José Ibrahim foi o líder da famosa greve de Osasco, em 1968, em plena ditadura militar, quando tinha 19 anos. Afirmava que a greve nunca foi espontânea e que havia relações com dirigentes do PSB e PCB e fortes vínculos com a Frente Nacional do Trabalho (da igreja progressista) e alguma relação com a Ação Popular (AP). O fato é que o movimento lhe custou o emprego. Ingressou na VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), foi preso e torturado, e foi trocado pelo embaixador Charles Elbrick no final de 1969. Ficou dez anos no exílio, em Panamá, México, Chile e França. No exílio, fez contatos com a social-democracia que, mais tarde, financiaria alguns de seus projetos de formação sindical. Lembro, se não me falha a memória, de contatos com a Bélgica.
Eu o conheci logo após a fundação da CUT e frequentei um centro de formação sindical, uma pequena salinha, que ele montou. Sempre dizia que tinha criado a primeira comissão de fábrica do Brasil, na Cobrasma.
Sempre senti uma ponta de frustração e melancolia na fala dele.
Saiu do PT e foi para o PDT, depois PV e, recentemente, ingressou no PSD de Kassab. Era Secretário de Formação Política da União Geral dos Trabalhadores (UGT).
Quando do afastamento de Delúbio dos quadros do PT, escreveu:
Delúbio Soares é um companheiro idealista, correto, absolutamente fiel às lutas do PT e do povo brasileiro. Com ele conviví na fundação do PT e aprendi a admirar sua firmeza ideológica e sua grandeza humana. Trata-se de um dos melhores quadros da esquerda brasileira, tanto pelo valor político quanto pela dignidade pessoal. Como professor competente e dedicado, como líder sindical produtivo e disciplinado, como líder partidário de altíssimo gabarito, Delúbio sempre se portou com honradez e coragem. Poucos demonstraram ao longo de nossa história a têmpera e a humildade que sobram nesse companheiro ferido e injustiçado. Sua expulsão foi um ato autoritário dos então dirigentes do PT, cedendo ao coro da oposição tucana, da direita reacionária e da imprensa sensacionalista, não dando amplo direito de defesa aquele que, ao lado de José Dirceu, construiu as condições necessárias para que Lula chegasse à presidência da República.
Para mim, um texto que revelava seu ressentimento e caminho tortuoso após o retorno ao Brasil. O que efetivamente estava em sua alma e o guiava era a crença na formação sindical e nas comissões de fábrica.
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