Morreu Flavio di Giorgi. 79 anos.
Foi um dos professores mais fantásticos que conheci em minha vida. Seus seminários, aos sábados, na PUC-SP, eram um sopro de genialidade que lembrava os famosos seminários dos intelectuais franceses. Falava de tudo: de sistema métrico africano a Zeus. Lembro de um seminário em que uma aluna, apenas para provocar, perguntou ao Flávio, em meio a uma das suas divagações, por qual motivo fumava cigarros sem filtro. Ele olhou, encarou e deu uma aula, explicando o que significava o cigarro para a psicanálise, para a cultura árabe e assim por diante. Não me lembro desta menina ter aberto a boca.
Ele era envolto em histórias e lendas. Uma delas: num dia de provas, Flávio não aparece na PUC. A secretária do curso liga para a casa dele. A resposta: "não vou porque estou terminando um livro". A secretária: "mas, professor, os alunos esperam a aplicação da prova!". A conversa ao telefone não terminava, ele sempre retrucando que o livro era mais importante. Como nada adiantava, decidiu passar na PUC. Desceu do táxi de pijamas, entrou na sala, entregou uma folha em branco, pediu para escreverem o nome e recolheu. Só isto. Todos tiraram nota máxima. E ele retornou à leitura do livro.
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