Singer sugere, ainda, que o subproletariado - termo usado pelo economista Paul Singer ao analisar a estrutura social do Brasil no início dos anos 80 -, que sempre teria se mantido distante de Lula, aderiu em bloco à sua candidatura depois do primeiro mandato, ao mesmo tempo em que a classe média se afastou dela. Nos seus termos:
O primeiro mandato de Lula terminou por encontrar outra via de acesso ao
subproletariado, amoldando-se a ele, mais do que modelando, porém, ao mesmo tempo,
constituindo-o como ator político" (...). Isso implicou um realinhamento do
eleitorado e a emergência de uma força nova, o lulismo, tornando necessário um
reposicionamento dos demais segmentos.
De acordo com o autor, esse realinhamento só foi possível porque o subproletariado passou a ver em Lula, com o seu discurso conservador, a "manutenção da ordem" - o que não ocorrera nas eleições anteriores. Esse realinhamento teria tirado a centralidade dos estratos médios da sociedade - como os estudantes e assalariados com carteira assinada, que formavam a base eleitoral do petista - e explicaria o "relativo desinteresse de Lula pelos formadores de opinião".
Minha opinião: já temos informações suficientes, vindas de dentro do governo Lula, para que os petistas deixem de imaginar que toda análise sobre o lulismo visa a conspiração contra o governo. O mais correto seria os petistas analisarem com acuidade a guinada que o lulismo provocou no petismo para poder ao menos ser protagonistas da mudança.
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