O primeiro discurso que ouvimos quando crianças é que o esporte tira a criança das ruas e do caminho do vício. Aí, aparece Maradona. O uso de cocaína deforma seu corpo e a mutação é acompanhada pelos seus fans, perplexos.
No Brasil, o caso nem tão midiático, mas que gerou a mesma perplexidade em seus admiradores foi o de Sócrates. Antes, Garrincha e Adriano Imperador já tinham escancarado seu drama, mas foram tratados como folclore. Como um mosaico que se monta ao longo do tempo, levei um susto ao ver a transformação física de Jardel, ex-centroavante do Grêmio.
O livro de Casagrande deu a explicação que, se de um lado diminui a perplexidade, de outro, assusta. Deve ter sido a intenção do autor porque os dois primeiros capítulos são os mais duros e angustiantes para o leitor.
Outro gremista (que também jogou no Palmeiras e Guarani), João Marcos Coelho, goleiro que chegou a jogar na seleção brasileira, parou de uma hora para outra e não aguentou: desabou. Sem doses cavalares de adrenalina semanal, o vazio foi sendo preenchido pelo álcool. André Neles (o "André Balada"), ex-Palmeiras, confessou recentemente ser usuário de drogas.
Como se fosse para não deixar tudo cair no esquecimento, ao abrir o site da UOL, aparece estampada a internação de Marinho Chagas, lateral da seleção brasileira de 1974, quando foi eleito o melhor lateral da Copa da Alemanha. Está internado, na UTI de um hospital em Natal, resultado de anos de alcoolismo.
A lista é enorme.
Além de Maradona, há muitos e muitos outros casos internacionais, como de Paul Gascoigne.
Casão, mais uma vez, dá a pista: a falta de adrenalina.
A questão é que num mundo em que a fama é instantânea, a lista tende a aumentar.
E o esporte, que parecia ser uma trincheira contra a droga, torna-se justamente a trilha que vai da glória ao desespero.
Difícil, não?
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