sábado, 31 de maio de 2008
Alguns resultados do sistema de cotas
Não gosto do sistema de cotas porque ele não enfrenta o racismo. Trata do sintoma e não da causa. Mas gosto ainda menos da censura ou proselitismo auto-indulgente. Neste sentido, vale destacar o dado recém divulgado que, num universo de 54 universidades públicas que nos últimos oito anos adotaram o sistema de cotas no país, em ao menos quatro, distribuídas pelos principais Estados, alunos negros apresentam desempenho próximo, similar ou até melhor em relação aos não-cotistas. Resultados iniciais do aproveitamento de cotistas na Unicamp, Universidade Federal da Bahia (UFBa), Universidade de Brasília (UnB) e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), questionam a hipótese que sugere que alunos negros estariam "entrando pela janela" das instituições superiores da rede pública. No biênio 2005-2006, cotistas obtiveram maior média de rendimento em 31 dos 55 cursos (Unicamp) e coeficiente de rendimento igual ou superior aos de não-cotistas em 11 dos 16 cursos (UFBa). Na UnB, não-cotistas tiveram maior índice de aprovação (92,98% contra 88,90%) e maior média geral do curso (3,79% contra 3,57%), porém trancaram 1,76% das matérias, contra 1,73% dos cotistas.
"Maio de 68 criou um mundo esquizofrênico"
Estou muito impressionado com a leitura do livro da família Glucksmann (ver nota, abaixo) sobre Maio de 68. O centro da crítica é que o movimento jovem libertário criou uma sociedade autônoma e desconfiada do poder público que se divorciou do Estado. Avaliam que criou uma sociedade esquizofrênica, que mudou o comportamento social, mas não a estrutura de poder estatal e partidário. Atacam duramente Miterrand, como um embuste, que teria tomado decisões autocráticas a respeito da política externa, em especial, nas relações com Ruanda. Sarkozy, para estes libertários (68 foi crítica à esquerda e à direita, lembremos), uma neo-direita ou pós-direita, estaria repondo os dois lados da moeda, atacando o hiper-individualismo e a autocracia estatal. Uma linha de argumentação que se aproxima do último livro publicado por Wanderley Guilherme dos Santos ("O Paradoxo de Rousseau").
sexta-feira, 30 de maio de 2008
Notícias do MEC
O MEC está destacando algumas ações para este ano. Uma delas, pouco comentada, são as caravanas da educação: visitas do Ministro da Educação a municípios para convencer governos a aderirem ao Plano de Metas, Programa Brasil Alfabetizado e Educação de Jovens e Adultos. A partir do índice de desenvolvimento da educação básica (IDEB, indicadores quantitativos de desempenho e fluxo), foram identificados 1.242 municípios e 7.085 escolas que teriam os menores índices, sendo priorizados para recursos federais. Interessante processo de planejamento, embora o IDEB só indique o problema, sem identificar as causas. Já o Brasil Alfabetizado priorizará 1.100 municípios com taxas superiores a 35%. Falta, ao Brasil Alfabetizado um programa de controle social com participação da sociedade civil. Há problemas no interior do país, onde políticos procuram inseriri cabos eleitorais como gestores. Finalmente, destaca a implantação da Universidade Aberta (UAB), com 1.000 pólos presenciais até 2.010 para formação de professores de rede pública.
Maio de 68: o divisor de águas na França
Desde que passei, rapidamente, no ano passado pela Europa e conversei com alguns socialistas sobre a iminente vitória de Sarkozi, venho tentando entender a atração deste novo líder da direita francesa, o que me parece uma contradição em termos. Foi um prefeito de uma pequena cidade, composta por muitos idosos ricos e criou algumas inovações e melhorias, mas nada tão impactante. Agora, leio um livro interessante, uma longa entrevista de André Glucksmann ao seu filho, sobre o ataque que Sarkozy fez no seu último discurso de campanha, em 29 de abril de 2007, exortando os franceses a "liquidar a herança de Maio de 68". Glucksmann, filósofo que participou das manifestações de 68, relata o porque apoiou Sarkozy, ao mesmo tempo que avalia e timidamente apóia o movimento estudantil libertário de Paris. O livro chama-se "Maio de 68: explicado a Nicolas Sarkozi", Editora Record. Este livro foi publicado na França neste ano. Mais à frente, comentarei a leitura em outra nota.
