A Folha de São Paulo publicou, hoje, importante caderno sobre as classes sociais no Brasil. O Datafolha adotou critérios subjetivos para definir as classes, todos focados na crença liberal de organização social. Estrato de renda, padrão de consumo e grau de instrução estão, todos, nas cartilhas liberais. O critério educacional é o mais inovador (frente a outros institutos de pesquisa), mas também subjetivo e arbitrário. O que leva o jornal a confundir causa com efeito. Na manchete de hoje, sustenta que o nível de escolaridade define a classe social. Mas poderia afirmar justamente o inverso: que as classes sociais mais abastadas têm maior acesso aos níveis mais elevados de instrução ou até mesmo que valorizam mais a educação formal. Porque os inúmeros dados disponíveis não indicam que instrução maior se relacione com mais oferta de emprego ou aumento real de salário no Brasil dos emergentes. Muito ao contrário.
A despeito desta crítica, considero um dos maiores e melhores esforços analíticos da nossa grande imprensa nos últimos anos. Sempre é melhor abrir o debate, com fundamento, que se esconder num relativismo cego ou enganador.
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