quarta-feira, 23 de março de 2011

PMDB e PSB: pensando com meus botões


PMDB e PSB (vitaminado com a fusão com PSD de Kassab) terão melhor futuro?
Esta questão me ronda a cabeça. Elocubremos.
O problema do PMDB é que ele não consegue sustentar uma candidatura nacional. Mas nenhum outro governo pode governar sem ele. Sendo assim, o que seria mais confortável para o PMDB: continuar onde está (com lulismo ou não) ou se aventurar à candidatura própria em 2014? Imaginemos que o candidato natural do PMDB seja Michel Temer, jã tão perto do cargo. Se Temer aparecer demais não terá que enfrentar a oposição de todos outros caciques regionais do seu partido? Valerá a pena?
No caso do PSB, lembremos que Eduardo Campos é o rei do nordeste. Lula até tentou criar o título para Jacques Wagner, mas não deu. Enfim, é algo parecido com a história do PMDB: Eduardo Campos não faz verão sozinho, mas será difícil alguém ter voto no nordeste sem ele. A situação piora se Kassab efetivamente ingressar no PSB. Explico: seria a solução para Aécio, deixando de ficar dependente de ACM Neto para ter alguma entrada no nordeste. E, ainda, teria um aliado com perfil parecido com o seu: meio DEM, meio sei lá. Enfim, o PSB será disputado à tapa.
Aécio vive um inferno astral no momento. Não sugiro que ele se recupere. Mas também não posso descartar esta possibilidade. A questão é que para se superar, Aécio necessitará ingressar no nordeste e se aproximar mais de organizações populares (centrais sindicais, algumas ongs, pastorais sociais, algo do gênero). Sem isto, terá força material (recursos e apoiadores locais) próxima de Serra.

Finalmente, já que se trata de uma elocubração, uma rápida viajada na história da ausência de Lula no almoço com Obama. Não se trata de notícia, mas a imprensa comenta tanto que já virou pauta para ocupar a falta de novidade real. Não se trata de procurar descobrir o que se passava na cabeça de Lula quando não foi ao almoço. Trata-se de pensar na lógica de Lula e no impacto real que a ausência gerou. Lula faz a política do espetáculo. Sempre fez. Obviamente que a militância não gosta de ouvir isto. Mas é fato. Se estivesse presente, quem ganharia a cena seria Dilma Rousseff, que teria demonstrado desprendimento (que Lula não teve), acolhendo todos ex-presidentes da pós-ditadura numa mesma mesa, com deferência. Lula sairia menor do que entrou, ao menos neste episódio. Juntemos as duas pontas: ao não comparecer, foi o único ex-presidente não presente. Como a imprensa e os políticos deixariam de comentar este fato? Seria impossível (mesmo não sendo notícia). Agora, pensemos juntos: o que Lula ganha com isto, além da visibildade (ou, ainda, para que deseja a visibilidade?)? Fica evidente certo distanciamento de estilos entre Lula e Dilma. E é óbvio que ele percebe que seu ato indicava isto. Enfim, fica um hiato exposto. E o melhor é ele continuar quieto. Porque quieto, todos nós procuramos explicar a ausência. Coisa de gênio político que lembra Jânio Quadros.

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