terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Chuva em BH: onde está o prefeito?

Ontem, a Defesa Civil registrou mais de 200 ocorrências em toda Belo Horizonte por conta das chuvas fortes. Foram 43 deslizamentos e 19 desabamentos). Hoje, 9h30, já foram registradas mais de 30 ocorrências. Os bairros do Barreiro (tradicional bairro operário), Caiçara (onde o solo não beneficia a absorção de água), Buritis... a lista é grande. No Caiçara, um desabamento matou um homem de 38 anos. O que precisa mais para o prefeito aparecer? Estava, ontem, no seu gabinete. Aqui reside a diferença entre um gestor de tipo empresarial e aquele que aprendeu o que é ser líder político.
Rudolph Giuliane, quando prefeito de Nova Iorque, vestia seu colete e visitava as áreas em crise que afetava sua cidade. O que isto diz para a população? Que ele está presente, se solidariza, assume a responsabilidade de líder. O que ocorre na sua cidade é responsabilidade dele.
A presença é um importante fator psicológico que ajuda as pessoas a superarem uma perda. Para uma população cristã como a brasileira, está cravada na memória e expressa na parábola do Bom Pastor, aquele que era identificado pelas ovelhas apenas pela voz (porque esteve sempre presente).
Marcio Lacerda poderia ir além: poderia convocar igrejas, associações de bairro e fazer visitas coletivas às áreas afetadas. Poderia organizar os jovens de Belo Horizonte para auxiliarem a Defesa Civil. Seria uma lição de cidadania.
Mas aqueles que acreditam em gestão pública como empresa, ficam no seu gabinete. São racionais em demasia. Nunca pensam em pegar a bola do fundo do gol e colocá-la embaixo do braço para dizer, sem pronunciar uma palavra, que vai liderar a reação. E recuperar a dignidade.

6 comentários:

Júnior ... D. Eskelsen disse...

Na verdade isso revela alguém que
não tem compromisso real. Quantos
não gostariam de estar no lugar dele para poder fazer algo a mais
por esse povo; povo que ama BH mas
parece um amor não correspondido.

Só posso sentir muito e perguntar:
em quem posso contar para as eleições deste ano?

m.garcia disse...

Desculpe, mas isso nada tem a ver com o esteriótipo de Gestor Empresarial. Muito pelo contrário. As novas teorias de administração já colocaram em voga este tipo de comportamento.

Rudá Ricci disse...

M. Garcia,
Este argumento de autoridade não funciona já que há uma vasta literatura a respeito. O conceito de gestão empresarial no serviço público nasceu nos anos 1980 no Reino Unido. E o Brasil copiou equivocadamente. Aqui em MG começou com Sistema 4S na educação: um redundante fracasso. Daí foi uma festa. Empresário sempre foi um péssimo gestor público. Está na hora de começarmos a analisar as divergências evidentes entre as duas dimensões administrativas.

Ligando as avenidas disse...

Rudá,

vc poderia indicar algum leitura com considerações acerca dos problemas de um perfil técnico/gerencial/empresarial na gestão pública?
Gosto desse tipo de discussão do ponto de vista das tensões entre burocracia (sentido weberiano) e democracia. Ou seja, do conflito entre esses duas formas de poder, vamos dizer, coetâneas e concomitantes.

Um abraço,

Ligando as avenidas disse...

Aproveito a oportunidade para destacar que no próprio Weber o fenômeno burocrático era tido como um fato inexorável tanto nas organizações públicas quanto nas privadas. Em outras palavras, o sociólogo alemão discute a possibilidade da existência de profissionais técnicos e expertos nas grandes empresas privadas e também nas organizações públicas.

Weber ainda destacou que esse mundo "gerido" pelos expertos é uma consequência da democracia, uma vez que o nivelamento dos indivíduos não comporta ações do tipo patrimonial ou carismático na gestão organizacional.

Bem essa é a formula geral. Uma administração pública tradicional (burocrática/keynesiana) e até mesmo algumas vertentes da NGP (resultados/liberal) comungam com essa fonte. Gostaria, assim, que você indicasse algumas leituras e/ou problematizações sobre o problema dos expertos/técnicos/"mentalidade" empresarial na coisa pública. Trata-se de um debate pelo qual tenho grande apreço e imagino que a sua contribuição pode ser inestimável.

Um grande abraço,

Ricardo Souza disse...

Nosso prefeito conhece a fundo (o mapa de) BH. No trajeto Lagoa dos ingleses/prefeitura aconteceram algumas intervenções as quais seriam a deixa para o prefeito "dar as caras"... nem assim...