão tão longe assim, convenhamos. O artigo troca os sinais e acaba dando a impressão que o novo é o velho. O fato é que até hoje não testamos efetivamente uma estrutura organizativa em rede, aberta, onde não há direção ou vanguarda e onde todos, se carregam alguma representatividade, podem se utilizar do espaço do FSM. Também não testamos uma organização de tipo structural hole que não exige que os participantes tenham que se conformar com as teses aprovadas pela maioria. Já citei neste blog um interessante livro de Luciano Canfora sobre a falácia de se confundir democracia com maioria. Mas este é assunto para outro momento. O fato é que o que já testamos é a organização partidária moderna, nascida no século XIX, de massas, com programa definido e permanente, com estrutura hierárquica sólida e corpo organizativo (direção, adminstração e militância de base). Ela, efetivamente, não representa as ruas do século XXI, mas meramente as direções e adminstrações partidárias. Alguém teria alguma dúvida a respeito?
5) Finalmente, Altman, um bom combatente da velha guarda, denomina a estrutura em rede de autonomista (e, logo, adjetiva de "relíquia exótica", como convém aos textos de tradição marxista militante do início do século XX). Ora, não me lembro de qualquer texto do FSM que citasse este termo. Contudo, ele tem uma origem, principalmente no Brasil. Fez parte de uma quase-corrente petista, que envolveu expoentes da academia, como Marilena Chauí e Eder Sader (não confundir com o irmão, Emir).
Enfim, acredito que Altman tentou acelerar a história com seu julgamento final. E jogou algumas armadilhas sem prévio aviso. E aí, o leitor fica imaginando que a proposta original do FSM fracassou. O que dá sentido ao título do meu blog.
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