André Singer sugere que vivemos três ondas conservadoras. Uma delas, um repique tardio do neoliberalismo na cultura, quebrando a hegemonia cultural da esquerda que nasce nos anos 1960 e só agora começa a ser quebrada. Interessante porque explica o "case Lobão" (não é o único) e a virada nas igrejas cristãs.
A segunda onda, que ele denomina de onda de médio prazo, é a reação da classe média tradicional à melhoria de condições de vida e consumo das classes sociais menos abastadas. Singer faz até mesmo um paralelo com a reação da classe média nos anos 1960, como a marcha pela família etc. Onda que não se expressa nos partidos porque não teria chance eleitoral.
A última onda se localizaria numa fração dos segmentos sociais que ascenderam recentemente. Esta fração significaria uma "mudança de lado", uma espécie de tentativa de romper com seu passado recente (sua ascensão, portanto, seria fruto de um esforço pessoal, individual, e não coletivo). Algo que se aproxima do "fascismo societal" sugerido por Boaventura Santos.
É possível.
Mas ainda acredito que exista, de fato, uma onda conservadora difusa, mas evidentemente majoritária, que envolve grande parte do que a FGV-RJ denomina de Classe C. Os dados são claros, a partir das pesquisas mais recentes. Se há frações em relação a este conservadorismo não são tão pertinentes em relação à estas classes subalternas, mas delas com a tradicional classe média. Mas a discussão é interessante e urgente.
Um comentário:
Fiz uma análise semelhante há alguns meses.
http://www.poderdapalavra.com.br/node/10783
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