sábado, 31 de dezembro de 2011
Itokonnayaku com salmão
………
Quem acompanha este blog deve ter percebido que sou um bom garfo (faca, prato etc). Hoje, eu e Clau resolvemos experimentar o agora famoso miojo (itokonnyaku ou konjac). Trata-se de uma massa feita com 97% de água e 3% de fibra (100 gramas não ultrapassam 10 calorias). Esta massa possui uma fibra chamada glucomanan que é proveniente de uma planta asiática (a konjac) que expande o estômago. Preparei uma das receitas disponíveis na internet, feita com papelote. Facílimo e muito saboroso. Coloquei uma tampa da garrafa de saquê e muito pouco shoyu. Aproveitei e fiz uma salada de pepino, salsão e repolho (todos crus, regados com shoyu, azeite e suco de limão siciliano).
Aí, despiroquei e abri um Tannat uruguaio. Não tinha nada a ver, mas gosto muito desta uva.
A receita vem abaixo:
KONNYAKU COM SALMÃO
……….Ingredientes
- 200 gramas de konnyaku lavado
- 150 gramas de file salmão cortado em e pedaços
- 20 gramas de cebolinha em talos de 3 cm
- 60 gramas de shimeji
15 ml de sake mirin adocicado para uso culinário - 10 ml de kirin seco
- 15 ml de shoyu
- 30 gramas de manteiga ou 30 ml de azeite extra virgem
- Sal a gosto
- 3 folhas de papel alumínio cortado em 70 cm de comprimento
……….Modo de preparo
- No meio do papel alumínio coloque o salmão, o macarrão japonês, o shimeji, o sake mirin, o sake mirin, a manteiga, o sal e o shoyu.
- Por cima de tudo, salpique a cebolinha e feche o papel alumínio, fazendo um pacote bem vedado
- Aqueça uma frigideira e coloque o embrulho de papel alumínio
- Mantenha o papel em fogo alto por cerca de seis minutos. Depois disso, deixe por outros seis minutos no fogo médio
- Abra o envelope e sirva
……….Rende 1 porção.
Ciao Mao
Não sou ligado em sapatos e que tais. Mas outro dia a coleção da Ciao Mao,empresa brasileira muito criativa e com um designer sofisticado. Vale a pena dar uma olhada.
Sessão da Tarde
Completei minha cota de filmes Sessão da Tarde de 2011. Assisti Missão Impossível (Protocolo Fantasma, o melhor dos três que estou citando), Compramos um Zoológico e Noite de Ano Novo (o mais apelativo).
A cena em que Tom Cruise escala o Burj Ethn Hunt (prédio mais alto do mundo) é daquelas que todos sabemos o que vai ocorrer, que se trata de um filme, mas quase não dá para respirar.
A cena em que Tom Cruise escala o Burj Ethn Hunt (prédio mais alto do mundo) é daquelas que todos sabemos o que vai ocorrer, que se trata de um filme, mas quase não dá para respirar.
Solidão aumenta em 20% no final de ano
Confesso: não gosto nada deste período do ano. De um lado, muita hipocrisia, presentes forçados, exigência de alegria estampada no rosto. De outro, comida pesada, crianças frustradas com presentes que aguardavam e não vieram, disputa para parecer que o sucesso bateu na porta. Sei que parece opinião com ranço intelectualizado, mas é o que sinto. Não gosto do Natal e muito menos da passagem de ano. Prefiro presentear que ganhar presentes e de dar presentes quando dá na telha e não quando o calendário ordena. Não gosto de multidão e muito menos de festa familiar. Passagem de ano é balanço de vida. E vejo muitos infelizes ou jogando para a frente sua tentativa de ser feliz. Não entendo os motivos para não sermos felizes com o que temos e somos. Sinceramente. Já sei: agora comecei a resvalar no papo auto-ajuda. Então, leia a matéria abaixo e veja o que é este período para grande parte dos humanos:
SOLIDÃO AUMENTA EM 20% DURANTE O FIM DE ANO, DIZ CVV
27/12/2011 17:13
Final de ano normalmente é um momento de festa, alegria e confraternizações. Mas, segundo o Centro de Valorização da Vida (CVV) a procura por atendimento emocional aumenta 20% durante as festas de fim de ano. A maior parte que recorre ao serviço, que tem como objetivo atender gratuitamente pessoas que precisam de apoio imediato, se queixa da solidão. O anonimato é garantido.
Muitos não têm com quem passar o Natal e o Ano-Novo, segundo a voluntária do CVV Adriana Rizzo, 41. Para ela, o sofrimento decorre do fato de ver que o mundo inteiro está em festa enquanto eles não. “Quero que esta época passe logo para eu voltar à rotina” é um comentário feito por vários dos que ligam anonimamente à entidade em busca de ajuda.
A maior procura acontece durante a noite e aos finais de semana e o atendimento não é interrompido na véspera de Natal ou no Réveillon. Nesses períodos, as linhas chegam a ficar congestionadas.
Adriana, que é voluntária do CVV há 13 anos, conta que já foi escalada para passar uma noite de Natal atendendo ligações. Ela diz que foi gratificante: “Foi interessante. Muitas pessoas ligavam para desabafar e outras que foram ajudadas por nós queriam agradecer e desejar feliz Ano-Novo”.
Ela conta que não existe um conselho único para ser dado às pessoas que se sentem mal nesta época. O que ela costuma fazer é ficar aberta para ouvir tudo o que a pessoa quer e precisa falar. “O momento é dela”, diz.
Não há tempo determinado para as conversas. A duração pode variar entre cinco minutos e uma hora, de acordo com a necessidade. O CVV recebe aproximadamente 1,2 milhões de ligações telefônicas, ao ano. Dentre elas, pouco mais da metade são pedidos de ajuda (excluindo enganos e procura por informações). E o anonimato é preservado.
SUICÍDIO
SUICÍDIO
Desde 1962, quando a entidade foi criada, o foco do atendimento mudou. Inicialmente, o objetivo era a intervenção com pessoas que estavam prestes a se matar. Atualmente, a filosofia do grupo é dar oportunidade para que as pessoas precisando de ajuda possam desabafar e falar de seus sofrimentos antes de pensarem em suicídio.
Adriana já atendeu pessoas que falavam em suicídio. Segundo ela, após alguns minutos de conversa a pessoa costuma se acalmar. Nesse momento, cabe ao voluntário tentar entender qual o motivo do sofrimento. Mesmo assim, em muitos casos é impossível saber qual foi a decisão da pessoa e o que aconteceu depois.
