A reeleição de Obama reforça uma tendência que envolve quase todo continente americano: o alinhamento eleitoral das camadas mais populares. Algo que já se comentou em relação ao voto lulista/petista (cada vez mais consolidado nas camadas populares), na Argentina, Uruguai, Venezuela. Para que não pareça uma obviedade: as camadas mais populares raramente votaram alinhadas num candidato que lhes parecia mais propenso a agir a partir de seus interesses. As chantagens e currais eleitorais desconstruíram, no continente, qualquer ensaio de alinhamento do voto popular nesta direção.
Mas é perceptível que este fenômeno se reproduziu nas eleições dos EUA. Mulheres e hispânicos votaram em peso na reeleição de Obama. Foram 55% dos votos femininos (42% foram para Mitt Romney), segundo a Reuters/Ipsos, e 66% dos votos hispânicos. Obama também venceu entre os jovens. Não por outro motivo, a passagem mais aplaudida do discurso de agradecimento do presidente reeleito foi a que afirmava a igualdade entre negros e brancos, hispânicos, asiáticos ou indígenas, velho, jovem, rico, pobre, saudável, deficiente, gay ou heterossexual.
A crise econômica e o débâcle da cartilha neoliberal abriram um fosso em vários países, polarizando as eleições que, por seu turno, são decididas, ao final, por este alinhamento de interesses que cito.
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