sexta-feira, 2 de novembro de 2012

A oscilação da direita


Merece atenção esta oscilação da importância do Tea Party (ver nota anterior neste blog).
O movimento ultraconservador norte-americano chegou a se expressar a partir de mais de 600 agrupamentos, espalhados pelos EUA. Se articularam a partir da oposição ao Plano de Resgate Econômico (2008), à Lei de Recuperação de Reinvestimentos dos EUA (2009) e à reforma do sistema de saúde do país, todos considerados "socialistas".
Sinto que há algo de similar ao que ocorre no restante da América. Se temos como exceção o México, o Chile, o Paraguai e a Colômbia, onde existe certa projeção de um discurso conservador que se torna vitorioso eleitoralmente, de tempos em tempos, existe também um acanhamento das suas principais lideranças se apresentarem com cores muito nítidas como ultraconservadores. O candidato republicano das eleições presidenciais deste ano nos EUA também revela acanhamento nesta direção e aproxima visivelmente seu discurso daquele original do candidato democrata. A liderança mais expressiva do Tea Party foi Sarah Pallin, que chegou a apresentar um mapa com 20 deputados democratas que deveriam ser derrotados nas eleições para o Congresso. Todos vinham marcados com algo que lembrava um alvo (veja o mapa, ilustrando esta nota). O voluntarismo de Pallin sofreu uma invertida quando um desses deputados democratas, Gabrelle Giffords, foi vítima de um atentado.
É perceptível que existe um ultraconservadorismo latente, à espreita, em todo continente, mas que não consegue se expressar, possivelmente porque suas lideranças não conseguem transitar pela lógica democrática. São afeitos a discursos e práticas espetaculares, mobilizam em alguns momentos críticos, mas não ampliam, ao contrário, reduzem em seguida seu raio de influência.
Este fenômeno, que parece uma obviedade em relação a quase todos grupos mais extremados no espectro ideológico dos países democráticos, não é assim tão evidente. Os valores ultraconservadores parecem aumentar em adesão popular, mas não conseguem se expressar politicamente. Esta parece ser a tese mais consistente. O que, se for correta, indica um importante problema para estudos de cultura política.

Um comentário:

Luís A Bassoli disse...

Rudá, só uma breve correção. A deputada sofreu um atentado, mas não faleceu...