sábado, 24 de agosto de 2013

Ainda dá para crescer acima de 2%?

Nos últimos dias, li alguns ensaios da área econômica para compreender como os economistas de diversas correntes teóricos percebem o pífio crescimento do PIB tupiniquim em tempos de Dilma Rousseff e, ainda, a oscilação do câmbio. 
Uma síntese da síntese seria mais ou menos assim:
1) O crescimento demográfico brasileiro teria, por si só, impulsionado o crescimento do PIB nos últimos vinte anos ao redor de 2% ao ano. Acontece que o crescimento populacional vem se reduzindo rapidamente. Também parece que o incremento de mão-de-obra acima da taxa de crescimento populacional (o chamado bônus demográfico) chegou ao fim;
2) A saída seria o aumento de produtividade. Mas nos últimos vinte anos a produtividade brasileira cresceu 0,9% ao ano. Somado ao impacto do aumento populacional, chegaríamos a algo entre 2% e 3% de crescimento ao ano;
3) Entre 2002 e 2012, o aumento da produtividade do trabalho nacional chegou a 1,4% ao ano. Houve, ainda, o impacto direto da formalização do mercado de trabalho. Também há uma contribuição significativa do setor agropecuário (o aumento de produtividade somente na primeira década do século XXI foi de 4,3% ao ano (fruto do que os economistas liberais denominam de "choque capitalista");
4) Alguns citam o incremento de consumo popular, fruto do aumento real do salário mínimo e aumento da oferta do crédito popular. Já há sinais claros, contudo, de arrefecimento. A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) caiu 1,3% em agosto, na comparação com julho de 2013, mantendo-se no menor nível da série histórica, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em relação ao mesmo mês do ano passado, a queda foi 9%;
5) Há convergência nas análises em relação ao necessário aumento de investimento em tecnologia e inovação. Não há, contudo, nenhum sinal de superarmos o marco histórico da taxa de investimento brasileiro;
6) Muitos analistas avaliam, por outro lado, o mercado cambial brasileiro como muito líquido que, se somado ao pífio crescimento econômico, estimula incursões para compra e venda de dólar. Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central e colunista da Folha, informa que a cada 10% de desvalorização do real ocorre um impacto de 0,5% sobre a inflação nos 12 meses seguintes; 
7) Segundo a pesquisa Focus (do Banco Central), o governo esta embutindo nos títulos públicos projeções de inflação de 6% ao ano até 2020, prejudicando ainda mais a atração de investimentos produtivos externos;
8) Os economistas liberais sustentam que a saída seria a adoção de políticas fiscal e monetária mais restritivas, com fortes gastos públicos, o que parece impossível em período pré-eleitoral, ainda mais em momento político tão volátil em função das manifestações de junho. Aí, sustentam, a solução virá pela alta da inflação (muitos apostam que a onda virá em 2015, incluindo o realinhamento de preços de serviços públicos).

Enfim, decidi parar de ler estes analistas. Ao menos, nos finais de semana.

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