terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Artigo sobre educação publicado na Folha de São Paulo de hoje

4 comentários:

Gorgonio disse...

Ricci, você tem razão quando coloca as políticas educacionais muito além do marketing, e dos indicadores de educação. Mas felizmente eles existem hoje no Brasil, e espero que continuem existndo para podemos ter séries históricas por diversas gerações. Isso não desqualifica suas agurmentações, mas, pelo contrário, permitem que elas existam. Que contribuições concretas, ainda que não fáceis, você acrescentaria pela evolução da nossa educação?

Rudá Ricci disse...

Gorgonio,
Não sei se entendi bem sua proposição. Mas vou tentar dialogar:
a) avaliações são importantes. O problema é quando se diz avaliação (de a-avalere, ou seja, dar valor a algo) com verificação, que é buscar a verdade já definida previamente em algo. As avaliações sistêmicas empregadas no Brasil não são avaliações, no rigor do conceito, mas verificações, porque adotam conceitos sem compreender o processo de aprendizagem. Algo que se faz em empresas e se transportou mecanicamente para a educação. Há uma vasta bibliografia a respeito.
Hoje, se sabe, que o processo de apredizagem envolve muitos atores. As avaliações sistêmicas avaliam o professor a partir de provas de conhecimento selecionados arbitrariamente. Vou dar um exemplo: a matemática utiliza o conceito de fração para algo que é inteiro, como 6/3 (cujo resultado são dois inteiros) denominando de fração imprópria. Muitas propostas curriculares de uma mesma escola adotam teorias divergentes em séries diferentes, como uma linha evolutiva desconexa. E as avaliações sistêmicas não dialogam com estas propostas nem com o projeto pedagógico da escola.
Enfim, é algo absolutamente infundado. Sem base técnica consistente.

DENISE JACOMETTI disse...

Ricci, o subtítulo do seu artigo resume de maneira claríssima algo que já sentimos há longos anos como professores. E, este é só um aspecto de um sistema falido que, como profissionais da educação básica, somos obrigados a manter vivo. Impedidos de refletir sobre a nossa prática pedagógica, sem saber ao certo o que, para que, e quando ensinar, nos tornamos incapazes de gerir nossas carreiras quanto mais buscar soluções verdadeiras para a Educação Brasileira - sem modelos estrangeiros da moda, ou do último congresso. Sinto a necessidade de se criar espaços para esta discussão sem a interferência do marketing político, em especial do liberal, que nos trata como imbecis. Será que não conseguiremos conceber um modelo educacional brasileiro,inteligentae, que leve em conta a nossa cultura e nossas peculiaaridades e diferenças?

Déia Poeta disse...

Será que as secretárias de educação não percebem essa situação?
Acho que na verdade eles não querem exergar.
No Nordeste é muito pior, sou da Bahia, aqui você vê salas superlotadas e as vezes uma gestão
negligente.
Jovens engravidando precocemente,
muitos estão na escola não sabem dissertar sobre o cotidiano deles.
Não falo isso de um apartamento de classe média, mas de um estado de enunciação que vivi a minha vida toda. Negra, pobre, que usa de uma força sobrenatural para adquirir um pouco de conhecimento.
Mas, há muitos jovens como eu que não têm tanta força, que nadam e desfalecem no meio do caminho.
Gostaria de que as coisas fossem mais facéis.