Alessandro (nome fictício), 55, nunca conversou com alguém que dizia explicitamente estar disposto a se matar, apesar de algumas pessoas atendidas contarem que já tinham pensado nisso. Voluntário há um ano, ele conta que é comum que as pessoas digam que se sentem melhor ao final da ligação, após conseguir verbalizar seus problemas.
SERVIÇO
Os atendimentos do CVV são feitos 24 horas, a partir da central telefônica 141, por e-mail, Voip, por correspondência ou pessoalmente em uma das 71 unidades espalhadas pelo Brasil. O site também oferece um serviço de chat em que se pode conversar com um voluntário reservadamente.
Os atendentes são voluntários que passam por uma seleção e por um treinamento de três meses.
Com Folha Online
Como alguns jornais do interior sobrevivem
1) Atacam o novo prefeito
2) Em seguida, agendam reunião com o atacado
3) Pedem alguns favores: 3 a 5 mil reais mensais, via agência de publicidade; indicação de um membro para um cargo público (de confiança!!)
4) Recebem o favor. Mesmo assim, se esquecem com frequência do combinado, o que aumenta o cacife e os pedidos
5) Fazem o mesmo com a mesa diretora da Câmara Municipal
6) Para arrematar, cobram 200 reais por cabeça para estamparem uma foto de um felizardo na coluna social
Notícia que é bom...
2) Em seguida, agendam reunião com o atacado
3) Pedem alguns favores: 3 a 5 mil reais mensais, via agência de publicidade; indicação de um membro para um cargo público (de confiança!!)
4) Recebem o favor. Mesmo assim, se esquecem com frequência do combinado, o que aumenta o cacife e os pedidos
5) Fazem o mesmo com a mesa diretora da Câmara Municipal
6) Para arrematar, cobram 200 reais por cabeça para estamparem uma foto de um felizardo na coluna social
Notícia que é bom...
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
Dilma: técnica e política? (Brasil Econômico)
Dilma Rousseff: técnica sim, mas com muita personalidade
Rafael Abrantes e Regiane de Oliveira (redacao@brasileconomico.com.br)
30/12/11 09:42
30/12/11 09:42
Em seu primeiro ano à frente da Presidência, Dilma Rousseff consegue provar que é possível ter uma gestão técnica e, mesmo assim, manter as bases políticas do governo.
Uma ligeira mudança no rumo do governo para a esquerda, com políticas mais intervencionistas, aumento do papel do estado na economia, bem como o das estatais. Este era o prognóstico dos mais pessimistas quanto à chegada de Dilma Rousseff ao poder.
O perfil técnico da presidente, aliado a uma carreira de baixa expressão política, foram os ingredientes ideais àqueles que previam a deterioração da qualidade da política econômica do país, especialmente em relação a uma possível falta de jogo de cintura para lidar com os problemas entre os partidos aliados.
Pois passado um ano, os problemas vieram e Dilma não se livrou do estigma de uma presidente técnica, mas surpreendeu mostrando personalidade para equilibrar os conflitos internos - afinal, só neste semestre caíram sete ministros -, manter ainda boa popularidade e, pouco a pouco, ir mostrando que nem sempre segue os caminhos do ex-presidente Lula.
Christopher Garman, diretor para a América Latina do Eurasia Group, garante que não foram poucos momentos em que isto aconteceu. Enquanto o presidente Lula tinha resistências a encaminhar concessão para aeroportos, Dilma foi mais pragmática e defendeu a participação do capital privado para desenvolver a deficitária área de transportes.
"Na verdade, ela já defendia isso quando era ministra da Casa Civil", diz. "Na crise internacional, por exemplo, a presidente tem uma forma mais prática de agir, uma visão economicista. Ela usa a oportunidade para vender o Brasil no cenário externo, e aqui dentro, para baixar juros, incentivando a economia", ressalta.
A atuação do Banco Central (BC) é outro exemplo, diz Ernesto Lozardo, professor da EAESP/FGV. Para ele há um grande contraste na atuação do BC entre os governos Lula e Dilma.
Lozardo diz que Henrique Meirelles, ex-presidente do BC, tinha como função principal olhar a demanda do mercado interno e, a partir dela, planejar as políticas monetárias.
"Já Alexandre Tombini está mais atento ao cenário internacional e como as mudanças externas podem afetar o país no longo prazo. Não é uma política imediatista", explica Lozardo.
Em contrapartida, quando o assunto são gastos, Dilma surpreende ao ser mais conservadora do que Lula. É fato também que o cenário político no segundo mandato de Lula não pediu grandes precauções. Mas dentro do contexto atual, Dilma reduziu gastos e cortou investimentos. "No Congresso, ela não quis negociar nenhum aumento de gastos na Emenda 29 como condição de renovar a DRU (Desvinculação de Recursos da União). Também tem resistido às pressões para aumentar benefícios previdenciários", aponta Garman.
Herança maldita?
Outro bom termômetro da administração pós-Lula é a relação da presidente Dilma com seu quadro de ministros. As expectativas eram variadas sobre os novos nomes indicados para a Esplanada nos dias seguintes à posse - talvez o primeiro movimento por mais eficiência e menos favores e dívidas políticas, apontavam analistas.
"O fato é que não existiu rompimento de equipe entre Dilma e Lula", afirma Carlos Melo, professor e cientista político pelo Insper. "A lógica de governo é sempre política", completa.
E essa herança política vem pesando para Dilma. "O Lula, quando fez uma coalizão de governo, que é a forma de governar típica do parlamentarismo, aumentou a ligação de poder entre os ministros e as bancadas de seus partidos no Congresso. E não é à toa que toda vez que um ministro está balançando, ele vai ao Congresso pedir apoio à sua bancada", explica o sociólogo Rudá Ricci.
"Ela não sabe administrar os conflitos partidários. Perdeu o PR, está a um passo de perder PDT, e o PMDB está seguindo caminho solo nas eleições 2012."
Agora, prestes a realizar uma reforma nas pastas do Executivo, em janeiro, Dilma tem uma oportunidade para racionalizar também seu organograma, o que só será possível se aliado a sustentação política dos partidos de base.
O tema está sendo discutido juntamente a dois conselheiros: Lula e o empresário e tecnocrata Jorge Gerdau. Resta saber quem terá mais ouvidos da presidente em 2012.
Impacto do aumento do salário mínimo sobre contas das prefeituras
De acordo com levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM), o reajuste terá um impacto de R$ 2,759 bilhões nas contas municipais. Grande contingente de servidores municipais recebem até 1 ½ salários mínimos mensais, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste do País. Ao longo dos últimos 10 anos com a política de aumento real do salário mínimo o impacto nas contas municipais já alcançou mais de R$ 13 bilhões.
