É para festejar. Se foi uma guinada em função da crise ou não, pouco importa. Mas a decisão de Raúl Castro em diminuir as restrições que o Estado impunha aos cubanos para viajar ao exterior é, talvez, o sinal mais significativo da abertura política da ilha.
A nova lei migratória entra em vigor no dia 14 de janeiro e é meia-sola, já que não incluí médicos, pesquisadores, atletas e opositores. O governo admite perder talentos. No mais, será dispensada a famigerada autorização prévia e carta-convite. E também se autorizará ausência do país por dois anos.
Raúl Castro já demonstrava, desde que assumiu o poder em Cuba, que faria mudanças. Havia, ainda, expectativas em função de sua família, esposa e filha, que são muito mais engajadas na luta pelos direitos civis e faziam críticas à estrutura de poder fechada e restritiva (caso, por exemplo, da perseguição do Estado aos homossexuais cubanos).
Não chega a ser a queda do Muro de Berlim. Mas deve ter o mesmo impacto que se informassem que a Coppelia, "la catedral del helado", estivesse fechando suas portas.
4 comentários:
Nossa, suas análises sobre Cuba são peculiares.
Mas essa é só mais uma medida que está entre um conjunto de medidas para atualizar o socialismo cubano ou modelo socio-economico.
As novas leis de migração vai facilitar o troca de mercadorias e experiências com um mundo. É medida pra fortalcer o mercado cubano e economia cubana. Não se trata de medida do Raúl, é medida do governo.
Não é bem assim, Sturt. Posso lhe dar informações detalhadas de como a família de Raúl Castro é muito mais progressista que sob o manto do Fidel. Não há nem comparações. A filha é defensora árdua dos homossexuais e extremamente crítica ao estilo "instituições fechadas" (totalmente atrasadas, diga-se de passagem) do castrismo. A esposa de Raúl é uma feminista conhecida e também muito crítica ao estilo fechado. É mudança política, não se iluda. Esta tese de melhorar a economia é discurso do Granma, chapa branca. Se fosse assim, por qual motivo já não teriam decidido isto antes?
Eu sei que a família do Raul é progressista, no sentido liberal da palavra. Mas Mariela por exemplo faz a luta contra homofobia e racismo dentro das diretrizes do PC. Claro que não fizer assim seria ilegal. Mas mesmo assim ela fica presa nos limites que o partido e governo(quadro que não mudou muito desde saída de Fidel) coloca sob essas questões.
Tenho dificuldade de entender quando coloca que quem dirige a mudança (talvez a mais importante na ilha nos últimos anos, esquecendo as da décadas de 90) é a família "Castro" e não uma "burocracia", agora facções brurocráticas.
Alias esses analistas internacionais que adora demonizar Cuba , chamar seu "modelo democrático" de "totalitário", acha que quando fala-se em racha, ou falta de unidade, tem que ser entre Fidel e Raúl, da alta direção. Mas desde de 90 a configuração mudou...Até tem uma (pequena) burguesia, e com poder, em alta.
Alias, Cuba tá cheio de neoliberais, eles querem o fim do bloqueio, abertura ao mercado externo, exploração dos recursos não explorados, aumentos dos salários e aumentar seus lucros, nas concessões do setor público para o privado.
Claro que a medida é progressista e pode não estar vinculada diretamente a economia, mas que é mudança está dentro do projeto político-economico do PC (principalmente dos generais ligado ao turismo e aos setores de comercio internacional) para tonar Cuba num novo "Emirados",acho que não tem como negar isso.
Mas as medidas do Raúl e do IV congresso o Fidel já não tinha começado em 2006? Como explicar as últimas declarações dele, como a 2005?
"instituições fechadas" atrasadas. Atrasado é: detonar as instituições que deram soberania nacional a Cuba, projetou as principais conquistas sociais da revolução e ainda dar sua direção ao mercado e a uma burguesia nacional já bem estruturada.
Só mais uma coisa, vc tá achando que Cuba sob Raúl vai adotar o multipartidarismo e os principais elementos de uma democracia liberal-burguesa?
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