Estou lendo o novo livro de Luiz Werneck Vianna, uma coletânea de vários artigos deste autor gramsciano sobre a conjuntura política brasileira, com destaque para o período da gestão Lula.
Werneck sugere que a gestão Lula faz parte da linhagem do transformismo tupiniquim sob a égide do Estado, iniciada por Vargas e que se reafirmou nos anos JK. Aportou como um moderno burguês no regime militar.
O grande tema é a expansão da economia e a modernização das estruturas sociais com a manutenção do repertório político, nas palavras do autor.
Este tema era objeto de seminários e estudos do CEDEC quando fui da equipe deste centro de estudos paulistano, na segunda metade dos anos 1980. Sob a batuta de Francisco Weffort e a genialidade desconcertante de Eder Sader (que fazia uma espécie de contraponto da tendência institucionalista que gradativamente tomou os pensamentos de Weffort), tentávamos compreender em que medida a lógica societária do Brasil impactava a dinâmica da institucionalidade pública. Era o caminho inverso de nosso "concorrente", o CEBRAP. Não por outro motivo, resvalávamos dia sim, dia não, nos estudos de cultura política. Era realmente instigante porque acabava por dialogar - sem nomear - com as provocações de Ruth Cardoso (que mais tarde ficaram nítidas na tese de Ana Maria Doimo, orientanda de Ruth). A questão que Ruth Cardoso nos propunha era se o anti-institucionalismo dos movimentos sociais daquela década não seriam uma recusa perigosa ao jogo democrático, subordinados que estavam à lógica comunitarista. A provocação de Ruth está plasmada na lógica social e impasses políticos do Brasil contemporâneo.
Governos petistas avançam sem qualquer constrangimento para a vala comum do pragmatismo, para a aceitação do que é popular que raramente não é conservador.
Werneck acerta, assim, na mosca, assim como Vianhinha, que dizia que nem tudo que é novo é revolucionário. Com a perdão da palavra, para os pragmáticos e políticos de vôo curto.
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