O que um vereador deveria fazer
O QUE DEVERIA FAZER
1) Criar consulta popular por bairro e segmento social para definir prioridades para elaboração de leis
2) Criar comissões técnicas com representação de segmentos sociais vulneráveis (minorias, adolescentes e jovens em situação de risco, áreas de risco)
3) Criar sistema de monitoramento e divulgação popular da execução orçamentária do município
4) Adotar mecanismos de democracia deliberativa no ciclo orçamentário local (PPA, LDO e LOA)
5) Criar jornal municipal semanal (ou quinzenal) da Câmara Municipal, para divulgação das discussões e aprovações das sessões do parlamento local
6) Criar conselho consultivo com representação social (conselhos municipais, ongs existentes, associação comercial e industrial, sindicatos, OAB e outros) e territorial (bairros e comunidades)
O QUE FAZ
1) Aguarda seis meses após a sua eleição e, então, começa a atacar o Prefeito
2) Negocia benesses com o Executivo (mesmo sendo teoricamente da situação) e inclui o que pode no orçamento a ser votado
3) Mede força para esboçar a nova mesa diretora
4) Contrata assessorias internas e externas (por vários motivos, nem todos explícitos)
5) Distribui bolas de futebol, sacos de cimento, lotes e tudo o mais que conseguir negociar com secretários e Prefeito
6) Fala grosso, principalmente nos bares e restaurantes que frequenta. E adota a prática do "morde e assopra", entrecortada por moções de pesar, requerimentos para abertura de discussões e muitas viagens (que rendem diárias...)
1) Criar consulta popular por bairro e segmento social para definir prioridades para elaboração de leis
2) Criar comissões técnicas com representação de segmentos sociais vulneráveis (minorias, adolescentes e jovens em situação de risco, áreas de risco)
3) Criar sistema de monitoramento e divulgação popular da execução orçamentária do município
4) Adotar mecanismos de democracia deliberativa no ciclo orçamentário local (PPA, LDO e LOA)
5) Criar jornal municipal semanal (ou quinzenal) da Câmara Municipal, para divulgação das discussões e aprovações das sessões do parlamento local
6) Criar conselho consultivo com representação social (conselhos municipais, ongs existentes, associação comercial e industrial, sindicatos, OAB e outros) e territorial (bairros e comunidades)
O QUE FAZ
1) Aguarda seis meses após a sua eleição e, então, começa a atacar o Prefeito
2) Negocia benesses com o Executivo (mesmo sendo teoricamente da situação) e inclui o que pode no orçamento a ser votado
3) Mede força para esboçar a nova mesa diretora
4) Contrata assessorias internas e externas (por vários motivos, nem todos explícitos)
5) Distribui bolas de futebol, sacos de cimento, lotes e tudo o mais que conseguir negociar com secretários e Prefeito
6) Fala grosso, principalmente nos bares e restaurantes que frequenta. E adota a prática do "morde e assopra", entrecortada por moções de pesar, requerimentos para abertura de discussões e muitas viagens (que rendem diárias...)
Índia aprova lei anticorrupção
Pressionados, deputados indianos aprovam lei anticorrupção
REUTERS
A Câmara Baixa do Parlamento indiano aprovou na terça-feira um projeto que cria o cargo de ombudsman para o combate à corrupção.
Centenas de milhares de indianos, principalmente de classe média, se mobilizaram nos últimos meses contra os pequenos casos cotidianos de corrupção e contra escândalos bilionários no segundo país mais populoso do mundo.
A indignação dessas pessoas foi galvanizada pelo ativista Anna Hazare, de 74 anos, que meses atrás realizou uma greve de fome para exigir a aprovação da lei. Na terça-feira ele iniciou um novo jejum, protestando contra emendas que atenuaram o projeto, impedindo, por exemplo, o futuro ombudsman de investigar denúncias contra altos escalões do governo.
Por causa dos protestos, o governo se comprometeu a aprovar a lei antes do final do ano. Mas o debate na Câmara Baixa (deputados) foi acirrado. O principal partido de oposição votou contra, vários outros grupos se retiraram do plenário, e o projeto não obteve os dois terços dos votos que seriam necessários para uma emenda constitucional. O projeto agora irá para o Senado, onde o governo não tem maioria.
Horas depois do início da nova greve de fome de Hazare, uma TV local disse que ele talvez precise ser hospitalizado. Médicos estiveram no local do protesto dele, num terreno de Mumbai, centro financeiro do país, e recolheram amostras de sangue para exames.
O apoio popular a Hazare diminuiu nos últimos meses, por causa da disposição do governo em aprovar o projeto anticorrupção, esvaziando os argumentos do ativista, para quem nada está sendo feito para combater o problema na terceira maior economia asiática. Disputas internas no movimento e acusações de irregularidades financeiras por parte de assessores dele também abalaram a reputação do líder ativista.
Entre os casos de corrupção mais relevantes dos últimos tempos na Índia está um escândalo envolvendo licenças de telecomunicações, que custou 39 bilhões de dólares aos cofres públicos, segundo uma investigação do governo, e várias irregularidades financeiras por ocasião dos Jogos da Commonwealth, ocorridos em 2010 em Délhi.
(Por Rajesh Kumar Singh e Kaustubh Kulkarni)
Política educacional de Dilma
Os rumos da política educacional de Dilma
Por Erick M
Do Valor Econômico
Por Cristiano Romero | De Brasília
No primeiro ano de mandato, o governo Dilma Rousseff não conseguiu iniciar o resgate da dívida com a educação deixada pelo antecessor e, por isso, as expectativas se voltam para 2012, quando haverá troca de ministros logo no começo do ano. A grande marca da presidente, em 2011, foi o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), lançado em maio e transformado em lei em outubro.
O governo é criticado, porém, por dar pouca importância ao ensino básico e por não enfrentar o corporativismo e o sindicalismo que, segundo os críticos, tomaram conta do Ministério da Educação (MEC) e especialmente das universidades federais. "A presidente Dilma Rousseff não tem a educação básica como eixo de sua gestão. Fala muito de profissionalizante e de creche, um tema de sua campanha", diz Priscila Cruz, diretora-executiva do movimento "Todos Pela Educação", iniciativa da sociedade civil financiada exclusivamente pelo setor privado.
Dilma tem enfrentado dificuldades na própria base de apoio. Não conseguiu, por exemplo, aprovar, em 2011, o Plano Nacional de Educação (PNE), criado pela Lei 10.172 em 2001. O PNE estabelece um programa decenal para a educação no país, com a fixação de diretrizes e metas, além de estratégias para concretizá-las. Durante a tramitação na Câmara dos Deputados, o governo entrou em choque com as bases sindicais do PT, que exigiram a elevação dos gastos com educação de 7% para 10% do Produto Interno Bruto (PIB).
