O caso do PSDB parece grave, mas ela parece ser mais ventilada por suas próprias lideranças. A imprensa e mesmo os analistas políticos parecem temer tratar de tema tão delicado, já que se trata do maior partido de oposição ao lulismo. Resumindo: a crise é forte a tal ponto que pode desmantelar o que poderia ser uma alternativa ao bloco político que se instalou no poder desde 2005 (quando Lula, em meio à crise aberta pela denúncia de Roberto Jeferson, decidiu ampliar e consolidar a coalizão presidencialista). Fenômeno que Marcos Nobre denomina de peemedebização do sistema partidário brasileiro.
Leiam a entrevista de Arthur Virgílio, prefeito de Manaus e um dos expoentes tucanos no país. A matéria completa está no blog do Josias
“Eu preciso que o PSDB me dê garantias de que eu posso pensar em me reapaixonar por ele.” A frase é reveladora do estágio em que se encontra o maior partido da oposição. Pronunciou-a um tucano histórico: o ex-senador amazonense Arthur Virgílio, hoje prefeito de Manaus.
Convidado a discursar na convenção que aclamará Aécio Neves como novo presidente do PSDB em 18 de maio, Virgílio crivou sua mulher, Goreth, de perguntas: “O que eu faço? Discurso em inglês? Leio o discurso? Ator eu não sou!”. Virgílio já aceitou o convite do partido. Falará em nome dos prefeitos tucanos. Orador tarimbado, torce para que a plateia o acenda.
Em entrevista ao blog Arthur Virgílio fez declarações que ajudam a explicar o déficit de paixão que o acomete. Ele reconhece que Dilma Rousseff, com quem terá uma audiência nesta sexta-feira (10), é favorita na disputa presidencial de 2014.
A despeito da inflação, a crise econômica “não foi ainda percebida pela população”, declara. “Não houve queda na renda” das pessoas. E os empregos, embora “não sejam de boa qualidade”, continuam sendo gerados. Tudo isso “favorece quem está no poder.”
Virgílio acredita que a presença de três candidatos no “campo da oposição” fará de 2014 uma disputa “mais renhida” do que as duas anteriores. Mas avalia que “falta clareza” a Aécio Neves e também a Eduardo Campos, o presidenciável do PSB. Ainda vinculado ao poder petista, “Eduardo está numa transição para a oposição”, diz. Quanto a Aécio, “começa a explicitar um antagonismo com o governo.” Porém, o cenário exige algo mais palpável do que uma “oposição de frases.”
Virgílio enaltece Marina Silva (Rede). Não vê nela uma contendora com potencial para virar presidente. Mas elogia-lhe a nitidez: “A Marina, que afasta muito voto por ser como é, tem os votos que tem por ser como é. Os votos que ela tem não bastam para ganhar a Presidência da República. Mas os votos que ela tem sabem exatamente por que estão votando nela.”
“O PSDB precisa se repensar”, afirmou o entrevistado a certa altura. Ele concorda com a tese segundo a qual falta ao partido uma utopia nova. Algo com o apelo da estabilização da economia, que rendeu um par de mandatos a Fernando Henrique Cardoso. Virgílio, a propósito, lamenta que o ex-presidente tucano não seja 20 anos mais moço. Acha que, tomado pela “ebulição” do raciocínio, daria um bom candidato.
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