André Singer publica, hoje, o artigo "O Muro passa pelo Meio", na Folha. A tese central é o laboratório que será o governo de Haddad na tentativa da conquista da nova classe média (ou novo proletariado, como ele prefere denominar, tal como Márcio Pochmann). Mas há uma segunda tese proposta pelo artigo, subliminar, que sugere que o PT vence pela primeira vez na capital paulista sem o apoio dos tucanos, o que abriria a oportunidade de avançar sobre os redutos do PSDB. Singer sustenta que os petistas continuam com redutos fechados nas regiões mais pobres da cidade (como Cidade Tiradentes), em especial, na zona leste, mas precisa avançar sobre as regiões onde se concentra o proletariado com maior poder aquisitivo (ou "Classe C", para os liberais da FGV-RJ).
O que me chama a atenção é, em primeiro lugar, este movimento de mudança de patamar da disputa do PT contra o PSDB, no Estado de São Paulo. O artigo de Singer, de alguma maneira, traduz este sentimento geral no PT que sugere ter chegado a hora de enfrentar a hegemonia tucana em território paulista.
Em segundo lugar, vale destacar o papel cada vez mais relevante das zonas leste e sul da capital paulista nos planos petistas. Estive, ontem, na zona leste e percebi a efervescência política que contamina as lideranças sociais (principalmente católicas) daquela região. Uma retomada dos programas de formação de lideranças e articulação de ações de controle social sobre o governo municipal e local (as subprefeituras que envolvem esta imensa região que conta com 4 milhões de habitantes). Sob a liderança de Padre Ticão, muitos expoentes daquela região já se articulam para indicar os subprefeitos. Ontem, vi uma quantidade reazoável de abaixo-assinados passando de mão-em-mão para indicar para Haddad o nome de Luis França como subprefeito de Ermelino Matarazzo. Zona Leste e Zona Sul já se articulam, percebem sua força crescente, e já estimulam outras regiões da Grande São Paulo e até mesmo do interior paulista.
André Singer expõe, em seu artigo, o sentimento da cúpula petista. Mas uma conversa com lideranças de base da capital paulista pode indicar uma movimentação política tão ou mais ambiciosa que o artigo sustenta.
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