domingo, 11 de maio de 2008

Racismo, emprego e instrução no Brasil: a cota em questão


Pesquisa IBOPE/Ethos revela que apenas 3,5% dos executivos de grandes empresas no Brasil são negros, embora 49,5% dos brasileiros se declarem de cor preta ou parda (a maioria concentrada nas regiões norte, nordeste e, mais adiante, centro-oeste). Pesquisa do DIEESE do final dos anos 90 já revelava que apenas 1,9% dos negros ocupados em São Paulo são empregadores, em comparação aos 7,2% de brancos nesta posição, enquanto mais da metade das mulheres negras (56,3%) estavam ocupadas como domésticas ou mensalistas (INSPIR/ DIEESE/AFL-CIO, 1999). Segundo uma pesquisa elaborada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), apesar da pobreza no Brasil ter diminuído na década de 90, entre os negros o número de pobres aumentou consideravelmente neste período. O estudo revela que o número de pessoas que ganhavam até R$ 75,50 (números de 2000) diminuiu em cinco milhões entre 1992 e 2001. No entanto, na contramão desta estimativa, o número de negros pobres abaixo da linha de pobreza aumentou em mais de 500 mil. Isto significa que um negro a cada 11 não-negros ficaram ainda mais pobres entre 1992 e 2001. O mais revelador é que mesmo quando brancos e negros possuem o mesmo grau de instrução, os rendimentos são diferenciados (ver estudo de Rosana Heringer, "Desigualdade Racial noBrasil"). Enfim: não é falta de instrução, mas racismo puro.

2 comentários:

Anônimo disse...

iNTERESSANTE, se até as pesquisas contam com os indicadores econômicos para comparar o grau de racismo... As cotas para negros, que é puro racismo tb, não deveriam contemplar a situação econômica ao invés da cor?

Rudá Ricci disse...

Pois é. Sou absolutamente contra as cotas, que me parecem uma política compensatória sem enfrentamento do racismo. Mas é o estilo pragmático de governo.
Rudá