Anos atrás analisei o governo tampão de Magno Pires, em Vila Velha. Foi um mandato tampão, em 1988, quando o município voltou a ter o direito de eleger seu prefeito (impedido pelos governos militares por ser área de segurança nacional). O mais interessante é que ele havia recebido menos votos que o "mosquito". Durante as entrevistas que fiz com ele, perguntei sobre o motivo de tantos eleitores terem anulado o voto registrando o tal mosquito. E ele sorriu e disse que deveria ter pensado nisto quando se elegeu. Explicou que havia muito mosquito na cidade em virtude do esgoto a céu aberto. Explicou, em seguida, o sorriso: ele não conseguiu "ler" o recado das urnas e, como petista, investiu na participação popular. Dizia que este foi um dos motivos para não conseguir se reeleger.
Conto este caso porque tenho a impressão que é isto que ocorre com Obama: não conseguiu "ler" o que sua eleição representava. É por demais conservador e extremamente prudente, sem ousadia. Fala com segurança, é muito educado, mas fica por aí. Sua eleição representava uma redenção dos segmentos que se sentiam marginalizados, fragmentados. Não entendeu. Desprezou a deusa Fortuna. Não é o cara.
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