Fernando Rodrigues, que vem se consolidando como o jornalista da Folha que cobre os descaminhos da política nacional com mais lucidez e independência, publica hoje matéria sobre as dificuldades de Aécio para enraizar sua candidatura em vários Estados (ver AQUI ). Rodrigues cita São Paulo, Minas Gerais, Alagoas, Tocantins e Roraima, localidades onde, teoricamente, teria aliados naturais nos governos.
A matéria vai além e afirma que Aécio vai provando de seu próprio veneno, quando incentivou a cristianização de candidatos tucanos que pleiteavam o governo federal, dando origem aos comitês Lulécio e Dilmasia.
As nuvens escuras já são nítidas no horizonte. A revista Veja produz perfil de Andrea Neves e sente na pele o medo e dificuldades de apoiadores para falarem abertamente sobre as duas gestões de Aécio Neves no comando do Estado mineiro. Medo e receio aumentam, dia a dia, nas hostes aliadas do senador mineiro.
A grande questão é: caso o caminho da candidatura à Presidência da República não se altere, o que fazer com o espólio em caso de fracasso? Fracasso, aqui, não diz respeito à derrota para Dilma Rousseff, mas o PSDB não chegar ao segundo turno, caso o pleito não termine no primeiro.
Há, ainda, preocupação de lado a lado em Minas Gerais, tanto do lado petista, quanto do lado aecista, o que faz a tensão ser crescente. Cada um olha seu adversário com receio e respeito, medindo chances de vitória e derrota. O PT aumentou significativamente o número de prefeituras em terras mineiras e possui um candidato já consolidado (o ministro Fernando Pimentel). Mas também não consegue se unir e enfrentará a estrutura descentralizada que o aecismo criou (e que não se sabe qual o grau de eficiência eleitoral que ainda mantém). A derrota em 2014 não será tão compreensível como nos anos anteriores e pode abrir uma bela crise interna, um vácuo de direção em MG.
Aécio, ainda jovem, vive uma prova de fogo que não sabendo administrá-la, pode se constituir em envelhecimento precoce.
Neste sentido, as pesquisas de intenção de votos terão, nesta eleição, mais valor que nas eleições passadas. As dúvidas e riscos são tão significativos que parece essencial adotar alguma bússola para saber qual o tamanho do rombo.
Tenho a impressão que somente com Covas como candidato o PSDB entrou numa disputa presidencial com sinais tão indefinidos sobre sua sorte. Mas, com Covas, a situação não era tão aguda. O PSDB tinha acabado de ser criado e, mesmo sem estrutura, Covas liderava, ocupava os debates com facilidade, sabia nitidamente quais eram suas chances e seu papel naquela disputa.
Aécio, ao contrário, parece não liderar, não unifica o PSDB, não impõe agenda ou pauta na disputa, não sabe com nitidez quais são suas chances reais e, pior, não parece saber (ou não consegue sinalizar para seus apoiadores) qual é o papel que deve desempenhar nesta disputa.
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