Não nasci para ser coadjuvante.
A frase pode parecer arrogante, mas é a base da saúde mental. Aprendi isto ainda estudante da PUC-SP. Tive um excelente professor de psicologia que nos apresentou um filme, logo nas primeiras semanas. Este professor sabia o que estava fazendo. Tratava de uma jovem esquizofrênica que tinha um namorado que a entendia. Em determinado momento, o namorado dizia: "não nascemos para passar pela vida; nascemos para deixar nossa marca".
É pena que o jogo das instituições seja justamente o de destruir identidades e peculiaridades. Acredito que quem mais aprofundou esses aspectos da sublimação e, em muitos casos, recalque e neuroses das organizações foi Eugéne Enriquez. Há uma importante dinâmica onde as minorias têm sempre uma função de oxigenação nas instituições. Caso contrário, as instituições morrem na tradição e desconectam do mundo real.
Mas instituição não pensa. Foram criadas para justamente manter os valores que as fazem existir. Não por outro motivo, trabalham com o "mito fundacional" (conceito de Enriquez). Um mito em que os fundadores aparecem como santos, que nunca erraram, abnegados, sóbrios, castos, algo que massacra os prepostos que perdem sua alma assim que se colocam em confronto com sua história.
As instituições vivem dessas mentiras. Daí nada mais descabido que a máxima positivista que vincula ordem ao progresso. Porque toda mudança se faz contra a ordem, instaurando uma nova ordem. Aliás, os positivistas sabem disto. Se um dia inspiraram alguém, hoje o positivismo nem é base de estudo acadêmico sério.
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