sexta-feira, 10 de maio de 2013

"O PSDB precisa se repensar", afirma Arthur Virgílio (prefeito de Manaus pelo PSDB)

Tem algo no ar que indica um impasse político no país. De um lado, o lento declínio dos indicadores de produção, mas sem afetar os índices de emprego e nem mesmo as conquistas salariais. De outro, uma onda conservadora em curso, sem que se perceba um conflito explícito. Finalmente, uma crise do sistema partidário que nem mesmo chega às esquinas, o que dizer das ruas.
O caso do PSDB parece grave, mas ela parece ser mais ventilada por suas próprias lideranças. A imprensa e mesmo os analistas políticos parecem temer tratar de tema tão delicado, já que se trata do maior partido de oposição ao lulismo. Resumindo: a crise é forte a tal ponto que pode desmantelar o que poderia ser uma alternativa ao bloco político que se instalou no poder desde 2005 (quando Lula, em meio à crise aberta pela denúncia de Roberto Jeferson, decidiu ampliar e consolidar a coalizão presidencialista). Fenômeno que Marcos Nobre denomina de peemedebização do sistema partidário brasileiro.
Leiam a entrevista de Arthur Virgílio, prefeito de Manaus e um dos expoentes tucanos no país. A matéria completa está no blog do Josias


“Eu preciso que o PSDB me dê garantias de que eu posso pensar em me reapaixonar por ele.” A frase é reveladora do estágio em que se encontra o maior partido da oposição. Pronunciou-a um tucano histórico: o ex-senador amazonense Arthur Virgílio, hoje prefeito de Manaus.
Convidado a discursar na convenção que aclamará Aécio Neves como novo presidente do PSDB em 18 de maio, Virgílio crivou sua mulher, Goreth, de perguntas: “O que eu faço? Discurso em inglês? Leio o discurso? Ator eu não sou!”. Virgílio já aceitou o convite do partido. Falará em nome dos prefeitos tucanos. Orador tarimbado, torce para que a plateia o acenda.
Em entrevista ao blog Arthur Virgílio fez declarações que ajudam a explicar o déficit de paixão que o acomete. Ele reconhece que Dilma Rousseff, com quem terá uma audiência nesta sexta-feira (10), é favorita na disputa presidencial de 2014.
A despeito da inflação, a crise econômica “não foi ainda percebida pela população”, declara. “Não houve queda na renda” das pessoas. E os empregos, embora “não sejam de boa qualidade”, continuam sendo gerados. Tudo isso “favorece quem está no poder.”
Virgílio acredita que a presença de três candidatos no “campo da oposição” fará de 2014 uma disputa “mais renhida” do que as duas anteriores. Mas avalia que “falta clareza” a Aécio Neves e também a Eduardo Campos, o presidenciável do PSB. Ainda vinculado ao poder petista, “Eduardo está numa transição para a oposição”, diz. Quanto a Aécio, “começa a explicitar um antagonismo com o governo.” Porém, o cenário exige algo mais palpável do que uma “oposição de frases.”
Virgílio enaltece Marina Silva (Rede). Não vê nela uma contendora com potencial para virar presidente. Mas elogia-lhe a nitidez: “A Marina, que afasta muito voto por ser como é, tem os votos que tem por ser como é. Os votos que ela tem não bastam para ganhar a Presidência da República. Mas os votos que ela tem sabem exatamente por que estão votando nela.”
“O PSDB precisa se repensar”, afirmou o entrevistado a certa altura. Ele concorda com a tese segundo a qual falta ao partido uma utopia nova. Algo com o apelo da estabilização da economia, que rendeu um par de mandatos a Fernando Henrique Cardoso. Virgílio, a propósito, lamenta que o ex-presidente tucano não seja 20 anos mais moço. Acha que, tomado pela “ebulição” do raciocínio, daria um bom candidato.

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