domingo, 20 de março de 2011
A literatura juvenil saiu da adolescência
Dois anos atrás, entrei na livraria Cultura (do Conjunto Nacional, em SP) e perguntei para uma vendedora o que os adolescentes compravam. Ela me indicou uns três livros, todos com mais de 200 páginas, o que me intrigou e entabulou outra pergunta. Queria saber como eram os leitores juvenis, por quais motivos liam aquelas obras. E ela me disse que eram os melhores compradores, objetivos e que aceitavam as indicações, interagiam. E liam muito. Caramba, que bela informação.
Daí por diante, como leio de tudo, até bula de remédio (o que é uma mentira porque já não consigo ler aquelas letras pequenas), comecei a comprar e ler literatura juvenil.
Recentemente, li "O Fazedor de Velhos", de Rodrigo Lacerda, premiadíssimo. O primeiro capítulo é um pouco forçado e as citações de Eça de Queirós tentam, obviamente, criar empatia entre o jovem leitor e um clássico. Mas quando a obra realmente inicia, no capítulo "A idade dos livros", a mágica da literatura aparece. Um humor contido, efetivamente adolescente, a euforia, o raciocínio rápido, a solidão no mundo dos adultos, a desconfiança, está tudo lá. Uma beleza.
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