Ed Alves |
O projeto Onda - Adolescentes em Movimento pelos Direitos foi escolhido, entre 2.922 projetos, finalista regional para concorrer ao 9º Prêmio Itaú-Unicef. A iniciativa do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) representa, com outras três, o Polo Regional Goiânia, que reúne os participantes do Centro-Oeste.
Desde 2008, o Inesc investe na formação de alunos de escolas públicas com idade entre 13 e 18 anos por meio de oficinas, seminários, produção de material informativo e excursões ao Congresso. O objetivo é formar uma juventude consciente de sua influência na esfera pública em contexto onde prevalece o distanciamento entre o cidadão e o Estado.
O processo
Márcia Acioli, coordenadora do projeto, vai às escolas, apresenta o Onda e convida os alunos a se voluntariarem. As atividades começam com uma primeira semana de oficinas e se estendem com eventos promovidos ao longo do ano. “Hoje são mais de 500 alunos mobilizados. A sede de conhecer e atuar sobre a realidade é muito grande”, relata.
Durante a formação, desenvolvem-se três blocos de oficinas: direitos da criança e do adolescente e orçamento público; direito à educação de qualidade; e justiça ambiental. Cada bloco é composto de quatro ou cinco encontros, em que são apresentados os temas. Nas oficinas, os alunos têm a liberdade para descrever problemas da comunidade e abordar temas políticos e sociais.
Ao entrarem em contato com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), eles descobrem quais dos seus direitos estão sendo negados e começam a pensar maneiras de assegurá-los. Márcia conta como o desconhecimento das leis se transforma em indignação: “A gente apresenta o ECA e eles percebem que grande parte dos problemas não ocorreria se ele fosse respeitado”, afirma.
O projeto continua com seminário sobre processo legislativo para tratar do papel da sociedade civil diante do parlamento e dos trâmites das propostas; evento chamado Cinema e Política, em que é discutido um tema político por meio da abordagem de filmes; oficina de comunicação e oficina de educação ambiental.
No Cinema e Política deste ano, o tema é sexualidade no direito. De acordo com Márcia, o enfoque será a homofobia, já que o preconceito contra homossexuais é recorrente nas escolas. Para a oficina de educação ambiental, os adolescentes que moram perto do Rio São Bartolomeu escreveram um boletim de denúncia da negligência do Governo do Distrito Federal com o orçamento de preservação do meio ambiente.
Por fim, eles têm a oportunidade de registrar todo o aprendizado na revista Descolad@s, cujo conselho editorial, formado pelos adolescentes, desenvolve os textos e o projeto gráfico. Leiliane Miranda, 16 anos, garante que, mesmo a publicação sendo anual, tem muito trabalho. A aluna do Cean, que participa do conselho, escreveu uma matéria sobre violência e drogas. “No início era muita informação e cada site dizia uma coisa. Depois tivemos entrevistas e nós conversamos com alunos que usavam drogas para saber se isso influenciava na escola”, afirma.
As escolas participantes situam-se em diferentes regiões do DF, onde prevalece a exclusão social (veja lista). Segundo a coordenadora Márcia, é mais produtivo permanecer um tempo em uma escola que promover ações pontuais em vários colégios. Isso porque eles tentam aprofundar o debate e acompanhar a participação dos alunos em movimentos. “Temos adolescentes envolvidos em lutas nacionais, como a do comitê de combate à violência sexual de crianças e adolescentes, do movimento estudantil e afrodescendente.”
Resultado
O amadurecimento intelectual dos alunos se reflete na faculdade, quando eles apresentam uma carga de conhecimento maior por já terem discutido os temas, recorrentes no meio acadêmico. Pedro Henrique Torres, 19 anos, é estudante do 6º semestre de letras-português na UnB. Mesmo concluído o ensino médio, ele optou por continuar no projeto. "Tivemos uma formação sólida em direitos humanos para compreender o vínculo entre Orçamento Público e políticas públicas”.
Pedro lembra que, desde 2007, eles têm levantado o Orçamento da Secretaria de Estado de Educação para verificar como estão os investimentos no DF. “Por meio de monitoramento sistemático e pressão política, conseguimos, na Lei Orçamentária Anual de 2009, mediante audiência pública, assegurar R$ 2 milhões para investir na construção e reforma de escolas públicas do DF”.