Por causa das restrições fiscais, o Palácio do Planalto não aceitou o aumento da despesa. "Terminamos o ano sem a aprovação do PNE, que era prioridade do programa de governo da presidente Dilma. O principal problema foi reduzir o plano ao debate em torno do percentual do PIB, em detrimento do aprofundamento de questões igualmente importantes e sérias para a educação brasileira", critica Maria Helena Castro Guimarães, ex-secretária-executiva do MEC na gestão Paulo Renato Souza (1995-2002).
Mesmo ligada a governos do PSDB - ela foi também secretária de Educação do Estado de São Paulo na gestão Geraldo Alckmin -, Maria Helena reconhece os méritos do Pronatec. Segundo ela, o programa tem a vantagem de articular diferentes iniciativas já existentes para aumentar a oferta de educação profissional em todos os níveis - qualificação profissional, técnico de nível médio e tecnólogo. Financia o estudante, apoia as redes estaduais, expande a rede federal e aceita as três formas de ensino técnico (integrada ao ensino médio regular, concomitante ou subsequente).
Votação do Plano Nacional da Educação e implantação do piso dos professores é a agenda inacabada
"A expansão da educação profissional consiste num dos principais desafios educacionais do Brasil, do qual, de maneira articulada com a melhoria da qualidade da educação básica em geral e com a expansão das engenharias e demais graduações na área das ciências e tecnologias, depende o desenvolvimento do país no futuro imediato. O Pronatec é a boa notícia do primeiro ano de governo", elogia Maria Helena.
Cláudio de Moura Castro, um dos maiores especialistas do país em política da educação e educação para o trabalho, também elogia o Pronatec, mas critica o fato de o programa restringir a concessão de bolsas a alunos que estudem em escolas públicas ou sem fins lucrativos. "É um conceito bobo. Por que no Prouni [programa do MEC que dá bolsas a estudantes de faculdades particulares] não tem isso e no Pronatec tem?", indaga Moura Castro, que critica também o fato de a lei do Pronatec academizar excessivamente o ensino técnico.
"[Pela nova lei] diretor de escola técnica tem que ter doutorado. Fizeram uma legislação que prejudica o ensino técnico; os tecnólogos porque exige diploma demais, os mestrados profissionais porque não são profissionais, mas acadêmicos", assinala o professor, que preside o Conselho Consultivo da Faculdade Pitágoras, em Belo Horizonte.
Um outro problema é que, em seu primeiro ano, o governo Dilma não conseguiu negociar uma solução para a aplicação da Lei 11.738, que instituiu o piso nacional dos professores. Em abril, o Supremo Tribunal Federal julgou constitucional a aplicação do piso, que é contestado por vários Estados. Mesmo com a decisão do STF, ainda não se sabe como o piso será reajustado em 2012.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva enviou projeto de lei ao Congresso propondo a correção pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). A Câmara aprovou o projeto, mas o Senado mudou o texto, fazendo valer a regra anterior - a correção é feita com base na variação do valor anual mínimo por aluno do Fundeb verificado nos dois exercícios anteriores, ou seja, para o reajuste de 2012 deve-se calcular a variação ocorrida entre 2010 e 2011.
O impasse está provocando insegurança jurídica. Além disso, Estados e prefeituras alegam que a medida terá forte impacto negativo em suas contas e, por isso, vêm se recusando a aplicá-la, o que, por sua vez, tem provocado greves longas de professores. Se a correção fosse pelo INPC, deveria ficar em torno de 6,5%; se for pela regra aprovada pelo Senado, algo entre 16% e 22%.
Os indicadores oficiais mostram que os principais problemas da educação estão justamente no ensino básico, principalmente, no médio. Priscila Cruz lembra que dados oficiais mostram que 63,4% dos jovens de 16 anos concluíram o ensino fundamental em 2009. Destes, apenas 26,3% tiveram aprendizado adequado em português e 14,8% em matemática.
Naquele ano, 50,2% dos jovens de 19 anos concluíram o ensino médio, mas, desse grupo, apenas 29% demonstraram aprendizado adequado em português e 11% em matemática. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2009 informam que 3,7 milhões de crianças e jovens (de 4 a 17 anos) ainda estão fora da escola. A Prova ABC de 2011 revelou, também, que apenas 53% dos alunos que concluíram o 3º ano do ensino fundamental aprenderam o que era esperado em leitura e 43% em matemática.
"Se quisermos realmente ser um país melhor, precisamos dar mais atenção à educação. Um estadista que entenda que o bem mais precioso é a sua própria população e não a estrada, o aeroporto, a usina, a Copa do Mundo e as Olimpíadas faz a diferença. Infelizmente, ainda não vimos isso na presidente Dilma. Espero que ela acorde em 2012 preparada para essa missão", critica Priscila Cruz, que reclama do fato de o governo dar mais prioridade ao ensino superior. "O governo dá mais para a nata da nata. O estudante que chega à universidade já é um vencedor dessa corrida pela educação."
A gestão de apenas um ano da presidente Dilma na área educacional é avaliada, na verdade, pela obra do seu antecessor. A presidente pretende impor uma marca pessoal a partir de 2012. E as mudanças começarão logo. Ela deve começar a reforma de seu ministério pela Educação, já em meados de janeiro, com a troca de Fernando Haddad, que sairá candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PT, por Aloizio Mercadante, atual ministro da Ciência e Tecnologia.
Dilma nunca morreu de amores por Haddad. No início do governo, foi obrigada a cancelar férias do ministro por causa de problemas na aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). "Se alguém perguntar à presidente o que ela acha do desempenho do Haddad, ela dirá que ele é um ótimo candidato à Prefeitura de São Paulo", ironiza um colaborador da presidente.
Haddad é um dos mais longevos ministros da Educação. Comanda a Pasta desde julho de 2005. Ele foi bastante elogiado pela maioria dos especialistas ouvidos pelo Valor, mas mesmo os que pensam assim acham que ele teve dificuldades para implementar suas ideias, em função da resistência de setores da burocracia controlados pelo PT e por sindicatos.
Para Cláudio de Moura Castro, Haddad, a exemplo de Paulo Renato Souza, esbarrou no corporativismo e, por isso, operou mudanças "da porta do ministério para fora". Para driblar a resistência às mudanças, criou metas de desempenho e deu ênfase aos mecanismos de avaliação da qualidade do ensino. "Haddad é um ministro inteligente, aberto e pragmático", afirma.