"Bancar Tiradentes com o pescoço do Outro", diz Lúcia Hippólito
Em entrevista à UOL, a cientista política Lúcia Hippólito afirma que a decisão do Diretório Nacional do PT foi um exemplo da desfaçatez. Afirma que o diretório jogou a decisão para Minas Gerais, novamente. E a reação de Fernando Pimentel e Aécio Neves, segundo a analista, é certa. "O diretório nacional do PT veta, mas não veta", disse. Finaliza dizendo que o ataque visa mais Fernando Pimentel, uma nova liderança petista que não está sob o controle do PT paulista, que sobre Aécio Neves.
Como é que é?
O diretório nacional do PT decidiu nesta sexta-feira manter o veto à aliança entre o partido e o PSDB nas eleições municipais de Belo Horizonte. No entanto, nos bastidores está sendo negociada a recomendação para que o prefeito de BH, Fernando Pimentel (PT), aceite o apoio informal do governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), à chapa encabeçada por Márcio Lacerda (PSB). Vai entender!
Artigo no Le Monde
Artigo publicado no Le Monde (em 17 de maio), de autoria de Eric Le Boucher faz um contraponto entre os socialistas da Inglaterra, Itália, França e Alemanha (em dificuldades) e os latino-americanos. Afirma que falta-lhes um programa frente à globalização, além de superar a "tentação do centro". Em determinado momento, Eric se pergunta: "e se a questão for decidida na América Latina? O subcontinente foi dividido entre o centrista Lula e o esquerdista Chávez, entre uma política brasileira social-liberal e um radicalismo venezuelano. O duelo nos importa diretamente, pois os social-democratas são admiradores de Lula ao passo que Hugo Chávez é considerado modelo para o outro campo" (mais à esquerda). Continua sua análise:
"No Brasil, a ThyssenKrupp vai investir 4,6 bilhões de dólares numa nova siderúrgica. O Brasil captou 35 bilhões em investimentos estrangeiros no ano passado, um crescimento de 84%. O mercado da classe média atrai as fábricas e o emprego. Grande potência agrícola mundial, o país alimenta também uma ambição industrial. Reencontrando sua comodidade, o governo decidiu implantar uma política industrial de 125 bilhões de dólares para desenvolver as exportações e a high-tech. E acaba de criar um “fundo soberano”, a exemplo de Dubai ou da China, para financiar empresas brasileiras no exterior.Hugo Chávez também acaba de criar um fundo de cinco bilhões de dólares. Mas para defender sua moeda. Ele compra dólares que circulam no país para tirá-los do mercado negro onde o bolívar é desvalorizado em 50%. Uma dupla moeda é posta em prática, o que permite que os banqueiros acumulem lucros sem precedente."
É assim que a Europa vê Lula e Chávez.
Ainda sobre vereadores brasileiros
Temos, hoje, algo ao redor de 60 mil vereadores no país. Dados de 1999 revelavam um gasto anual de mais de 3 bilhões de reais com manutenção das Câmaras de Vereadores (segundo Marcos Mendes, economista do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial). Pesquisa do Movimento de Combate à Corrupção, divulgada no final de 2007, revelou que 623 políticos brasileiros foram cassados por corrupção eleitoral, desde 2000, tendo como base a lei 9.840. Desses, 508 foram prefeitos e vice-prefeitos. Outros 84 foram vereadores. Surpreendentemente, o maior número de cassações de vereadores neste ano foi causado pela infidelidade partidária, que ameaçava punir grande parte dos parlamentares do país. Em abril, o Paraná havia cassado 61 vereadores por infidelidade, o Rio Grande do Sul havia atingido 55 cassações de vereadores pelo mesmo motivo, Santa Catarina cassou outros 26, Pará mais 44 vereadores, Amazonas cassou 21, Tocantins mais 15, o sudeste todo cassou apenas 24 e assim por diante. Tais cassações foram motivadas pelos interesses dos partidos (que perderam parlamentares) e não dos próprios cidadãos/eleitores. Há muito o que fazer nesta seara. Para ilustrar, reproduzo notícia sobre nepotismo na Câmara Municipal de São Paulo. Para quem não conhece, esta Câmara tem estrutura de Assembléia Legislativa e os vereadores (da cidade com 15 milhões de habitantes) têm poder equivalente ao de um deputado, com muitos assessores. Pois bem, a Folha de S.Paulo noticia que ao menos seis vereadores mantêm um total de 11 parentes trabalhando em cargos de confiança na Câmara Municipal de São Paulo. De acordo com a reportagem, o primeiro vice-presidente da Câmara, Adilson Amadeu (PTB), tem dois filhos contratados. O líder do PMDB, Jooji Hato, tem um sobrinho nomeado na liderança de seu partido e uma filha como assessora do vereador Milton Leite (DEM). O corregedor da Casa, Wadih Mutran (PP), emprega uma filha no gabinete e uma neta na liderança de seu partido. Dalton Silvano (PSDB) emprega uma filha e uma irmã em cargos de seu gabinete. Toninho Paiva (PR) nomeou uma filha e um sobrinho. O líder do DEM, Carlos Apolinario, emprega em seu gabinete a mulher de seu sobrinho. Nos casos dos assessores dos gabinetes dos vereadores, os salários são de R$ 1.106,36. Os assessores das lideranças partidárias recebem R$ 3.190,03 em valores brutos. Cada um dos 55 vereadores de São Paulo pode contratar até 18 assessores para seus gabinetes. Não há qualquer tipo de controle em relação ao trabalho desses funcionários, embora, anos atrás, Eduardo Suplicy e Chico Whitaker tenham tentado algo e foram ameaçados de morte.