Pedro Torres mantém-se engajado no projeto, mesmo após concluir o ensino médio.
Desde 2008, o Inesc investe na formação de alunos de escolas públicas com idade entre 13 e 18 anos por meio de oficinas, seminários, produção de material informativo e excursões ao Congresso. O objetivo é formar uma juventude consciente de sua influência na esfera pública em contexto onde prevalece o distanciamento entre o cidadão e o Estado.
O processo
Márcia Acioli, coordenadora do projeto, vai às escolas, apresenta o Onda e convida os alunos a se voluntariarem. As atividades começam com uma primeira semana de oficinas e se estendem com eventos promovidos ao longo do ano. “Hoje são mais de 500 alunos mobilizados. A sede de conhecer e atuar sobre a realidade é muito grande”, relata.
Durante a formação, desenvolvem-se três blocos de oficinas: direitos da criança e do adolescente e orçamento público; direito à educação de qualidade; e justiça ambiental. Cada bloco é composto de quatro ou cinco encontros, em que são apresentados os temas. Nas oficinas, os alunos têm a liberdade para descrever problemas da comunidade e abordar temas políticos e sociais.
Ao entrarem em contato com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), eles descobrem quais dos seus direitos estão sendo negados e começam a pensar maneiras de assegurá-los. Márcia conta como o desconhecimento das leis se transforma em indignação: “A gente apresenta o ECA e eles percebem que grande parte dos problemas não ocorreria se ele fosse respeitado”, afirma.
O projeto continua com seminário sobre processo legislativo para tratar do papel da sociedade civil diante do parlamento e dos trâmites das propostas; evento chamado Cinema e Política, em que é discutido um tema político por meio da abordagem de filmes; oficina de comunicação e oficina de educação ambiental.
No Cinema e Política deste ano, o tema é sexualidade no direito. De acordo com Márcia, o enfoque será a homofobia, já que o preconceito contra homossexuais é recorrente nas escolas. Para a oficina de educação ambiental, os adolescentes que moram perto do Rio São Bartolomeu escreveram um boletim de denúncia da negligência do Governo do Distrito Federal com o orçamento de preservação do meio ambiente.
Por fim, eles têm a oportunidade de registrar todo o aprendizado na revista Descolad@s, cujo conselho editorial, formado pelos adolescentes, desenvolve os textos e o projeto gráfico. Leiliane Miranda, 16 anos, garante que, mesmo a publicação sendo anual, tem muito trabalho. A aluna do Cean, que participa do conselho, escreveu uma matéria sobre violência e drogas. “No início era muita informação e cada site dizia uma coisa. Depois tivemos entrevistas e nós conversamos com alunos que usavam drogas para saber se isso influenciava na escola”, afirma.
As escolas participantes situam-se em diferentes regiões do DF, onde prevalece a exclusão social (veja lista). Segundo a coordenadora Márcia, é mais produtivo permanecer um tempo em uma escola que promover ações pontuais em vários colégios. Isso porque eles tentam aprofundar o debate e acompanhar a participação dos alunos em movimentos. “Temos adolescentes envolvidos em lutas nacionais, como a do comitê de combate à violência sexual de crianças e adolescentes, do movimento estudantil e afrodescendente.”
Resultado
O amadurecimento intelectual dos alunos se reflete na faculdade, quando eles apresentam uma carga de conhecimento maior por já terem discutido os temas, recorrentes no meio acadêmico. Pedro Henrique Torres, 19 anos, é estudante do 6º semestre de letras-português na UnB. Mesmo concluído o ensino médio, ele optou por continuar no projeto. "Tivemos uma formação sólida em direitos humanos para compreender o vínculo entre Orçamento Público e políticas públicas”.
Pedro lembra que, desde 2007, eles têm levantado o Orçamento da Secretaria de Estado de Educação para verificar como estão os investimentos no DF. “Por meio de monitoramento sistemático e pressão política, conseguimos, na Lei Orçamentária Anual de 2009, mediante audiência pública, assegurar R$ 2 milhões para investir na construção e reforma de escolas públicas do DF”.
Pedro Torres mantém-se engajado no projeto, mesmo após concluir o ensino médio.
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