"Haddad foi certamente um dos melhores ministros da Educação do país. Acabou com o balcão de negócios que era o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), criou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e elaborou a emenda constitucional 59, que estendeu a obrigatoriedade do ensino para a faixa dos 4 aos 17 anos [que, antes, era dos 7 aos 14]", faz coro Priscila Cruz. "No último ano de gestão, por causa da candidatura à prefeitura, infelizmente ele tirou o pé do acelerador no caso da educação básica", ressalva ela.
Moura Castro diz que a criação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), uma das marcas de Haddad, foi uma boa iniciativa porque, além de incorporar as provas de avaliação já existentes no governo anterior - o Saeb e a Prova Brasil, "as melhores provas feitas no país" -, o indicador revela a velocidade do avanço. O especialista lembra que a qualidade do ensino, medida pelos testes oficiais, tem melhorado, mas que a mudança, embora estatisticamente relevante, ainda é invisível. "Agora [com o Ideb], nós sabemos com precisão que há uma tendência de melhora."
O que Haddad não conseguiu reverter, dizem os críticos, foi o viés antissetor privado do MEC. "Há uma situação esdrúxula em que o MEC compra 120 milhões de livros, mas não pode comprar os sistemas de ensino, quer dizer, não pode deixar Estados ou municípios comprarem esses sistemas, como se faz em São Paulo. Lá, os estudantes estão seis meses à frente dos que não estudam por esse sistema", assinala Moura Castro. "Eles [o MEC] não acreditam no ensino estruturado, com método, passo a passo."
Outras críticas feitas à gestão de Haddad dizem respeito ao esvaziamento dos institutos normais superiores, criados pelo ministro Paulo Renato Souza para a formação de professores; ao bloqueio, por causa da revelação de fraudes, à criação de novos cursos de ensino à distância; à não uniformização de currículos nacionais; à abertura de universidades federais onde não há demanda de alunos; à falta de professores nos institutos federais de ensino.
No caso da formação de professores, Haddad não conseguiu conter a pressão de professores das universidades federais, que defendem a formação de professores nos cursos de pedagogia. "Esses cursos não formam professores, mas teóricos da educação", observa Moura Castro.
O sociólogo e consultor Rudá Ricci é um dos críticos mais duros à atuação de Haddad e, por extensão, dos governos Lula e Dilma. Segundo ele, ambos os governos não têm uma estratégia educacional para o país. "[Ao dar ênfase aos indicadores de avaliação] ele centralizou o discurso sobre currículos", observa Ricci.
O especialista critica, também, o Ideb. "O Ideb é absolutamente incompleto. Coloca a culpa sempre no professor. É um recurso de gestão, mas não é um instrumento pedagógico." Ao contrário de Moura Castro, Ricci vê Haddad mais próximo das demandas do ensino privado. Ele critica com veemência a compra, pela rede de ensino público, de sistemas de ensino. "Esta sempre foi a proposta tucana", diz ele.
Ricci lembra que o governo Lula melhorou bastante o salário dos professores universitários, mas parou por aí. Não debateu os temas da educação com a comunidade acadêmica. "Num país que pretende se transformar numa potência, o governo discute só a questão corporativa. O problema é a política educacional."
O sociólogo acredita que Aloizio Mercadante deverá "politizar o debate". Mercadante, na opinião dele, foi "boicotado" pelo ex-presidente Lula, impedindo-o de assumir o Ministério da Fazenda. Agora, diz ele, chegou a chance de Mercadante assumir um ministério de ponta.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
Duas matérias do Valor Econômico
Dívida coloca em xeque legado do choque de gestão em Minas
21/12/2011
Por Marcos de Moura e Souza | De Belo Horizonte
Quando elegeram o professor de Direito Antonio Anastasia governador de Minas Gerais no ano passado, os mineiros não esperavam grandes mudanças. Ele já havia sido secretário de governo no primeiro mandato de Aécio Neves e, no segundo, vice, tendo assumido o governo nos seus últimos nove meses. Discreto, inteligente e dono de uma imagem mais acadêmica e administrativa do que a de articulador político, Anastasia faria, na cabeça de boa parte da população, um governo de continuidade, focado em resultados e eficiência e sem maiores sobressaltos. Seu primeiro ano de mandato, no entanto, rendeu a muitos eleitores surpresas incômodas.
Eles assistiram a uma longa e desgastante greve dos servidores da educação que arrastou o governo do Estado para um embate que custou 112 dias para ser equacionado. Para alguns analistas, o episódio revelou uma dose de ineficiência do novo governo em dialogar - apesar da cancha que Anastasia já havia adquirido em quase uma década no Executivo.
Outra surpresa para muita gente foi com relação às contas do Estado. A dívida com a União passou a ser tratada como motivo de preocupação urgente e como um sério risco às contas públicas.
Um estudo realizado pelo Tribunal de Contas do Estado apontou que para honrar a dívida de R$ 57 bilhões que tem com a União até o prazo de 2038, Minas teria de reservar 16,8% da receita líquida real. Hoje, o governo usa 13% dessa receita. O porcentual, o máximo segundo a regra em vigor, é insuficiente para que a conta seja paga no prazo.
"Um aumento significaria sacrifícios de algumas políticas e investimentos porque o Estado teria de reservar uma fatia maior do Orçamento", diz o economista Fabrício de Oliveira, consultor do governo federal e organismos internacionais e que participou do estudo do TCE. "A questão da dívida surgiu como uma surpresa para muita gente e uma das razões de ela ter passado a ser discutida mais abertamente foi o estudo do tribunal", diz Oliveira. "O governo anterior nunca pareceu se preocupar muito com a questão. E o saneamento da dívida deveria ter estado no coração do choque de gestão."
Minas deve fechar o ano com uma arrecadação acima dos R$ 32 bilhões registrados no ano passado e com uma relação das despesas com o funcionalismo abaixo do nível prudencial. E embora a dívida supere em muito a receita, a relação está ainda um pouco abaixo do limite permitido. Mesmo assim o Estado teve de apertar o cinto este ano. Adiou, por exemplo, para o início de 2012 o pagamento do que chama de prêmio de produtividade aos servidores. Além de adiado, o pagamento será feito em duas vezes.
Tudo isso contribuiu para desgastar a imagem do governador, segundo analistas ouvidos pela reportagem -- embora nenhuma pesquisa sobre sua aprovação tenha sido divulgada. Eleito com 62,7% dos votos válidos, Anastasia não poderá tentar a reeleição em 2014 porque no início de 2010, meses antes das eleições, assumiu o governo para liberar Aécio à disputa pelo Senado.
