Alguns dados sobre a Venezuela

Mas, afinal, o que ocorre com a Venezuela?
Os dados oficiais são (obviamente) positivos.
O Banco Central da Venezuela divulgou que no segundo trimestre deste ano o PIB do país cresceu 5,4% em relação ao ano anterior, puxado pela construção civil (a oposição denuncia que Chávez procurou retomar o voto popular a partir da construção de casas populares) que cresceu 17%. A atividade petrolífera cresceu pouco: 0,4% (este parece ser o Calcanhar de Aquiles da última gestão chavista, já que o uso dos recursos públicos deste setor fez despencar a lucratividade da empresa estatal).
Interessante que as instituições financeiras e seguros cresceu à taxa explosiva de 34% e o setor privado outros 6,7%. Em outras palavras, já se disse que o chavismo é muito mais esquerdista no discurso e no comando político que suas intervenções econômicas.
A oposição afirma que o chavismo aumentou as importações em 20% em 2011. Afirma que 80% dos produtos consumidos na Venezuela são importados. Mas, o problema não é afeto exclusivamente à Venezuela, mas parece atingir grande parte da América Latina. Veja o modelo agroexportador da Argentina. Ou a pauta de exportação ainda pouco diversificada do Brasil, o gigante da região.
O fato é que o setor petroleiro venezuelano representa 1/4 do PIB do país e 40% das receitas públicas.
Além desta crítica, soma-se a inflação (que teria subido em agosto ao redor de 18%, segundo boletim do Ministério das Finanças). Mas este também não é um problema exclusivo da Venezuela (basta citar, novamente a situação da Argentina e Brasil).
Do lado chavista, os dados da área social são exuberantes. A CEPAL destaca a redução da pobreza, que caiu de 48,6% (2002) para 26,8% (em 2010). O desemprego estaria no patamar de 7,9%. Alto para os padrões brasileiros (abaixo de 6%), mas excelente em relação ao padrão europeu (em crise) e em relação ao passado recente da Venezuela (a taxa, em 2003, era de 19,2%).
Enfim, os dados econômicos parecem indicar os motivos para um país tão dividido politicamente. E, talvez, os motivos para a vantagem chavista nas eleições que se encerram amanhã.