terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Pesquisa de opinião na Venezuela


Recebo resultado de enquete realizada pela Hinterlaces no mês passado, envolvendo 903 pessoas, com margem de erro de 4%.
Os resultados revelam os motivos de Chávez apertar o cerco contra as vozes de oposição:
1) 61% afirmam que o país segue um rumo equivocado;
2) 40% consideram a situação do país péssima e apenas 4% avaliam como ótima ou boa;
3) Para as eleições legislativas do final do ano, 34% afirmam que votarão em candidatos independentes; 28% votarão em chavistas e 26% na oposição.

Outros dados revelam uma população majoritariamente sem preferência (nem pró-chavista, nem pró-oposicionista). Parte do que os analistas denominam de "chavistas light" estariam assumindo uma postura mais crítica, frente ao racionamento imposto pelo governo.

6 comentários:

+Brasil disse...

Interessante essa pesquisa, caro professor.

Mas meu motivo é outro, e gostaria que voce comentasse.

aqui vai o endereço:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u688448.shtml

Em maio de 2009, a OMS (Organização Mundial de Saúde) destacou o acesso ao sistema de saúde gratuito, aos medicamentos e à forte promoção da saúde e de hábitos saudáveis como condições que levam Cuba --com 11,2 milhões de habitantes-- a ter cerca de 1.500 pessoas com mais de 100 anos, uma das mais altas taxas de longevidade do mundo.


Espantosa essa longetividade de pessoas, que vivem sob um regime, que não respeita seu povo, não é mesmo professor.
E o que me causa mais espanto é essa senhora, apesar de seus 125 anos, quer viver mais, e se considera muito feliz.
espero ler seu comentario sobre isso.

Rudá Ricci disse...

Como passei pela ditadura militar, sei o quanto é pernicioso este tipo de "balança" entre bens sociais e liberdade. A ditadura brasileira dizia algo parecido, com o "milagre brasileiro".
Veja, não estou negando os avanços de Cuba na educação e saúde. Mesmo porque, até antes da revolução, Cuba tinha os melhores dados da A.Latina nestas áreas (o que poucos informam e sabem). Mas o que fazer (me inspirando em Amartya Sen) com minha saúde e educação se não tenho autonomia? Não parece demasiado limitado para a vida humana? Temos por estas comparações que parecem dizer que se não é possível ter tudo, que tenhamos o mínimo. Se fosse assim, a aventura humana seria uma desgraça. Mesmo porque, o que motivou a revolução cubana não foi a melhoria da educação e da saúde, mas o fim da exploração (lembre-se que a revolução, em seu início, não era comunista).

+Brasil disse...

Caro professor, acredito que voce era uma criança, quando eu fui apresentado ao Regime Militar. Numa cidade do interior do Paraná, corri muito para não apanhar da policia numa manifestação, mas um dos diretores de nosso grêmio estudantil, apanhou e muito da policia, isso foi em 1 964.
Só para deixar claro, que não só passei como na época, me assustei com a violência do soldado da esquina. Soldado que continua nas mesmas esquinas, vestindo as mesmas fardas, que coincidentemente eram e são de cor amarelo caqui, como os uniformes de nosso Colégio na época, e pasme pela coincidência, eles ainda continuam abrigados na Policia Militar, e continuam matando nas ruas, dez vezes mais do que se matava na "ditadura" militar, e cem vezes mais que o "terrível" regime cubano. Era isso que eu queria evidenciar. Tenho admiração pelo seu trabalho caro Professor, mas admiro muito a vida e o depoimento daquela senhora cubana, FELIZ, que quer viver muitos anos mais. E tambem, tenho admiração pelo trabalho dos militares em nosso país, durante o regime Militar, que foi muito menos pernicioso que as ditaduras de Elite. A ditadura que vivia as voltas com o milagre brasileiro era a ditadura de Médici, não o sistema militar de Geisel e João Figueiredo, sejamos justos.

Rudá Ricci disse...

