segunda-feira, 5 de maio de 2008

Precariedade das escolas estaduais mineiras


Reproduzo a reportagem de Daniela Arbex, do jornal Tribuna de Minas e premiada nacional e internacionalmente, sobre as condições das escolas estaduais mineiras:
"Segunda-feira, 14h15, hora do recreio. Alunos do ciclo inicial de alfabetização de uma escola da rede estadual encaminham-se para o refeitório. No cardápio, arroz, feijão e lingüiça servidos em pratos de alumínio sobre a bancada. Em pé, crianças de 6 anos começam, então, a merendar, apesar de muitas sequer terem altura para alcançar a mesa. Permanecem nessa posição por cerca de 15 minutos, não porque tenham pressa para ir brincar, mas por falta de bancos para que possam assentar-se enquanto comem. O flagrante acima não se refere a nenhum colégio do Norte de Minas, região conhecida por seus baixíssimos indicadores sociais, mas a uma escola estadual com 873 alunos, localizada em Juiz de Fora, principal município da Zona da Mata e nono do Estado em relação ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Longe de ser uma exceção, a situação se repete em outros colégios da rede estadual. Para tornar público o que está por trás dos muros da educação, alguns diretores aceitaram mostrar suas escolas na tentativa de desencadear um processo de mudança. "A gente trabalha muito para tentar melhorar o quadro, mas o sucateamento é gritante”, revela a diretora de uma escola estadual na Zona Sudeste. Ela trabalha com uma verba de manutenção e custeio de R$ 11 mil por ano. Ao todo, conta com R$ 916 por mês para manter a escola em funcionamento, dinheiro usado na compra de material de limpeza, giz, papel e pequenos reparos, R$0,88 por aluno. A verba da merenda, enviada à parte, é de R$ 0,19 por estudante ao dia. A diretora confessa que, apesar de o recurso da merenda escolar ser destinado aos alunos do ensino fundamental, se vê obrigada a reduzir, ainda mais, a qualidade da comida, para atender também os estudantes do ensino médio. “Não posso falar para os alunos do ensino médio não comerem.” Ao percorrer esse e outros estabelecimentos de ensino, a Tribuna encontrou uma realidade que viola os direitos fundamentais do ser humano: banheiros sem descarga e portas, alguns deles até sem vaso sanitário -, carteiras quebradas e reaproveitadas, boa parte doada por colégios particulares. Além disso, salas de aula lotadas, levando estudantes a sentarem-se a centímetros do quadro, pias e vidros quebrados, fiação à mostra, refletores queimados, resultando em iluminação precária, infiltração nas paredes, mofo nos telhados e bebedouros utilizados como torneira, já que a água de beber também é usada na faxina da escola.

Um comentário:

Anônimo disse...

parabens pela postagem.
esse brasil tá a maior vergonha.
o país nunca vai crescer se a educação no for levada a sério