O que incomoda e o que desafia professores da rede pública de ensino
Estive, hoje, em Campestre, sul de Minas Gerais (perto de Poços de Caldas), para dar uma palestra para professores da rede pública (estadual e municipal de ensino). Aproveitei e, antes de iniciar a palestra, passei uma lista para saber o que mais incomoda e o que mais desafia os professores, em sala de aula. As respostas foram:
A. O que mais incomoda
Indisciplina; Alunos totalmente sem interesse; cada vez mais conversando uns com outros; Agressão entre alunos; falta de apoio da família no acompanhamento; Falta de estrutura e muita cobrança por resultados estatísticos, sem se preocupar com a qualidade; Falta de cursos de capacitação; Falta de tempo; Não percepção da identidade (do professor), que dificulta entender a identidade do aluno; Falta de recursos para dinamizar as aulas; Falta de limites dos alunos.
B. O que mais desafia
Conseguir oferecer um ensino que seja realmente necessário; Ensinar o aluno desinteressado; Fazer o aluno querer aprender; Socialização e convivência saudável;
Conscientização, reflexão, profissionalismo, com valorização salarial e carreira; trazer a comunidade para a escola; Ganhar o respeito dos alunos; Apesar da desvalorização, mais interesse do professor no seu exercício; Motivar alunos para participarem das aulas; Ministrar aulas atrativas; Troca de experiências metodológicas/estudar sobre; Trabalhar com alunos portadores de necessidades especiais numa turma numerosa e heterogênea.
É perceptível o grau de engajamento dos professores, a partir da leitura dessas respostas. Uma categoria cada vez mais madura (e angustiada com as condições de trabalho e exigências progressivas dos órgãos governamentais). A tensão causada pelas avaliações sistêmicas, meramente quantitativas (SAEB, SARESP, SIMAVE e outras) desmontam qualquer proposta pedagógica mais séria e focaliza tudo no resultado estatístico, provocando soluções tradicionais e ultrapassadas, como aulas de reforço (memorização, reflexo condicionado, simulações e por aí afora).
quarta-feira, 28 de maio de 2008
PEC votada em primeiro turno na Câmara Federal sobre número de vereadores
Do blog de Angelo Rigon, sobre a PEC votada em primeiro turno na noite de terça-feira, na Câmara Federal:
"Estas são as 24 faixas com o número máximo de vereadores permitido para as câmaras, de acordo com a população de cada município, pela PEC que foi aprovada ontem em primeira discussão:
1. Até 15 mil habitantes: 9;
2. mais de 15 mil e até 30 mil habitantes: 11;
3. mais de 30 mil e até 50 mil habitantes: 13;
4. mais de 50 mil e até 80 mil habitantes: 15;
5. mais de 80 mil e até 120 mil habitantes: 17;
6. mais de 120 mil e até 160 mil habitantes: 19;
7. mais de 160 mil e até 300 mil habitantes: 21;
8. mais de 300 mil e até 450 mil habitantes: 23;
9. mais de 450 mil e até 600 mil habitantes: 25;
10. mais de 600 mil e até 750 mil habitantes: 27;
11. mais de 750 mil e até 900 mil habitantes: 29;
12. mais de 900 mil e até 1,05 milhão de habitantes: 31;
13. mais de 1,05 milhão e até 1,2 milhão de habitantes: 33;
14. mais de 1,2 milhão e até 1,35 milhão de habitantes: 35;
15. mais de 1,35 milhão e até 1,5 milhão de habitantes: 37;
16. mais de 1,5 milhão e até 1,8 milhão de habitantes: 39;
17. mais de 1,8 milhão e até 2,4 milhões de habitantes: 41;
18. mais de 2,4 milhões e até 3 milhões de habitantes: 43;
19. mais de 3 milhões e até 4 milhões de habitantes: 45;
20. mais de 4 milhões e até 5 milhões de habitantes: 47;
21 mais de 5 milhões e até 6 milhões de habitantes: 49;
22. mais de 6 milhões e até 7 milhões de habitantes: 51;
