segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Josias de Souza sugere inapetência da oposição ao lulismo

O blog de Josias de Souza (na UOL, ver AQUI ) publica nota avaliando o modo de agir das oposições ao lulismo no Congresso Nacional. Destaca o adesismo puro à candidatura de Renan Calheiros (PMDB) à Presidência do Senado. DEM e PSDB (incluindo, surpreendentemente, o candidato Aécio Neves) se juntam à farra da candidatura oficial. Destaco uma passagem da nota:



No Senado, Renan tornou-se pule de dez sem precisar nem mesmo se declarar candidato. Crivado de acusações e denunciado pela Procuradoria no STF, o senador relaciona na sua planilha de votos a totalidade dos colegas do DEM e o grosso da bancada do PSDB. Aécio Neves, o senador e presidenciável tucano, finge-se de morto. A cinco dias da eleição, ainda não abriu o bico. Podendo aproveitar a desqualificação do situacionismo para se qualificar perante o eleitor, a oposição prefere o papel de cúmplice. Fica entendido que não há como distinguir os bons dos maus. Atirando-se um oposicionista e um governista num tanque de lodo, os dois deslizarão da mesma maneira. A indistinção e a cumplicidade confortam Dilma. Amanhã, quando o melado escorrer, ela dirá que não fez senão o que todos os antecessores faziam. Um programa mínimo de ação pré-eleitoral não daria à oposição a certeza da vitória. Mas talvez impedisse que seus líderes gastassem energias alvejando-se uns aos outros –como recomeçam a fazer Aécio e José Serra. De resto, evitaria a lamentação depois do fato, outro esporte preferido da intelectualidade tucana.
Venho procurando analisar esta lógica que passa a ser de estrutura de Estado, no caso brasileiro. A situação e oposição se acomodaram ao apartamento radical da dinâmica social das ruas e conformam uma espécie de "lealdade tácita" que só ganha cores vivas em período eleitoral, apenas para valorizar o cacife ou definir quem administra esta estrutura. O fato é que municípios são comandados por vereadores e deputados federais (ponta de uma importante articulação neoclientelista), que comandam prefeituras e se insinuam nos escaninhos de ministérios, provendo governos locais de projetos e convênios. Executivos e legislativos se tornam um mesmo poder, que se chantageiam diariamente, sempre acabando em pizza. Quando o angu desanda, surge invariavelmente um escândalo nacional. Não por outro motivo, os escândalos sempre giram ao redor de algum personagem atolado desde criancinha nesta ciranda e que perde a cabeça, humilhado pelo Rei ou desfenestrado do pódio. A denúncia mais grave vem sempre dos porões desta estrutura.
Governos oposicionistas e situacionistas nunca foram tão iguais.  Na forma, na lógica, na estampa.

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