segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O erro de Pondé

As participações de Luiz Felipe Pondé me incomodam da mesma maneira que as participações do historiador Marco Villa. Não chega a ser um grande incômodo, mas confesso que o tom de censura e militância cria uma espécie de freio emocional.
Hoje, Pondé me dá argumentos racionais ao sentimento. No seu artigo "O erro de Foucault", publicado na Folha (página E8), começa sintomaticamente denunciando o apoio que Michel Foucault teria dado á revolução iraniana no final de sua vida e avança sobre a ocupação da reitoria da USP pelos estudantes. A ponte entre Foucault e os estudantes da USP não é ingênua. Foucault ficou conhecido por protagonizar seminários famosos durante as barricadas de Maio de 68, em Paris.
Qualquer um tem direito de discordar das teorias libertárias ou da esquerda. Mas é preciso se conter ou se joga a água com o bebê juntos, ou seja, elimina-se a boa relação democrática entre contrários. Pondé caiu nesta vala no artigo de hoje. Termina o artigo assim:
Proponho que da próxima vez que os indignados sem causa ocuparem a faculdade de filosofia da USP (ou fefeleche, nome horrível) que sejam trancados lá até que descubram que não são donos do mundo e que a USP (sou egresso da faculdade de filosofia da USP) não é o quintal de seus delírios.
Não é possível que alguém que pretensamente esteja defendendo a democracia e a ordem brinque desta maneira num artigo publicado no maior jornal do país. O artigo não fica apenas nesta frase. É uma "rodada de baiana" no estilo "Cansei".
O que prova que realmente o uso do cachimbo pode entortar a boca.

3 comentários:

Robinson disse...

Caro professor

Esta questão dos chiliques um tanto desmedidos dos alunos da USP deveria ser tratada como tal, mas, convenhamos, nossa imprensa adora botar lenha na fogueira!
Sequer sentimos cheiro de algum idealismo, como em décadas passadas. Havia algum sentido naquelas reivindicações... E todo mundo caiu de pau na atual.
No fundo, Pondé foi apenas mais um nesse enredo.
Não passou mesmo de uma revolta de adolescentes que ganharam, assim mesmo, de graça da mídia mais, muito mais que 15 minutos de fama.
Melhor virarmos a página...

Dulcinéa disse...

Não acho que os uspianos tiveram "chiliques um tanto desmedidos". A questão é mais complexa. Desde há alguns anos, a USP vem apresentando problemas. Marilena Chauí já alertava sobre isto, ano passado, se não estou enganada.
Não acompanhei os posts de Rudá sobre a questão, mas a questão é bem mais ampla do que simples "chiliques" de estudantes.

Lílian Honda disse...

Chamar de "chilique" é apenas uma tentativa de desqualificar o outro. É não ouvi-lo. É fazer pouco de quem tem uma posição diferente ou incômoda sobre o assunto.