sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Ministério define "protocolo comum" para atuar junto às manifestações

Interessante. Ontem foi dia de festa no arraial. O Ministro da Justiça se reuniu com os Secretários de Segurança Pública de São Paulo e Rio de Janeiro para definir protocolos comuns para atuação das polícias durante protestos. O discurso oficial é que precisam garantir o direito dos manifestantes pacíficos, além da manutenção da ordem e propriedade pública e privada. Boa justificativa.
A questão é que não fica claro porque este expediente não foi utilizado em outros casos, muito mais graves.
O deputado Chico Alencar, em seu último boletim do mandato, relembra os 564 mortos (em nove dias) na chacina de maio de 2006 ocorrida em São Paulo. Ao menos 122 casos foram de execução sumária. Não sei se você se lembra, mas não houve protocolo unificado de nada.
O Movimento Mães de Maio cobra até hoje a tal federalização e desarquivamento dos inquéritos em virtude de investigações incompletas.
O relatório "São Paulo sob Achaque: Corrupção, Crime Organizado e Violência Institucional em Maio de 2006", elaborado pela Justiça Global e Clínica Internacional de Direitos Humanos da Faculdade de Direito de Harvard, divulgado em 2011 (ver relatório clicando AQUI ) acusa o envolvimento do PCC, policiais militares e grupos de extermínio envolvidos neste nebuloso caso de confronto com a ordem pública, a paz e uso de dinheiro público sob suspeição. O relatório lança as perguntas:
Mas por que o PCC atacou, e qual sua intenção? Qual a influência que agentes públicos tiveram no episódio? Quais os esquemas de corrupção que se escondem por trás da violência dos crimes de maio? Por que os abusos e os homicídios cometidos por policiais não foram investigados? E, por fim, qual é a responsabilidade do Estado?
O relatório sugere relações criminosas entre agentes públicos e o PCC, esquemas de corrupção, sequestro, extorsão e assassinatos.
Fico me perguntando se a queda dos índices de popularidade provocados pelas manifestações de junho e a concreta possibilidade de novas manifestações durante a Copa do Mundo, às vésperas das eleições, não motivariam esta "ação global" e presteza dos governantes em defender a Ordem. Neste caso, a pergunta que fica é: então, por qual motivo a chacina de 2006 ainda fica em aberto? 
Dizem que a ignorância é alimento para paz de espírito. No meu caso, minha ignorância me deixa mais ansioso e desconcertado. 


Um comentário:

Paulo Barbosa disse...

Não tenha dúvida de que este é um despertar daquele outro gigante, o do atraso autoritário, também muito brasileiro. Bem, a luta continua, esta é a única certeza.