Academicamente é possível, realmente, distinguir o regime militar, a começar pelo grupo inicial de Castelo Branco, desbancado pelo de Costa e Silva/Médice (a famosa linha dura). Entretanto, ditadura é falta de civilidade e argumento. A literatura acadêmica, aliás, corrigiu o termo jornalístico de "abertura" para "liberalização", já que foi um processo de autorização do próprio regime, sem amplo acordo como ocorreu na Espanha.
Mas, voltando ao nosso assunto. Senhoras idosas que residem no Brasil também querem viver mais. Há muitos exemplos registrados, inclusive na imprensa. O que faz deste seu argumento algo um pouco superficial. Aliás, o povo cubano é muito orgulhos e digno. O que lamento é confundir nação com governo e Estado. Este é um erro grosseiro que dá no stalinismo, por exemplo. Quem chegou a esta conclusão foi Lênin, que escreveu isto no seu último artigo publicado, intitulado Vale quanto Pesa.
O que quero dizer é que ou somos democratas ou não. Não existe adjetivo para o regime. Neste caso, prefiro o clássico Marx que não tergiversou: falou em ditadura do proletariado, guiado por uma elite política para liderar a transição para o comunismo, em que as hierarquias políticas, aí sim, sumiriam (porque todos cidadãos teriam tempo livre para governar). Enfim, denominar o castrismo ou o chavismo de democráticos é um equívoco teórico e político. Aí começamos a deslizar, a tentar achar bons motivos para legitimar uma ditadura até que... passamos a defender algo que é o oposto do que se defendia quando foi feita a revolução. Em muitos casos, seu oposto. Como explicar isto para meus filhos? Existem ditaduras ruins, ditaduras mais ou menos e ditaduras boas? Qual o critério que utilizo para criar este juízo de valor? O que estaria contribuindo com esta classificação? Não seria a velha necessidade do pai eterno protetor?

+Brasil disse...

Finalizando Professor, discordo terminantemente, quando se referem a democracia da Venezuela, como ditadura. Coincidentemente a mesma linha editorial que o taxa dessa forma, e acompanha o raciocínio americano, é a mesma que quer criar estórias, como a do mensalão, para anular o governo de Lula, tão democratico como de Chavez. Mas eles se esquecem que davam total apoio, ao "democrático" Carlos Andres Peres quando ele assassinou, com uma policia tão democrática quanto ele, mais de 400 venezuelanos que protestavam, contra a fome e o desemprego.
Existem sim caro Professor, ditaduras e ditaduras, como tambem democracias e democracias. Como posso comparar a ditadura de Pinochet com o regime militar de Geisel de Figueiredo e Castelo que muito bem voce lembrou?
Onde esta a verdadeira democracia? Na Colombia, - que vive uma relação conturbada, com uma parte da oposição pegando em armas e sequestrando pessoas com um governo que não tem a capacidade de dialogar com essa mesma oposição, usando da mesma forma que Pinochet, ou na Bolívia com o governo de Evo Morales?
Ou esse governo do Evo é tão ditador quanto os dirigentes da Arabia Saudita, Kuwait, Jordania, e mais uma porção que adoram os americanos, ou democrata como dizem ser uma parte da midia doente, o governo de Mubarak no Egito que já prepara seu filho para sucede-lo?

Rudá Ricci disse...

Por partes:
a) eu não disse que a Venezuela vive uma ditadura, embora tenha fortes tendências para isto. Mas ainda há possibilidades (cada vez mais remotas) de alteridade no poder;
b) já em Cuba existe uma clara ditadura. Posso citar os fatos, se necessário. Veja o caso da última eleição do parlamento, que apresentou uma única lista fechada para os cidadãos apenas atestarem (não tinham como escolher);
c) Neste blog você encontrará farta crítica à grande imprensa brasileira. Mas acho que exagera quando alinha a crítica ao chavismo à denúnca do mensalão. Até dirigentes do PT admitem que ocorreu e citam o termo. Não façamos da luta partidária um exercício de ingenuidade. Pode parecer cinismo político;
d) O governo Lula é absolutamente mais democrático que o de Chávez. Por este motivo Lula disputa com Chávez a liderança na ALatina;
e) Toda ditadura é anti-democrática. E, como já afirmei, democracia não tem adjetivo. É ou não é;
f) Eu lamento profundamente que a luta pela democratização do Brasil tenha se partidarizado tanto. Como se dependêssemos de pais e salvadores. Eu não compartilho esta visão de dependência. Acredito na democracia participativa. É para isto que dediquei minha vida toda. E por este motivo, não tenho como concordar com suas ponderações. Mesmo que este debate me estimule.