"Anastasia assumiu como continuidade do governo e sabia-se qual seria o seu modelo de gestão: perfil técnico e marcado pela propaganda da eficiência", diz Carlos Ranulfo, professor de ciência política da Universidade Federal de Minas Gerais. "Neste primeiro ano, não fez nada de novo. Houve muita propaganda e ele foi ajudado ainda pelo tratamento conferido ao governo pela imprensa local que dá muito pouco espaço para o contraditório."
O tucano governa com folgada maioria na Assembleia. Mesmo assim, segundo o líder do PT da Casa, o deputado estadual, Pompílio Canavez, a relação com o Legislativo não foi das melhores. "Foi um ano de baixa produtividade do Legislativo porque muitos dos temas que poderíamos ter apreciado, como modificações na administração do Estado, o governador resolveu por meio de leis delegadas." O líder tucano, o deputado Luiz Humberto, rebate assim: "Nunca vimos oposição tão ferrenha e que antecipa a eleição de 2014. E ao mesmo tempo, o governo nunca esteve tão presente na Casa, por meio de secretários que vieram discutir projetos fundamentais".
No primeiro semestre, o bloco de oposição que era formado pelo PT, PMDB, PRB e PCdoB ainda conseguia impor algum trabalho à bancada governista. Mas em agosto, o PMDB foi para o lado dos 'independentes', deixando Anastasia com a mesma tranquilidade legislativa da qual desfrutou Aécio.
Nos corredores do Palácio Tiradentes, sede do Executivo, no entanto, a atmosfera este ano não foi tão calma, segundo sociólogo e analista político Rudá Ricci. "Houve troca de guarda no alto escalão e alguns nomes que tinham muita influência no governo Aécio caíram na estrutura de poder", diz Ricci. Uma das afetadas pela suposta perda de prestígio interno teria sido Andrea Neves, irmã e braço de direito de Aécio durante seus mandatos. "Essas trocas desacomodaram muita gente e isso abriu brigas internas", diz Ricci. Os rumores de uma reforma iminente no secretariado estariam levando agitação extra à equipe.
Além de tourear acomodações, Anastasia que não é exatamente conhecido pela habilidade política, teve pela frente um ano de ajuste nas contas e de incertezas na economia. Alguns analistas dizem que ele acabou fechando seu primeiro ano com pouca exposição pública e sem uma grande marca de governo.
Seu plano de governo anunciado durante a campanha apresentava sete grandes áreas de ação. Muitas, como é praxe, genéricas. Sobre a primeira área, a gestão, o então candidato prometia, entre outras medidas, "planejamento regional e política de valorização dos servidores públicos"; na saúde, "melhoria da qualidade do atendimento básico à saúde e fortalecimento de hospitais regionais"; na educação, ampliação do ensino profissional e das escolas de tempo integral; na área de infraestrutura, a prioridade era asfaltar 7,6 mil km de estradas; na segurança, "a meta é a consolidação do modelo de gestão integrada das Polícias Civil, Militar e Corpo de Bombeiros"..
Opositores e governistas se digladiam quando avaliam o andamento das propostas. Para os primeiros, tudo vai em marcha muito lenta; para os outros, as coisas avançam apesar do ano de desaceleração da economia.
No terceiro trimestre, a economia mineira cresceu apenas 0,3% em relação ao mesmo período de 2010. Segundo projeções da federação das indústrias do Estado, Minas fechará o ano com um crescimento de 2,6% e em 2012, de 2,8%.
Eles assistiram a uma longa e desgastante greve dos servidores da educação que arrastou o governo do Estado para um embate que custou 112 dias para ser equacionado. Para alguns analistas, o episódio revelou uma dose de ineficiência do novo governo em dialogar - apesar da cancha que Anastasia já havia adquirido em quase uma década no Executivo.
Outra surpresa para muita gente foi com relação às contas do Estado. A dívida com a União passou a ser tratada como motivo de preocupação urgente e como um sério risco às contas públicas.
Um estudo realizado pelo Tribunal de Contas do Estado apontou que para honrar a dívida de R$ 57 bilhões que tem com a União até o prazo de 2038, Minas teria de reservar 16,8% da receita líquida real. Hoje, o governo usa 13% dessa receita. O porcentual, o máximo segundo a regra em vigor, é insuficiente para que a conta seja paga no prazo.
"Um aumento significaria sacrifícios de algumas políticas e investimentos porque o Estado teria de reservar uma fatia maior do Orçamento", diz o economista Fabrício de Oliveira, consultor do governo federal e organismos internacionais e que participou do estudo do TCE. "A questão da dívida surgiu como uma surpresa para muita gente e uma das razões de ela ter passado a ser discutida mais abertamente foi o estudo do tribunal", diz Oliveira. "O governo anterior nunca pareceu se preocupar muito com a questão. E o saneamento da dívida deveria ter estado no coração do choque de gestão."
Minas deve fechar o ano com uma arrecadação acima dos R$ 32 bilhões registrados no ano passado e com uma relação das despesas com o funcionalismo abaixo do nível prudencial. E embora a dívida supere em muito a receita, a relação está ainda um pouco abaixo do limite permitido. Mesmo assim o Estado teve de apertar o cinto este ano. Adiou, por exemplo, para o início de 2012 o pagamento do que chama de prêmio de produtividade aos servidores. Além de adiado, o pagamento será feito em duas vezes.
Tudo isso contribuiu para desgastar a imagem do governador, segundo analistas ouvidos pela reportagem -- embora nenhuma pesquisa sobre sua aprovação tenha sido divulgada. Eleito com 62,7% dos votos válidos, Anastasia não poderá tentar a reeleição em 2014 porque no início de 2010, meses antes das eleições, assumiu o governo para liberar Aécio à disputa pelo Senado.
"Anastasia assumiu como continuidade do governo e sabia-se qual seria o seu modelo de gestão: perfil técnico e marcado pela propaganda da eficiência", diz Carlos Ranulfo, professor de ciência política da Universidade Federal de Minas Gerais. "Neste primeiro ano, não fez nada de novo. Houve muita propaganda e ele foi ajudado ainda pelo tratamento conferido ao governo pela imprensa local que dá muito pouco espaço para o contraditório."
O tucano governa com folgada maioria na Assembleia. Mesmo assim, segundo o líder do PT da Casa, o deputado estadual, Pompílio Canavez, a relação com o Legislativo não foi das melhores. "Foi um ano de baixa produtividade do Legislativo porque muitos dos temas que poderíamos ter apreciado, como modificações na administração do Estado, o governador resolveu por meio de leis delegadas." O líder tucano, o deputado Luiz Humberto, rebate assim: "Nunca vimos oposição tão ferrenha e que antecipa a eleição de 2014. E ao mesmo tempo, o governo nunca esteve tão presente na Casa, por meio de secretários que vieram discutir projetos fundamentais".
