quinta-feira, 29 de novembro de 2012
Falecimento de Joelmir Beting
A morte não deveria gerar surpresas, principalmente para quem já passou dos cinquenta. Mas eu continuo caindo nesta armadilha ou é uma resistência do meu inconsciente, recusando o andar da ampulheta. Joelmir Beting sempre chamou a atenção pelas ironias que amaciavam as notícias econômicas, ditas com um sorriso maroto contido. O título de seu livro ("Na prática, a teoria é outra") sempre me fez pensar, embora contivesse certo escárnio ao trabalho intelectual (e óbvia crítica ao momento político que se vivia quando lançou o livro), e levava a marca do didatismo e irreverência. Nos últimos tempos, quando o assistia na Band, sentia que ele, volta e meia, se repetia, como uma espécie de pastiche de si mesmo. Mas, de repente, soltava uma fina ironia que parecia um novo bordão, e surgia aquele sorriso maroto e contido. Os economistas de hoje bem que poderiam se esforçar e adotar o tom desmitificador de Beting, seguindo o conselho de Paulo Freire que afirmava que intelectual é quem pensa difícil, mas fala fácil. Só sendo compreendido o outro pode refletir e criticar o que o intelectual falou. Caso contrário, a fala está evidentemente tentando fazer o emissor aparecer mais que sua mensagem.
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Um comentário:
Outro diaó Sérgio Miranda, agora o Beting. Isso carrega-me à fronteira do entendimento de que estou nessa trilha sonora dado já ter alcançado a marca de meio século e meia década.Aprendi muito com o Joelmir e sua veia sarcástica. O Brasil despede-se de um homem que soube fazer da palavra seu instrumento de luta. mesmo que em alguns momentos discordássemos.
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