sábado, 27 de fevereiro de 2010
Breve comentário sobre terremoto chileno
Estive em Santiago do Chile na década de 70, em plena ditadura militar. Meu pai tentava repassar notícias para o Estadão (ele era correpondente do jornal) e era censurado e grampeado. Na Plaza de Las Armas, próximo de nosso hotel, distribuíam panfletos, em ações relâmpagos, pelo NO (de alteração da constituição). Era impressionante: as ruas ficavam lotadas de homens de óculos escuros com gravadores gigantes para deixar claro que todos estavam sendo vigiados e soldados com metralhadoras circulavam em caminhões por toda cidade. A oposição saía às ruas de uma hora para outra, gritava palavras de ordem, e se dispersava, sumindo nas ruas do centro de Santiago. Uma ação coordenada de enfrentamento e resistência.
Numa tarde, estávamos no hotel e percebemos um barulho no lustre. Achamos estranho mas, logo começou a balançar tudo o mais. Não foi um terremoto forte, mas ficamos meio alertas. Nunca havíamos presenciado uma situação destas. Ligamos para a recepção do hotel e a intrução era para ficarmos longe de janelas (para não sermos feridos em caso de quebra de vidros). Foi estranho. E não era um terremoto de grande envergadura. A sensação de impotência é das piores.
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