sábado, 31 de dezembro de 2011

Solidão aumenta em 20% no final de ano


Confesso: não gosto nada deste período do ano. De um lado, muita hipocrisia, presentes forçados, exigência de alegria estampada no rosto. De outro, comida pesada, crianças frustradas com presentes que aguardavam e não vieram, disputa para parecer que o sucesso bateu na porta. Sei que parece opinião com ranço intelectualizado, mas é o que sinto. Não gosto do Natal e muito menos da passagem de ano. Prefiro presentear que ganhar presentes e de dar presentes quando dá na telha e não quando o calendário ordena. Não gosto de multidão e muito menos de festa familiar. Passagem de ano é balanço de vida. E vejo muitos infelizes ou jogando para a frente sua tentativa de ser feliz. Não entendo os motivos para não sermos felizes com o que temos e somos. Sinceramente. Já sei: agora comecei a resvalar no papo auto-ajuda. Então, leia a matéria abaixo e veja o que é este período para grande parte dos humanos: 

SOLIDÃO AUMENTA EM 20% DURANTE O FIM DE ANO, DIZ CVV
27/12/2011 17:13
Final de ano normalmente é um momento de festa, alegria e confraternizações. Mas, segundo o Centro de Valorização da Vida (CVV) a procura por atendimento emocional aumenta 20% durante as festas de fim de ano. A maior parte que recorre ao serviço, que tem como objetivo atender gratuitamente pessoas que precisam de apoio imediato, se queixa da solidão. O anonimato é garantido.
Muitos não têm com quem passar o Natal e o Ano-Novo, segundo a voluntária do CVV Adriana Rizzo, 41. Para ela, o sofrimento decorre do fato de ver que o mundo inteiro está em festa enquanto eles não. “Quero que esta época passe logo para eu voltar à rotina” é um comentário feito por vários dos que ligam anonimamente à entidade em busca de ajuda.
A maior procura acontece durante a noite e aos finais de semana e o atendimento não é interrompido na véspera de Natal ou no Réveillon. Nesses períodos, as linhas chegam a ficar congestionadas.
Adriana, que é voluntária do CVV há 13 anos, conta que já foi escalada para passar uma noite de Natal atendendo ligações. Ela diz que foi gratificante: “Foi interessante. Muitas pessoas ligavam para desabafar e outras que foram ajudadas por nós queriam agradecer e desejar feliz Ano-Novo”.
Ela conta que não existe um conselho único para ser dado às pessoas que se sentem mal nesta época. O que ela costuma fazer é ficar aberta para ouvir tudo o que a pessoa quer e precisa falar. “O momento é dela”, diz.
Não há tempo determinado para as conversas. A duração pode variar entre cinco minutos e uma hora, de acordo com a necessidade. O CVV recebe aproximadamente 1,2 milhões de ligações telefônicas, ao ano. Dentre elas, pouco mais da metade são pedidos de ajuda (excluindo enganos e procura por informações).  E o anonimato é preservado.
SUICÍDIO
Desde 1962, quando a entidade foi criada, o foco do atendimento mudou. Inicialmente, o objetivo era a intervenção com pessoas que estavam prestes a se matar. Atualmente, a filosofia do grupo é dar oportunidade para que as pessoas precisando de ajuda possam desabafar e falar de seus sofrimentos antes de pensarem em suicídio.
Adriana já atendeu pessoas que falavam em suicídio. Segundo ela, após alguns minutos de conversa a pessoa costuma se acalmar. Nesse momento, cabe ao voluntário tentar entender qual o motivo do sofrimento. Mesmo assim, em muitos casos é impossível saber qual foi a decisão da pessoa e o que aconteceu depois.
Alessandro (nome fictício), 55, nunca conversou com alguém que dizia explicitamente estar disposto a se matar, apesar de algumas pessoas atendidas contarem que já tinham pensado nisso. Voluntário há um ano, ele conta que é comum que as pessoas digam que se sentem melhor ao final da ligação, após conseguir verbalizar seus problemas.
SERVIÇO
Os atendimentos do CVV são feitos 24 horas, a partir da central telefônica 141, por e-mail, Voip, por correspondência ou pessoalmente em uma das 71 unidades espalhadas pelo Brasil. O site também oferece um serviço de chat em que se pode conversar com um voluntário reservadamente.
Os atendentes são voluntários que passam por uma seleção e por um treinamento de três meses.
Com Folha Online

2 comentários:

AngelMira disse...

Rudá,

Não gosto do Natal, desde pequena tinha problemas com isso. Numa cidade pequena, as mães levavam os filhos p a melhor loja, Leader, só existia lá, naquele tempo. Qdo saímos com as bonecas e brinquedo, havia vários garotos e garotas pobres na porta, na esperança de receber um.
Isso me fazia muito mal e não entendi o porquê. O tempo passou, o Natal hoje me traz saudades dos que se foram...
Porém, adoro as reuniões familiares, oportunidade de ver pessoas etc.
A reportagem é bem cruel e realista. É para pensar um pouco...

Lingua de Trapo disse...

Tão bom que reproduzi naquele meu ordinário Língua de Trapo. Fiz, também, uma "cola" da sua receita de salmão pois, dentre os meus desejos e necessidades de ano novo está aquele de perder uns bons dez quilinhos.