O MEC acaba de divulgar as notas obtidas pelos alunos no ENEM de 2011, por escola. A grande imprensa, como era de se esperar, já tratou como ranking, mesmo os especialistas alertando para a indução ao erro. Explico: não é porque uma escola situada na região centro-sul se sai bem que uma escola do nordeste, copiando o modelo sulino, se sairá bem. O fato é que o perfil das famílias dos alunos é o principal fator de desempenho dos alunos, principalmente o nível de instrução da mãe.
Por este motivo, a região sudeste se sobressai. Contudo, no sudeste, a liderança, neste ranking, de escolas paulistas e mineiras e, em especial, privadas e federais, merece atenção.
Minas Gerais e São Paulo foram um dos seis estados beneficiados pelo forte investimento dos EUA para formação, nos anos 1950 e 1960, de educadores brasileiros em temas como elaboração de currículos e gestão escolar. Daí nasceu o modelo taylorista de escola que persiste até hoje, com currículos focados nas áreas práticas de produção industrial (matemática, física, biologia, química e psicologia/comportamento).
Nos anos 1990, estes dois estados lideraram (Rio de Janeiro veio logo depois) as reformas curriculares.
Mas há um fator que merece destaque nos últimos anos: a competitividade que envolve gestores e empresários do setor nestes dois estados. A educação passou a ser um forte atrativo para investidores que abriram seu capital e vendem ações nas bolsas de valores. A disputa entre grandes conglomerados e a definição da cadeia produtiva (da pré-escola aos cursos de especialização) por negócio criaram uma agilidade pouco vista antes neste setor. Muitos gestores educacionais entraram nesta linha de empresariamento e foco em resultados nos últimos dez anos. E, sem pestanejar, dançam de acordo com a música. Se o foco é avaliação classificatória, produzem material nesta direção à rodo. Se o foco é o ENEM, criam produtos e oficinas de redação. O projeto pedagógico é o mercado. Os boletins das avaliações externas e sistêmicas (como IDEB, SARESP e SIMAVE) tendem a uniformizar o foco no resultado, embora ainda exista forte resistência dos educadores contra a quebra de autonomia escolar na área do currículo (que, de fato, está garantida na LDB).
Vivemos um importante movimento de mudança educacional, desde cima, que impele todas redes, em especial, as mineiras e paulistas, para a concorrência, tendo o ENEM como indicador cada vez mais significativo. Sem que se faça uma discussão nacional sobre os rumos de nossa educação.
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