23. mais de 7 milhões e até 8 milhões de habitantes: 53; e
24. mais de 8 milhões de habitantes: 55
6a Assembléia Nacional da Pastoral do Menor
Participei, hoje, da 6a Assembléia Nacional da Pastoral do Menor. Falei sobre "olhar social" e "olhar político" da realidade nacional. Na análise dos coordenadores regionais da PaMen, as ações políticas centrais dos agentes pastorais são
A) Das ações já tradicionais
Mobilizações, caminhadas e marchas
Criação e Fortalecimento dos Conselhos; Participação na formação Política; Participação plebiscitos, seminários, fóruns; Discussão contra a redução da maioridade penal;Assessoria e acompanhamento aos Conselhos de Direitos e Tutelares.
B) Ações inovadoras (para a Pastoral)
Representações no Orçamento Participativo; Elaboração e Monitoramento das Políticas Públicas; Audiências Públicas; Parcerias/Convênios com poder público; Presença ativa nas Câmaras Municipais e Secretarias.
Como se percebe, as ações inovadoras são as que avançam sobre a gestão pública, assumindo mais ativamente o gerenciamento de políticas públicas. Discutimos muito esta agenda. Padre Cleto, da PUC-MG, chegou a comentar que é necessário deixar de seguir a "biruta" e começar a adotar uma "bússola", se referindo a necessidade de uma estratégia política mais objetiva.
terça-feira, 27 de maio de 2008
CSS, a nova CPMF, será votada nesta quarta
Amanhã (quarta) será votada a proposta de criação de uma nova contribuição para financiar a saúde. É a CSS (Contribuição Social da Saúde), que funcionaria nos moldes da extinta CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). A CSS deve render de 12 a 15 bilhões de reais aos cofres públicos (a CPMF rendia 40 bilhões de reais).
Lulismo e o Efeito Doppler 2010
O comprimento de onda observado é maior ou menor conforme sua fonte se afaste ou se aproxime do observador. Um exemplo típico é o caso de uma ambulância com sirene ligada que passe por um observador. Ao se aproximar, o som é mais agudo e ao se afastar, o som é mais grave. De modo análogo, ao trafegar em uma estrada, o ruído do motor de um automóvel que vem em sentido contrário apresenta-se mais agudo enquanto ele se aproxima, e mais grave a partir do momento em que se afasta (após cruzar com o observador). Este é o efeito Doppler, que também se percebe acompanhando carros de corrida quando estamos parados, assistindo a disputa na pista. O lulismo parece fazer o mesmo em relação a 2010: dependendo do interlocutor o som parece mais próximo. Mas se o interlocutor for da imprensa, o som é mais grave e distante.
Gravidez precoce no Brasil
Segundo dados do Ministério da Saúde, a gravidez na adolescência tem aumentado no Brasil. Cerca de 1,1 milhão de adolescentes engravidam por ano no País, sendo que a maioria dessas jovens não têm condições emocionais ou financeiras de assumir a maternidade. Mas, muitas delas resolvem assumir não apenas o bebê, mas também constituir uma família com a chegada dele. Na opinião da terapeuta Isabela Gumberg, o casamento é uma instituição importante na concepção de muitas jovens brasileiras. Assim, a união oficial muitas vezes parece ser vista como uma solução.
CRÉDITO AUMENTA, INCENTIVANDO CONSUMO
O volume total de crédito do sistema financeiro atingiu em abril a marca histórica de R$ 1,017 trilhão. De acordo com o Banco Central (BC), houve um crescimento de 2,5% em relação ao estoque de março, que estava em R$ 993,008 bilhões. Nos 12 meses terminados em abril, a evolução foi de 30,9%. Com isso, o total dos empréstimos ficou equivalente a 36,1% do Produto Interno Bruto (PIB). A taxa de juros ao consumidor e a inadimplência caíram, em abril.
