terça-feira, 8 de maio de 2012

Falecimento de Flávio di Giorgi

Morreu Flavio di Giorgi. 79 anos.
Foi um dos professores mais fantásticos que conheci em minha vida. Seus seminários, aos sábados, na PUC-SP, eram um sopro de genialidade que lembrava os famosos seminários dos intelectuais franceses. Falava de tudo: de sistema métrico africano a Zeus. Lembro de um seminário em que uma aluna, apenas para provocar, perguntou ao Flávio, em meio a uma das suas divagações, por qual motivo fumava cigarros sem filtro. Ele olhou, encarou e deu uma aula, explicando o que significava o cigarro para a psicanálise, para a cultura árabe e assim por diante. Não me lembro desta menina ter aberto a boca.
Ele era envolto em histórias e lendas. Uma delas: num dia de provas, Flávio não aparece na PUC. A secretária do curso liga para a casa dele. A resposta: "não vou porque estou terminando um livro". A secretária: "mas, professor, os alunos esperam a aplicação da prova!". A conversa ao telefone não terminava, ele sempre retrucando que o livro era mais importante. Como nada adiantava, decidiu passar na PUC. Desceu do táxi de pijamas, entrou na sala, entregou uma folha em branco, pediu para escreverem o nome e recolheu. Só isto. Todos tiraram nota máxima. E ele retornou à leitura do livro.

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