terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Corte da cooperação da Europa com latinoamericanos


Em 2008 participei, na Cidade do México, de um encontro com representantes da América Latina e Europa para discutir os desafios da democracia e da organização da sociedade civil nas duas regiões. Eu era o único brasileiro convidado pela Universidade Metropolitana, organizadora do evento.

Naquele encontro, representantes da Inglaterra e França já afirmavam que não havia motivos para investirem em cooperação a projetos sociais brasileiros já que se configurava como uma nação que caminhava para ser potência mundial. E afirmavam que cortariam em 50% os recursos destinados para a América Latina nos próximos cinco anos. 
Na semana que passou, esta projeção ganhou força. A Comissão Européia aprovou o orçamento para o período 2014-2020. Cortou todos recursos para fundos de cooperação com 11 países latinoamericanos. A crise européia, em outras palavras, acelerou o vaticínio de 2008. O critério para o corte foi a renda média daqueles que possuem renda per capita média entre 3000 e 9500 dólares, além dos países que possuem PIB superior a 1% da economia mundial. Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Panamá, Peru, Uruguai e Venezuela encontram-se nesta linha de corte.
A União Européia concentrará sua ajuda em sete países.
Permanecem os acordos nas áreas de mudança climática, segurança, combate ao tráfico de drogas e pessoas, intercâmbio empresarial e ajuda comum contra a pobreza de outros países.
No orçamento que termina em 2013, o Brasil terá recebido 61 milhões de euros, em especial, vinculados ao intercâmbio e ás políticas ambientais.
O impacto sobre as ONGs agravará uma situação de penúria financeira que se iniciou na segunda metade dos anos 1990. Acelerará a dependência em relação aos convênios com governos estaduais e federal o que, por seu turno, desconfigurará o perfil ideológico dessas entidades sem fins lucrativos que se multiplicaram em nosso país a partir da década de 1980.

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