Campanha nas ruas
2013 está sendo aberto pela ventania de 2014. A presidente Dilma Rousseff decidiu sair da toca. Começou a campanha da reeleição pelo Nordeste. Coisa planejada. Pois é a região que melhor avalia o desempenho da mandatária, na esteira de grande admiração que o povo tem por Lula, considerado pelos nordestinos O Pai dos Pobres. Dilma, nos últimos dias, correu Estados, olhando canteiros de obras, puxando a orelha de gestores, vestindo gibão de couro, abraçando um, cochichando com outro. A visita ao NE faz parte de sugestões feitas por Lula.
Destravamento da gestão
Diz-se, à boca pequena, que Lula teria aconselhado sua pupila a destravar a gestão. São evidentes os sinais de que a administração federal está emperrada. De cerca de 80 obras ligadas à Copa, apenas umas 5 estariam atendendo ao cronograma. Há queixas contra o estilo centralizador da presidente. O medo campeia na Esplanada dos Ministérios. Ministros temem tomar decisões, principalmente quando estão envolvidos altos volumes de verbas. A liturgia da benção é cobrada com muito rigor : os pedidos entram pelos vãos da Casa Civil, sobem aos olhos da ministra Gleisi, que consulta seus técnicos e, depois de tudo isso, caem sobre a mesa da presidente.
Quem manda na fazenda ?
O empresariado, à vista do calendário defasado de obras e contemplando as querelas internas no Ministério da Fazenda, põe o pé no freio. Os investimentos entram em refluxo. Quem manda na Fazenda ? Guido Mantega ? Não é a percepção dos empresários. Nelson Barbosa, o secretário-executivo ? Pode ser, mas, nos últimos tempos, o Arno Augustin (é o que se ouve) passou a ser a extensão do pensamento da presidente. Há uma disputa intestina em torno da cadeira hoje ocupada por Mantega. Barbosa seria o sucessor natural, mas teria perdido a força extraordinária acumulada ao longo dos últimos anos. Há quem veja em Nelson Barbosa uma faceta mais ligada ao mercado; e há quem identifique em Augustin a faceta colada no Estado mais intervencionista.
Dilma e os empresários
Um dos conselhos de Lula para Dilma teria como foco articulação mais intensa da presidente com os empresários. De fato, nas últimas semanas, observou-se uma agenda mais voltada para setores produtivos. Grandes empresários teriam sido convocados para uma conversa com a presidente, sob temáticas abrigando investimentos, infraestrutura, concessões, PPPs, etc.
Campos desenha a esfinge
Também é fato que o governador Eduardo Campos, de PE, que preside com mão de ferro o PSB, abriu agenda de articulação com o alto empresariado nacional. Estaria buscando apoio e simpatia para sua eventual candidatura à presidente da República em 2014. Campos foi o maior beneficiário do pleito municipal. Seu partido pode ser considerado o maior vitorioso. Conta, hoje, com cerca de 500 prefeituras. E domina espaços importantes, inclusive algumas capitais. Pernambuco, por seu lado, foi transformado, no ciclo lulista, em grande canteiro de obras. Daí a boa avaliação interna do governador socialista. Que aprecia vestir-se de esfinge.
Morde e assopra
Eduardo Campos morde e assopra. De um lado, faz fortes críticas às diretrizes econômicas da administração federal, assume a vanguarda da luta pela repactuação da Federação - visando maior equilíbrio entre os entes federativos - pede mais agilidade no processo decisório. De outro lado, reafirma seu apoio incondicional (?) à reeleição da presidente Dilma em 2014. E lembra : a porta deve ter uma fresta aberta para permitir eventual voo próprio em 2014. O que segura Eduardo Campos na base governista é a interrogação que se faz sobre os horizontes econômicos. Se a locomotiva descarrilar, ele pulará fora do trem e sairá como candidato em 2014. Se o bolso das massas continuar suprindo bem o estômago, Dilma não será abalada. Nesse caso, o neto de Miguel Arraes permanecerá no trem situacionista. Com os olhos contemplando a paisagem de 2018.
