1. Se elege com todo fôlego e indica seus mais próximos auxiliares para o governo
2. Tenta desenvolver muitas ações e esbarra no orçamento, nas regras para contratar e empenhar, na queda de arrecadação, nos conselhos conservadores da assessoria jurídica e nas chantagens dos vereadores
3. Se irrita, bate na mesa e diz que foi eleito pela vontade popular e que agora tudo será diferente. Todos ouvem, mas ninguém se convence
4. Começa a ser bombardeado pela Cãmara Municipal, pelo Ministério Público e pelos jornais e rádios de oposição. Alguns secretários já não olham para o Prefeito com muita compaixão. É o início da depressão
5. Vira o ano se perguntando se o mundo é assim mesmo
6. Começa a se fechar. Entra no gabinete pelos fundos, não sai ás ruas, desconfia de todos, se irrita nas reuniões e começa a disparar ligações pelo celular a cada demanda ou crítica que recebe nas ruas, ouve nos rádios ou lê nos jornais. Seus assessores e secretários começam a dizer que o Prefeito está surtando. Começam as piadinhas desabonadoras que se repetem nos escaninhos da Prefeitura
7. Choque de pragmatismo. O Prefeito se apóia num consultor, secretário ou assessor direto e pisa no acelerador. Vai à luta. Faz acordos exóticos com alguns vereadores, contrata empresas e seus pacotes de luxo, viaja toda semana para Brasília em busca de obras e mais obras. Já se prepara para anunciar as obras e pensa em marketing.
8. Os acordos se proliferam e o governo acende velas para todos os santos. O projeto não é mais a mudança, mas a reeleição, vista como desforra. Agora é o orgulho próprio que conta.
9. O secretariado fica perplexo. Há cisões. Os antigos apoiadores não sabem se acham as mudanças boas ou ruins. Os vereadores mudam o rumo. O prefeito volta a ser cumprimentado nas ruas e abre um largo sorriso a cada dois minutos
10. O Prefeito ganha a reeleição. Mas seu governo não tem mais charme e seus apoiadores são muito distintos daqueles que o apoiaram a vida toda. A soberba se soma à agressividade e cinismo. Entrou na lógica do poder que criticava no passado. E não sabe se é feliz ou infeliz.
Moral da história: se começa errado, melhor não terminar errado.
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