Começou a maratona. Semana de eleição é semana de muito trabalho para cientista político. Nos últimos dois dias, jornais (O Tempo, Hoje em Dia, Estado de Minas), rádios (UFMG, Itatiaia, Band RJ, Novo Tempo), revistas (Fórum) tvs (TV Assembléia, TV OTempo) e portais me questionam sobre o efeito do julgamento do mensalão e sobre os resultados das eleições municipais. Vou resumir o que penso:
a) O sistema partidário sai das eleições completamente roto. Não sobra quase nada. Não há coesão alguma e os partidos revelaram muitas rupturas internas, fruto desta lógica da coalizão de governo, onde a fila de partidos "aliados" faz sombra imensa sobre o partido majoritário;
b) Para piorar, as campanhas foram frouxas, sem propostas, cada vez mais marcadas pelo marketing inodoro e incolor. Todos se parecem e o que havia de pitada de novidade no espectro partidário mergulhou num poço fundo;
c) Se alguém sairá vitorioso, não será um partido (tenho a impressão que da eleição sairá um mosaico de partidos, sem definição clara), mas um neocoronel. No caso, Eduardo Campos (não necessariamente seu partido, que terá prefeitos eleitos que dificilmente conseguiriam ir além de uma foto juntos). Aécio deve sair vitorioso em Minas Gerais, com algumas fissuras (vários analistas acreditam, contudo, que esta vitória o coloca ainda mais para a volta ao governo do Estado e menos na campanha presidencial). O lulismo sai ferido, depois do petismo crescer de maneira vertiginosa, até tornar o partido um dos grandes. A possível ida de Haddad para o segundo turno pode se tornar o maior prêmio de consolação para o partido;
d) Finalmente, o mensalão. Impacto quase nulo. Para desespero dos editores de política da grande imprensa brasileira que ainda olham o mundo pelos óculos da classe média tradicional. Aquela que não define mais opinião alguma de relevo. Nem mesmo sobre lançamento de produtos pelo mercado.
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