Aécio e Eduardo
Fala-se também numa chapa envolvendo Aécio Neves e Eduardo Campos. Seria possível ? Em política, tudo é possível. Ocorre que Eduardo Campos teria melhores chances como cabeça de chapa do que Aécio Neves. Agregaria mais partidos situacionistas. Aécio ficaria sob o escudo exclusivo do PSDB. Até o DEM pensa em abandonar a parceria com os tucanos. Agora, para Eduardo Campos, o melhor cenário seria o de quatro candidaturas : a situacionista (Dilma), a oposicionista (Aécio), a dele, com uma marca de independência no meio, e uma alternativa, como a da Marina Silva, por exemplo. Claro, esse cenário só seria favorável a ele na perspectiva de uma economia no fundo do poço.
11 comentários:
Rudá, em um cenario de economia no fundo do poço (e caminhamos para ele), a grande vantagem seria de Aécio Neves, ele consegue agregar muitas lideranças políticas, empresarias e artisticas em todo de sua candidatura, nesse cenario, agregaria ainda mais.
Minha aposta é em Aécio Neves Presidente em 2014.
Administração federal emperrada, investidores com medo de investir. O atual governo não vai nada bem, o que abre caminho para o PSDB. Aécio já possui bagagem de lideranças políticas e conhecimento de projetos de gestão, o que está faltando atualmente para a presidente. Aécio Neves 2014!
Já está na hora de mudarmos a cara da presidência, pois o governo da Dilma não está muito firme, deixando a economia e outros setores enfraquecidos. Aécio é um forte candidato para a presidência de 2014, pois vem mostrando vontade e malemolência na política. Aécio Neves 2014!!!
Já está na hora de colocar uma cara nova no PSDB né. Aécio Neves vem mostrando vontade e malemolência na política. Aécio Neves presidente.
Não acredito que o PSDB está tão fraco como diz! É certo que o PT também não está com tanta vantagem assim! A mais de 10 anos no poder muitos já se desiludiram com as promessas do pai dos pobres e seu partido, um exemplo disso é a transposição do São Francisco, está completamente esquecida!
Aécio tem chances reais sim!
É como Aécio Neves coloca para ter uma boa qualidade da gestão publica, a descentralização da distribuição dos recursos. Precisamos refundar a Federação no Brasil. Estamos vivendo quase um estado unitário tamanha a concentração de receitas em poder da União que fragiliza estados e municípios.
"O governo usa um conceito orçamentário que não tem muito significado econômico. Nesse conceito se inclui até novas dívidas como receitas. As contas públicas são irreais", disse. "Sem essas operações de crédito, os superávits se transformam em déficits." Isso foi dito por Aécio Neves, nesse novo contexto político, ele é o mais preparado para 2014.
Amigos,
Serei franco com vocês. Não vejo a menor chance para Aécio Neves nas eleições presidenciais de 2014. Estou sendo frio na análise e indico os motivos para esta avaliação pessoal:
a)Aécio tem no PSDB de SP um obstáculo e tanto. Não preciso dizer que serristas (encrustados no governo estadual e em várias prefeituras paulistas) farão o máximo para matar o aecismo no ninho;
b) Aécio não consegue entrar no nordeste. E Eduardo Campos será candidato ou vice de Dilma. Neste caso, tendo Marina atraindo jovens, esvaziará a candidatura de Aécio;
c) o discurso de Aécio está anacrônico. Falar em gestão moderna é pouco para o Brasil, que possui muitas dificuldades a superar (matriz energética, modernização da infraestrutura, consolidação das políticas sociais e estabilidade do consumo, aumento da poupança interna etc). Privatização é agenda que coloca em pânico os consumidores emergentes que perceberam que sem Estado, ficariam na pobreza.
