Começa que é um filme de Tarantino. Cinema autoral, portanto. Com direito à cérebro explodindo logo no início. E algumas referências ao western italiano (tanto música, quanto aquela aproximação, em quadros, do rosto do protagonista, numa clara citação de Django, de 1966).
É mais politizado que Lincoln, gera mais revolta no espectador, mesmo porque, o filme de Spielberg trata das tramas entre políticos profissionais (a velha Corte) e o de Tarantino desce do Planalto e retrata o jogo na sociedade. É muito mais familiar.
Tarantino chega a esnobar e cita até Alexandre Dumas, que era neto de uma escrava. Aliás, quem o cita é o Dr. King Schultz (interpretado pelo cínico Christoph Waltz), um dentista alemão que mata para recolher recompensas da justiça dos EUA. Tarantino trouxe, então, a civilidade européia para se contrapor à democracia meia sola norte-americana. Há, ainda, vários contrapontos, como a discussão do que seriam criadores da KKK, envolvendo a produção pouco caprichada do capuz (um dos militantes, mais ponderado, sugere, ao final, que deixem de lado o capuz, apenas nesta primeira vez, e só retornarem a ele depois de melhor produzido). Outro contraponto é o serviçal interpretado por Samuel Jackson. E tem, ainda, Di Caprio em ótima forma e até Tarantino que termina voando em pedaços.
Começo a achar que o maior impacto da eleição de Obama está nas artes.
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