Deixei de comentar um outro impacto sobre a grande imprensa: a perda de importância do consumo da classe média tradicional. Com a emergência do mercado consumidor de massas no Brasil contemporâneo (fenômeno acentuado na última década), os editoes entraram em parafuso. Um investidor teria qual ganho com as publicações tradicionais? Atinge o consumidor de elite com jornais diários? Ou arrisca ampliar seu mercado e conquistar o consumidor de baixa renda que se revela mais voraz e fiel? Se opta pelo consumidor popular de massas, os impressos perdem interesse porque este consumidor não lê. Rádio e TV ou mesmo contato direto nas ruas são mais promissores. Nos anos 1990 (em especial, no final da década), parte da grande imprensa já tentava dar uma guinada para uma linha editorial mais popular, caso do Extra (RJ), Agora São Paulo (SP), Folha de Pernambuco (PE), Primeira Hora (MS), Notícia Agora (ES), Expresso Popular (SP), Diário Gaúcho (RS). Super Notícia e Agora surgiram em Minas Gerais. Dez jornais populares de grande ciruclação lideram as vendas no Brasil. Segundo a Marplan, Extra lidera com 3 milhões de leitores. O JT tentou entrar nesta fatia, mas capitulou.
Enfim, sem verbas publicitárias e se limitando ao leitor tradicional da grande imprensa que não é mais tão atrativo aos investidores privados como no século passado, a grande imprensa escrita morde seu próprio rabo. Parafraseando a mensagem implícita da ilustração desta nota, a elite dos 500 jornais impressos do país se cristaliza como o "eterno imutável".
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