terça-feira, 30 de outubro de 2012

Jornal da Tarde não resiste e fecha

A crise vivida pelo Jornal da Tarde, do grupo Estado, revela os motivos da linha editorial agressiva anti-lulista de parte da grande imprensa brasileira. Em queda livre em número de assinantes e vendas em bancas de jornal, a grande imprensa escrita perdeu recursos importantes durante o período lulista. O governo federal decidiu pulverizar as verbas publicitárias pelo país afora, injetando recursos em rádios e jornais do interior.
Interessante que os dois jornais que inovaram em termos de layout e linha editorial no país contemporâneo (JT e JB) fecharam suas portas recentemente. O JT focava sua linguagem no consumidor de classe média paulista, traduziu o economês para uma leitura das condições de consumo do leitor. A própria arquitetura da redação do JT inovou ao banir as divisórias que formavam "aquários" por editoria e instalou mesas em formato de meia lua. Fui "foca" do JT e aprendi, entre outras coisas, que muitas vezes anotar a cor da gravata de um entrevistado é mais atrativo que só descrever o que ele dizia. Estes detalhes "impressionistas" faziam da redação deste veículo uma joia que se cuidava com muito respeito. As matérias especiais eram ainda mais cortejadas pelos editores. Lembro, inclusive, de um fotógrafo do JT que fez campana durante dias para tentar tirar uma foto de um novo modelo de carro que estava fechado a sete chaves por uma montadora até que conseguiu o furo.
Tenho impressão que somente na Era Getúlio a grande imprensa e a política estiveram tão entrelaçadas como hoje. O fechamento do JT pode explicar o porquê.

Jornal da Tarde não resiste e fecha
Depois da Gazeta Esportiva e do Jornal do Brasil, que migraram para a internet, o Jornal da Tarde também não resiste e sua última edição circulará nesta quarta-feira (31), após 46 anos de fundação
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O anúncio foi feito nesta segunda-feira (29) pelo Grupo Estado, que edita o diário, fundado há 46 anos. O objetivo da decisão é “o aprimoramento do foco estratégico” da empresa, diz nota publicada no site do grupo.
De acordo com o Grupo Estado, o objetivo é investir na marca Estadão com uma estratégia multiplataforma integrada (papel, digital, áudio e vídeo e mobile), para levar maior volume de conteúdo a mais leitores, sem barreira de distância e custos de distribuição (clique AQUI).
O Jornal do Carro, suplemento publicado pelo JT, será incorporado pelo Estadão. A partir de 7 de novembro, o novo Jornal do Carro será a nova marca dos Classificados de Autos do Estadão. A seção será publicada também às quintas, sábados e domingos, e será uma plataforma multimídia de alcance nacional.
Nas últimas semanas, rumores davam conta do fim do jornal e desde a semana passada um abaixo-assinado circula na internet contra o encerramento do diário.
O fechamento do JT não é o primeiro caso de jornal que deixa de circular por problemas de custo. Em novembro de 2001, a Gazeta Esportiva anunciou o fim de sua edição impressa e publicação de todo seu conteúdo no site do jornal. Em agosto de 2010 foi a vez do Jornal do Brasil anunciar o fim de sua edição impressa, em setembro daquele ano. Seu conteúdo passou a circular na internet, com cobrança de assinatura mensal.

Um comentário:

AF Sturt Silva disse...

Como vc ver o sucesso de jornais como o Super Notícia? A imprensa escrita diária estaria caminhando para esse tipo de coisa, já que a net é muito mais rica do que os jornais impressos. E boa parte da classe C/pobres não tem acesso a net, assim lê, se lê, jornais como SuperNotícia, Extra etc...E não jornais mais caros como a Folha, O globo e muito de menos, fo tipo progressista como Valor economico...