segunda-feira, 27 de junho de 2011

Classe C continua crescendo

Entre 2010 e maio de 2011, a classe média é a única do estrato social brasileiro que continuou em expansão, segundo estudo divulgado nesta segunda-feira pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). No período, 3,6 milhões de pessoas migraram para a chamada classe C, apontou a entidade, que usou como base os dados da PNAD (Pesquisa Nacional de Amostras a Domicílio), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A classe C recebeu a maior parte de sua população de classes mais pobres: 1,4 milhão saíram da classe E e 356 mil saíram da classe D. No entanto, as classes A e B apontaram um pequeno recuo no período, o primeiro desde 2003. Segundo a FGV, 237 mil pessoas deixaram as camadas mais abastadas rumo à classe média. As classes A e B representam atualmente 11,76% da população brasileira, ou 22,5 milhões de pessoas.

2 comentários:

Hugo Albuquerque disse...

Na verdade, falamos em categorias de renda. Uma vez que não há substancial alteração na divisão do trabalho em nossa sociedade, isso significa que (I) Os trabalhadores estão ganhando mais dinheiro e saindo da pobreza material, pondo fim ao fenômeno que fazia com que os dois conceitos (trabalhador e pobre) fossem sinônimos; (II) a fome está diminuindo primordialmente por meio do desenvolvimento econômico, não por mecanismos de assistência social (que tem grande importância, mas subsidiária); (III) com o nível de emprego e renda subindo, os proprietários dos meios de produção estão sob pressão, o que deve aumentar a tensão: os trabalhadores ganham mais poder econômico e mais poder de reivindicação, os proprietários podem reagir repassando aumentos para os preços para engolir os ganhos salariais reais e, ainda, articulando saídas políticas de médio prazo para neutralizar esse movimento; (IV) crescem demandas por qualificação do desenvolvimento social, uma vez que ele está atingindo índices quantitativos já bastante amplos.

Rudá Ricci disse...

Hugo,
Sua análise está por demais esquemática. Seria assim num mundo mais nitidamente fechado em clivagens e com parca mobilidade social e nenhuma influência de expectativas construídas por potentes sistemas de comunicação. Vivemos num mundo em rede e não em estratos. As tensões são difusas e os interesses são dos mais fragmentados. Em sua sugestão, haveria este aspecto escatológico que havia em alguns textos de Marx. Mas veja a história do reajuste do salário mínimo neste ano. Ocorreu alguma luta dos assalariados que se contrapôs à cooptação desfechada por Dilma? Analise os acordos salariais deste ano. Veja como há forte fragmentação dos reajustes e aumentos salariais. Publiquei aqui um breve estudo do DIEESE a respeito.