domingo, 4 de maio de 2008
Mais equívocos da política educacional mineira
A Secretaria de Educação de Minas Gerais continua revelando equívocos gerenciais e pedagógicos. No momento, os problemas se acumulam em relação ao papel do Supervisor Pedagógico, que ganha dimensão de controle externo. No Guia elaborado para orientar esta função podem ser destacados alguns equívocos:
1) Logo na apresentação, destaca-se que o Supervisor deve se ater às avaliações EXTERNAS da educação de Minas Gerais. Assim, revela a atenção em relação ao SAEB, Simave e outros instrumentos de avaliação quantitativa, focados no resultado e não no processo de aprendizagem;
2) O documento está subdividido por ações para cada quadrimestre e transforma a função do supervisor em Diretor Pedagógico da escola;
3) Define a comunidade escolar como professores, direção, especialistas e servidores da escola (item 3.1.1 – Preparando para o início do ano escolar – Janeiro). Não citam pais e alunos;
4)Orienta para que o supervisor visite todos os dias a sala de aula para assessorar o professor. Trata-se de um tema polêmico porque pode se constituir num elemento de quebra da autoridade do professor frente aos alunos, além de parecer um instrumento de controle e não assessoramento. Este é o problema fundamental deste documento: afirma ser apoio, mas indica que a função do supervisor é de controle. Para assessorar, o supervisor estaria ao lado ou abaixo do professor, sendo informado do que o educador necessita;
5) Para ilustrar a afirmação acima, destacam-se duas passagens do Guia. A primeira, no último parágrafo do item 3.1.2, onde se lê: “aprecie as atividades elaboradas pelo professor antes de serem reproduzidas”. No item 3.1.3 encontra-se: “participe da elaboração dos planos de ensino e de intervenção pedagógica, os quais constituem pano de fundo para elaboração dos planos de aula pelos professores”. Há uma evidente hierarquia funcional que não revela apoio, mas controle;
6) No item “Participação dos Pais”, revela-se uma limitação desta participação às reuniões que se iniciam em março (indicado no documento). É o supervisor que apresenta direção e professores, segundo o Guia;
7) Sobre formação continuada, o Guia sugere uma atividade bimestral, o que é absolutamente insuficiente. Os professores necessitam de reuniões semanais, no máximo quinzenais, para apresentação de diagnósticos pedagógicos e, a partir daí, desenvolvimento de estudos referentes às dificuldades observadas;
8) O melhor item do documento é o 3.1.4 (“Monitoramento e avaliação dos resultados – abril”). Indica um conjunto de 10 perguntas que ampliam o escopo de avaliação do desenvolvimento do aluno. O interessante é que estas questões não orientam as fichas avaliativas elaboradas pela própria SEEMG, revelando uma divisão interna muito significativa entre técnicos da área pedagógica. Dentre as questões, destaco as que questionam se o aluno sofre alguma carência (doenças, miséria, falta de tempo para estudar), se o aluno se concentra na sala e se apresenta problemas de relação familiar. São questões fundamentais e amplas para o professor compreender as dificuldades no processo de aprendizagem. Mas, como indicado anteriormente, estas questões não orientam as fichas avaliativas.
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