Enfim, felicito o engajamento de vocês, mas não posso iludí-los: Aécio é um líder mineiro que dificilmente conseguirá sair do cerco das montanhas.
Rudá, vamos aos pontos que você especificou:
a) Serra sabe que não será mais candidato a Presidente, agora é se aposentar politicamente ou ir para o Senador, ele sabe que se Aécio vencer, terá espaço na explanada para ele e para aliados que ele HOJE não consegue mais agradar pela falta de poder.
b)
me diz UM estado que o Aécio não tenha desde já grandes aliados no Nordeste?
ACM e Geddel na Bahia;
Tasso no Ceará;
Firmino no Piaui;
Cassio Cunha Lima e Lucena na Paraiba;
Teotonio e Palmeira em Alagoas;
Daniel Coelho e Guerra em Pernambuco;
Maria do Carmo e Alves Filho no Sergipe;
c) O Governo Dilma ainda não tem uma cara, ainda não tem um discurso, a base se desfragmentará com Campos candidato, Parte do PMDB com certeza irá com Aécio também... o jogo está sendo jogado e Aécio tem MUITAS chances de ser eleito no próximo ano.
Maura,
Interessante sua análise. Mas eu faria algumas ponderações:
1) Não se trata da figura de Serra, mas dos serristas, que são muitos. Não sei se você conhece o modo paulista de fazer política. Não se ligam muito a nomes, mas à rede de favores ou favorecidos. E são muito raivosos e até agressivos. Sem muita conversa, digamos. Os serristas e os alckmistas se odeiam e disputam cada palmo do controle tucano. Imagine paulistas e mineiros?
2) Se Aécio vencer, o PSDB muda de mãos, mesmo abrindo espaço no governo federal para paulistas (o que seria certo). A tendência seria paulatinamente o PSDB paulista se encolher e isto é inaceitável para qualquer político paulista, acredite. Se mineiro é generoso, como sua análise sugere, não é este o caso de paulista;
3)Todos Estados. Geddel tem cargos do governo federal, e o governador da Bahia é do PT. Piauí é PT. Pernambuco é Eduardo Campos. Ceará está com Cid e um pouco com o Ciro. Maranhão está nas mãos de lulistas. No nordeste, de qualquer maneira, o que conta é Pernambuco e Bahia.
me diz UM estado que o Aécio não tenha desde já grandes aliados no Nordeste?
Você indica políticos marginais na política nordestina. Tanto é verdade que Aécio praticamente não é citado no nordeste (ver pesquisa Datafolha). Não dá para brigar com os fatos;
3) O governo Dilma não terá cara e faz administração de crises. Mas já atingiu um patamar de popularidade na rasteira do lulismo que dificilmente será batido. O fato é que você analisa nomes e eu estou analisando grupos e articulações. O lulismo, que é uma ampla articulação que não se resume à liderança petista, destruiu as bases da oposição, que está absolutamente frágil. Aécio não tem centrais sindicais, ongs, igreja e voto de pobres. Para piorar, não tem condições alguma de fazer frente aos cargos e recursos do governo federal, que alicia todos partidos, principalmente os que não possuem programa ou que dependem de cargos comissionados para ter operadores da política profissionalizados. O que Aécio fez em MG, o lulismo fez no país todo.
Sei que o que estou postando não deve agradar em nada, mas é importante balancear os dados e avaliar com equilíbrio. Caso contrário, pode acabar sendo um mero desejo, sem base concreta na realidade. E política não é desejo. É, antes de tudo, planejamento.
Militantes aecistas resolveram invadir o post todos de uma vez(parece até estratégia).
Quero ver o que Aécio vai explicar por sua posição contraria de baixar a energia. A FIESP está irada com o Alckmim, se a FIEMG tivesse a mesma relevância agiria igual com Aécio-Anastasia.
A direita no Brasil é contra energia barata e preço da gasolina congelado, se essa informação chega aos EUA, os Republicanos dariam risada.
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