A Folha de São Paulo de hoje morde a isca. Com destaque (P. A9) anuncia que Aécio Neves estuda a possibilidade de ser vice na chapa de José Serra. Justamente quando são publicadas duas pesquisas que demonstram que a diferença entre Dilma e Serra diminui rapidamente. O mais interessante é que ao checar a possibilidade com o ator mais importantes, o próprio governador mineiro, os jornalistas da Folha descobrem que ele se irrita com a possibilidade e nega veementemente. Aí, diz a matéria, ele estaria negando em público e discutindo nos bastidores. E lista uma série de argumentos que estariam comovendo o mineiro: a) a pecha de que seria o responsável pela derrota de Serra (alguém, em sã consciência, acredita que Aécio ficaria chocado com este argumento?); b) a falta de perfil de ser um líder da oposição (mas será que não está claro que ele pode ser um conciliador entre PT e PSDB, entre centro-sul e centro-norte do país?); c) que como vice de Serra teria visibilidade pública (maior que sendo senador e líder isolado, tendo mobilidade política para caminhar para qualquer lado?).
Barrigada, ingenuidade ou premonição? Ao menos a Folha arrisca. Mas fere as normas de um bom jornalismo. Está servindo de ariete para Serra. Não digo que se trata de uma conspiração armada. Daí achar que pode ser ingenuidade dos jornalistas ou falta de pauta do editor. Mas a matéria é muito fraca em termos jornalísticos. Melhor seria colocar este assunto num blog, mais livre e especulativo. Jornal é informação ou opinião. Confundir os dois não é bom sinal.
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