No primeiro semestre, o bloco de oposição que era formado pelo PT, PMDB, PRB e PCdoB ainda conseguia impor algum trabalho à bancada governista. Mas em agosto, o PMDB foi para o lado dos 'independentes', deixando Anastasia com a mesma tranquilidade legislativa da qual desfrutou Aécio.
Nos corredores do Palácio Tiradentes, sede do Executivo, no entanto, a atmosfera este ano não foi tão calma, segundo sociólogo e analista político Rudá Ricci. "Houve troca de guarda no alto escalão e alguns nomes que tinham muita influência no governo Aécio caíram na estrutura de poder", diz Ricci. Uma das afetadas pela suposta perda de prestígio interno teria sido Andrea Neves, irmã e braço de direito de Aécio durante seus mandatos. "Essas trocas desacomodaram muita gente e isso abriu brigas internas", diz Ricci. Os rumores de uma reforma iminente no secretariado estariam levando agitação extra à equipe.
Além de tourear acomodações, Anastasia que não é exatamente conhecido pela habilidade política, teve pela frente um ano de ajuste nas contas e de incertezas na economia. Alguns analistas dizem que ele acabou fechando seu primeiro ano com pouca exposição pública e sem uma grande marca de governo.
Seu plano de governo anunciado durante a campanha apresentava sete grandes áreas de ação. Muitas, como é praxe, genéricas. Sobre a primeira área, a gestão, o então candidato prometia, entre outras medidas, "planejamento regional e política de valorização dos servidores públicos"; na saúde, "melhoria da qualidade do atendimento básico à saúde e fortalecimento de hospitais regionais"; na educação, ampliação do ensino profissional e das escolas de tempo integral; na área de infraestrutura, a prioridade era asfaltar 7,6 mil km de estradas; na segurança, "a meta é a consolidação do modelo de gestão integrada das Polícias Civil, Militar e Corpo de Bombeiros"..
Opositores e governistas se digladiam quando avaliam o andamento das propostas. Para os primeiros, tudo vai em marcha muito lenta; para os outros, as coisas avançam apesar do ano de desaceleração da economia.
No terceiro trimestre, a economia mineira cresceu apenas 0,3% em relação ao mesmo período de 2010. Segundo projeções da federação das indústrias do Estado, Minas fechará o ano com um crescimento de 2,6% e em 2012, de 2,8%.
Minas Gerais se prepara para novo ciclo de queda na arrecadação
21/12/2011
Por Marcos de Moura e Souza | Valor
BELO HORIZONTE - Minas Gerais se prepara para o que pode ser um novo ciclo de queda na arrecadação. Os reflexos da desaceleração da economia global já levaram o governador Antonio Anastasia (PSDB) a sacrificar este ano um pagamento extra aos servidores com melhor desempenho. Cautela passou ser uma das palavras mais usadas pelo tucano.
“A cautela foi ampliada em função da crise internacional que está mais aguda em vários países europeus. A crise do desemprego e dos bancos na Europa está muito grave e a China também tem as suas dificuldades. O valor do minério de ferro que, para nós é muito importante, já caiu bastante. Diante disso, temos de ter muita cautela, porque os recursos do Estado são finitos”, disse Anastasia.
Na primeira fase da crise financeira internacional, Minas viu sua receita de 2009 ficar R$ 2 bilhões menor do que o previsto no Orçamento. Em 2010 e 2011, a receita voltou a crescer, mas ainda não chegou aos níveis anteriores a 2008.
Ao mesmo tempo, os gastos com custeio dispararam. De 2008 a 2011, a folha de pagamento do funcionalismo cresceu 45% em razão de novos encargos – chegando em R$ 21,08 bilhões. No terceiro trimestre deste ano, a arrecadação perdeu força e cresceu apenas 0,3% em relação ao mesmo período de 2010.
Minas é um dos Estados mais vulneráveis aos altos e baixos da economia global. Por ser um grande exportador de commodities minerais e agrícolas, sua economia tem sentido mais acentuadamente os impactos da desaceleração dos países ricos do que o Brasil de modo geral. Em 2009, quando o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil encolheu 0,6%, o de Minas encolheu 3,1%. “Não sabemos o que vai acontecer com precisão no ano de 2012”, disse o governador.
Um dos reflexos desse quadro de incerteza já recaiu nos ombros dos servidores. O prêmio por produtividade que vinha sendo pago desde 2007 no segundo semestre do ano seguinte ao ano base foi adiado desta vez. E será pago em duas vezes no início de 2012, promete o governo.
“Dentro do quadro de cautela que vivemos, achamos por bem, inicialmente, cumprir os compromissos legais, como manter em dia o pagamento dos servidores e o pagamento integral do décimo terceiro salário”, disse. “O nosso compromisso é não deixar de fazer nada que está no Orçamento.”
O adiamento do prêmio foi, claro, mal recebido pelo funcionalismo, setor com o qual Anastasia já tinha se indisposto este ano durante a paralisação de 112 professores. Acusado pela oposição e pelo professorado de agir com intransigência e inabilidade, Anastasia disse que sempre deixou espaço aberto para debate e que sua equipe fez “dezenas de reuniões ao longo de todo o processo de negociação”.
No balanço de realizações do primeiro ano, o governo diz que um dos principais reflexos dos investimentos e do ambiente favorável aos negócios no Estado apareceu na abertura de vagas de trabalho. De janeiro a outubro, segundo o governo, foram criados 245,3 mil vagas de trabalho – um crescimento de 6,44%, ligeiramente superior que a média nacional de 6,24%. A taxa de dezemprego na região metropolitana de Belo Horizonte atingiu em setembro a menor marca registrada desde 1996, 6,4%.
Criar empregos de qualidade e continuar atraindo investimentos será, segundo ele, o principal objetivo de seu governo logo nos primeiros meses de 2012. “Apesar de todos os investimentos e avanços registrados nos últimos anos, ainda temos carências de infraestrutura, tanto física quanto social, nas áreas de estradas, aeroportos, telefonia, saúde, educação e segurança”, disse. “Criou-se, todavia, um quadro mais favorável para atrair empresas. Então, a marca deste governo é exatamente dar um passo além. Com base no que foi e está sendo feito, procuramos atrair grandes empreendimentos.”
No balanço de 2011, o governo de Minas comemorou ainda a assinatura de 141 protocolos de intenção de investimentos de um total de R$ 27,6 bilhões.
