Confesso: não gosto nada deste período do ano. De um lado, muita hipocrisia, presentes forçados, exigência de alegria estampada no rosto. De outro, comida pesada, crianças frustradas com presentes que aguardavam e não vieram, disputa para parecer que o sucesso bateu na porta. Sei que parece opinião com ranço intelectualizado, mas é o que sinto. Não gosto do Natal e muito menos da passagem de ano. Prefiro presentear que ganhar presentes e de dar presentes quando dá na telha e não quando o calendário ordena. Não gosto de multidão e muito menos de festa familiar. Passagem de ano é balanço de vida. E vejo muitos infelizes ou jogando para a frente sua tentativa de ser feliz. Não entendo os motivos para não sermos felizes com o que temos e somos. Sinceramente. Já sei: agora comecei a resvalar no papo auto-ajuda. Então, leia a matéria abaixo e veja o que é este período para grande parte dos humanos:
SOLIDÃO AUMENTA EM 20% DURANTE O FIM DE ANO, DIZ CVV
27/12/2011 17:13
Final de ano normalmente é um momento de festa, alegria e confraternizações. Mas, segundo o Centro de Valorização da Vida (CVV) a procura por atendimento emocional aumenta 20% durante as festas de fim de ano. A maior parte que recorre ao serviço, que tem como objetivo atender gratuitamente pessoas que precisam de apoio imediato, se queixa da solidão. O anonimato é garantido.
Muitos não têm com quem passar o Natal e o Ano-Novo, segundo a voluntária do CVV Adriana Rizzo, 41. Para ela, o sofrimento decorre do fato de ver que o mundo inteiro está em festa enquanto eles não. “Quero que esta época passe logo para eu voltar à rotina” é um comentário feito por vários dos que ligam anonimamente à entidade em busca de ajuda.
A maior procura acontece durante a noite e aos finais de semana e o atendimento não é interrompido na véspera de Natal ou no Réveillon. Nesses períodos, as linhas chegam a ficar congestionadas.
Adriana, que é voluntária do CVV há 13 anos, conta que já foi escalada para passar uma noite de Natal atendendo ligações. Ela diz que foi gratificante: “Foi interessante. Muitas pessoas ligavam para desabafar e outras que foram ajudadas por nós queriam agradecer e desejar feliz Ano-Novo”.
Ela conta que não existe um conselho único para ser dado às pessoas que se sentem mal nesta época. O que ela costuma fazer é ficar aberta para ouvir tudo o que a pessoa quer e precisa falar. “O momento é dela”, diz.
Não há tempo determinado para as conversas. A duração pode variar entre cinco minutos e uma hora, de acordo com a necessidade. O CVV recebe aproximadamente 1,2 milhões de ligações telefônicas, ao ano. Dentre elas, pouco mais da metade são pedidos de ajuda (excluindo enganos e procura por informações). E o anonimato é preservado.
SUICÍDIO
SUICÍDIO
Desde 1962, quando a entidade foi criada, o foco do atendimento mudou. Inicialmente, o objetivo era a intervenção com pessoas que estavam prestes a se matar. Atualmente, a filosofia do grupo é dar oportunidade para que as pessoas precisando de ajuda possam desabafar e falar de seus sofrimentos antes de pensarem em suicídio.
Adriana já atendeu pessoas que falavam em suicídio. Segundo ela, após alguns minutos de conversa a pessoa costuma se acalmar. Nesse momento, cabe ao voluntário tentar entender qual o motivo do sofrimento. Mesmo assim, em muitos casos é impossível saber qual foi a decisão da pessoa e o que aconteceu depois.
Alessandro (nome fictício), 55, nunca conversou com alguém que dizia explicitamente estar disposto a se matar, apesar de algumas pessoas atendidas contarem que já tinham pensado nisso. Voluntário há um ano, ele conta que é comum que as pessoas digam que se sentem melhor ao final da ligação, após conseguir verbalizar seus problemas.
SERVIÇO
Os atendimentos do CVV são feitos 24 horas, a partir da central telefônica 141, por e-mail, Voip, por correspondência ou pessoalmente em uma das 71 unidades espalhadas pelo Brasil. O site também oferece um serviço de chat em que se pode conversar com um voluntário reservadamente.
Os atendentes são voluntários que passam por uma seleção e por um treinamento de três meses.
Com Folha Online
2 comentários:
Rudá,
Não gosto do Natal, desde pequena tinha problemas com isso. Numa cidade pequena, as mães levavam os filhos p a melhor loja, Leader, só existia lá, naquele tempo. Qdo saímos com as bonecas e brinquedo, havia vários garotos e garotas pobres na porta, na esperança de receber um.
Isso me fazia muito mal e não entendi o porquê. O tempo passou, o Natal hoje me traz saudades dos que se foram...
Porém, adoro as reuniões familiares, oportunidade de ver pessoas etc.
A reportagem é bem cruel e realista. É para pensar um pouco...
Tão bom que reproduzi naquele meu ordinário Língua de Trapo. Fiz, também, uma "cola" da sua receita de salmão pois, dentre os meus desejos e necessidades de ano novo está aquele de perder uns bons dez quilinhos.
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