Assisti, recentemente, o filme francês Augustine (direção de Alice Winocour), de 2012. Trata de um momento instigante do nascimento da psicologia a partir de um ângulo coerente, o do drama pessoal. A história retrata o tratamento de Augustine, com 19 anos, que sofre de histeria e perde parte de seus movimentos (paralisia da pálpebra direita e, depois, da mão esquerda). É levada ao hospital Pitié-Sapêtriere e passa a ser tratada pelo neurologista Jean-Martin Charcot.
Charcot, que estudava o cérebro (concentrando-se em afasia e aneurisma cerebral), começou a introduzir a hipnose como método de tratamento de perturbações psíquicas, em especial, a histeria. Não por acaso, seus alunos rapidamente enveredaram para estudos psiquiátricos. Freud foi um deles, além de Tourrette (que emprestará seu nome à famosa síndrome). Interessante que seus alunos criaram várias ramificações de estudos sobre o sofrimento psíquico pouco divulgados em virtude da luz própria de Freud. Pierre Janet, por exemplo, estudou o sofrimento neurótico que denominou de psicastenia.
Bom, abri em demasia o guarda chuva.
O fato é que o filme é interessantíssimo, meio lúgubre, mas que não submerge no sofrimento de Augustine justamente porque Charcot acaba por se apaixonar pela paciente. Quando a paixão se concretiza, emerge a cura da jovem francesa, que abandona o hospital sorrateiramente. Um final, digamos, freudiano.
No dia seguinte, assisti Blacanieves, adaptação espanhola dirigida por Pablo Berger que se passa na Espanha da década de 1920. Surpreendentemente, este filme é muito mais pesado com a história de Charcot e Augustine. Mas este é tema para outra nota deste blog.
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