Anastasia diz, no entanto, que a economia de Minas precisa mudar em alguns aspectos e um deles é a dependência em relação às commodities (minério de ferro e café, sobretudo). “Nós temos muito orgulho delas, pois são a grande riqueza de Minas e do Brasil. Mas precisamos criar ambiente para que uma parte cada vez maior delas seja beneficiada no próprio Estado, agregando valor e contribuindo para o desenvolvimento social e econômico de Minas Gerais.”
No acumulado até novembro, as exportações do Estado cresceram 36,3%, chegando a R$ 37,9 bilhões. Em menos de uma década, Minas passou de uma participação nas exportações nacionais de 10,4% para 16,1%.
Outra mudança que Anastasia passou a defender diz respeito à dívida de R$ 57 bilhões que o Estado tem com a União. Minas paga cerca de R$ 300 milhões por mês, quase R$ 4 bilhões por ano. “Estamos em conversas permanentes [com o ministério da Fazenda]. É uma posição praticamente unânime dos Estados federados a necessidade de revisão, especialmente do indexador da dívida. Não é um tema mineiro, é um tema nacional.”
Sobre outro tema nacional, a distribuição dos royalties do petróleo, Anastasia diz que “ninguém pode pretender fazer injustiça, ou seja, não podemos imaginar diminuição de receita já existente pelos estados produtores. É preciso atender os estados não produtores, e resguardar também os estados produtores. Essa posição de equilíbrio é o que nós devemos buscar.”
(Marcos de Moura e Souza | Valor)
“A cautela foi ampliada em função da crise internacional que está mais aguda em vários países europeus. A crise do desemprego e dos bancos na Europa está muito grave e a China também tem as suas dificuldades. O valor do minério de ferro que, para nós é muito importante, já caiu bastante. Diante disso, temos de ter muita cautela, porque os recursos do Estado são finitos”, disse Anastasia.
Na primeira fase da crise financeira internacional, Minas viu sua receita de 2009 ficar R$ 2 bilhões menor do que o previsto no Orçamento. Em 2010 e 2011, a receita voltou a crescer, mas ainda não chegou aos níveis anteriores a 2008.
Ao mesmo tempo, os gastos com custeio dispararam. De 2008 a 2011, a folha de pagamento do funcionalismo cresceu 45% em razão de novos encargos – chegando em R$ 21,08 bilhões. No terceiro trimestre deste ano, a arrecadação perdeu força e cresceu apenas 0,3% em relação ao mesmo período de 2010.
Minas é um dos Estados mais vulneráveis aos altos e baixos da economia global. Por ser um grande exportador de commodities minerais e agrícolas, sua economia tem sentido mais acentuadamente os impactos da desaceleração dos países ricos do que o Brasil de modo geral. Em 2009, quando o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil encolheu 0,6%, o de Minas encolheu 3,1%. “Não sabemos o que vai acontecer com precisão no ano de 2012”, disse o governador.
Um dos reflexos desse quadro de incerteza já recaiu nos ombros dos servidores. O prêmio por produtividade que vinha sendo pago desde 2007 no segundo semestre do ano seguinte ao ano base foi adiado desta vez. E será pago em duas vezes no início de 2012, promete o governo.
“Dentro do quadro de cautela que vivemos, achamos por bem, inicialmente, cumprir os compromissos legais, como manter em dia o pagamento dos servidores e o pagamento integral do décimo terceiro salário”, disse. “O nosso compromisso é não deixar de fazer nada que está no Orçamento.”
O adiamento do prêmio foi, claro, mal recebido pelo funcionalismo, setor com o qual Anastasia já tinha se indisposto este ano durante a paralisação de 112 professores. Acusado pela oposição e pelo professorado de agir com intransigência e inabilidade, Anastasia disse que sempre deixou espaço aberto para debate e que sua equipe fez “dezenas de reuniões ao longo de todo o processo de negociação”.
No balanço de realizações do primeiro ano, o governo diz que um dos principais reflexos dos investimentos e do ambiente favorável aos negócios no Estado apareceu na abertura de vagas de trabalho. De janeiro a outubro, segundo o governo, foram criados 245,3 mil vagas de trabalho – um crescimento de 6,44%, ligeiramente superior que a média nacional de 6,24%. A taxa de dezemprego na região metropolitana de Belo Horizonte atingiu em setembro a menor marca registrada desde 1996, 6,4%.
Criar empregos de qualidade e continuar atraindo investimentos será, segundo ele, o principal objetivo de seu governo logo nos primeiros meses de 2012. “Apesar de todos os investimentos e avanços registrados nos últimos anos, ainda temos carências de infraestrutura, tanto física quanto social, nas áreas de estradas, aeroportos, telefonia, saúde, educação e segurança”, disse. “Criou-se, todavia, um quadro mais favorável para atrair empresas. Então, a marca deste governo é exatamente dar um passo além. Com base no que foi e está sendo feito, procuramos atrair grandes empreendimentos.”
No balanço de 2011, o governo de Minas comemorou ainda a assinatura de 141 protocolos de intenção de investimentos de um total de R$ 27,6 bilhões.
Anastasia diz, no entanto, que a economia de Minas precisa mudar em alguns aspectos e um deles é a dependência em relação às commodities (minério de ferro e café, sobretudo). “Nós temos muito orgulho delas, pois são a grande riqueza de Minas e do Brasil. Mas precisamos criar ambiente para que uma parte cada vez maior delas seja beneficiada no próprio Estado, agregando valor e contribuindo para o desenvolvimento social e econômico de Minas Gerais.”
No acumulado até novembro, as exportações do Estado cresceram 36,3%, chegando a R$ 37,9 bilhões. Em menos de uma década, Minas passou de uma participação nas exportações nacionais de 10,4% para 16,1%.
Outra mudança que Anastasia passou a defender diz respeito à dívida de R$ 57 bilhões que o Estado tem com a União. Minas paga cerca de R$ 300 milhões por mês, quase R$ 4 bilhões por ano. “Estamos em conversas permanentes [com o ministério da Fazenda]. É uma posição praticamente unânime dos Estados federados a necessidade de revisão, especialmente do indexador da dívida. Não é um tema mineiro, é um tema nacional.”
Sobre outro tema nacional, a distribuição dos royalties do petróleo, Anastasia diz que “ninguém pode pretender fazer injustiça, ou seja, não podemos imaginar diminuição de receita já existente pelos estados produtores. É preciso atender os estados não produtores, e resguardar também os estados produtores. Essa posição de equilíbrio é o que nós devemos buscar.”
(Marcos de Moura e Souza | Valor)
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