PT da terra de Patrus Ananias apóia candidato tucano
Está difícil pensar em títulos para as notícias que partem do PT. Já utilizei "no cravo e ferradura", "PT X PT" e outros. Mas a velocidade das novidades provoca o envelhecimento precoce dos títulos (que pretendo que sejam bem-humorados). A última vem de Bocaiúva, terra do ministro Patrus Ananias, adversário da aliança do PT com PSDB em BH. Como na capital mineira, o PT de Bocaiúva (45 mil habitantes, no norte de Minas Gerais) desistiu de lançar candidato a prefeito e vai apoiar , Ricardo Veloso, diretor do Instituto de Desenvolvimento do Nordeste de Minas Gerais (Idene), autarquia do governo estadual, filiado no PSDB. O PT já indicou para vice o presidente da Federação dos Metalúrgicos de Minas Gerais, Delson Oliveira. Veloso já foi filiado no PT e foi assessor jurídico da Pastoral da Terra na região. É homem íntegro. Mas é tucano. A tese da candidatura própria tinha o apoio do ministro, do deputado federal Virgílio Guimarães e do deputado estadual Paulo Guedes, majoritários do PT na cidade. Patrus está pagando caro, neste ano, por seu estilo quase passivo de disputar posições no interior do partido.
segunda-feira, 26 de maio de 2008
No cravo e na ferradura
Embora tenha vetado, mais uma vez, a aliança do PT com o PSDB de Belo Horizonte, a Executiva Nacional do PT aprovou nesta segunda-feira que o partido se alie ao PSDB, PPS e DEM em 12 municípios em todo país. A justificativa é que a disputa eleitoral em BH tem reflexos nas eleições presidenciais de 2010. A aliança com o PSDB foi vetada, também em Açailândia (MA), Cláudia (MT), Cabo Frio (RJ) e Xanxerê (SC).
Alianças com o PPS aprovadas: Palmas (TO) e Montes Claros (MG);
Alianças com PSDB aprovadas: Linhares (ES), Nova Friburgo (RJ), Criciúma (SC) e Itajaí (SC);
Alianças com DEM aprovadas: Guarujá (SP) e Canoas (RS), além da aliança dos democratas e tucanos com os petistas em São Vicente (SP) e Cáceres (MT).
Essas coligações foram aprovadas desde que PSDB, PPS e DEM não estejam como cabeça de chapa na aliança com o PT.
Dia 30 tem reunião do Diretório Nacional. Novo round.
Artigo sobre aliança PT-PSDB em BH
Carlos Ranulfo é professor do Departamento de Ciência Política e pesquisador do Centro de Estudos Legislativos do DCP/UFMG. É colaborador antigo do PT. Escreveu, recentemente, um artigo sobre a aliança inusitada para as eleições de outubro em BH. Escolheu como título "Um jogo de múltiplas arenas". Sinceramente, achei algo ingênuo. Tenta afirmar que existiriam três interesses distintos: o de Fernando Pimentel (cujo foco seria a sua eleição ao governo estadual, em 2010, o que teria chocado vários militantes por estar sacrificando a prefeitura em função de projeto pessoal); o da esquerda do partido (que desejava manter o PT na cabeça de chapa ou a composição a partir da ex-reitora da UFMG Ana Lúcia Gazzola, filiada ao PSB); e o da Executiva Nacional do PT (cujo foco é a eleição presidencial, em 2010). Este é o panorama visto de dentro da floresta, de olhar fixo em cada árvore. Mais afastado, um panorama mais amplo revela que todos atores petistas disputam a mesma coisa: 2010.
Viagem à luta armada: o livro
Uma leitura tensa. Segundo Franklin Martins, "convém afivelar o cinto de segurança" para ler este livro. Uma viagem pelos anos de chumbo. Clemente, nome de guerra de Carlos Eugênio, autor do livro, é o guia da viagem. Ele entrou na luta com 17 anos (quando ingressou na ALN) e participou da luta armada no Brasil entre 1966 e 1973. Ainda segundo Franklin Martins:
"Não existem muitas pessoas que, por sua experiência direta, tenham conhecido o cotidiano e as entranhas da luta armada desde o seu começo até o fim. As quedas nas organizações revolucionárias, como a ALN, o Colina, a VPR, o MR-8, a VAR- Palmares, o MRT, a Rede etc., sucediam-se com tal rapidez, que seus dirigentes mal tinham tempo para esquentar as cadeiras. Por isso mesmo, os que sobreviveram, geralmente, só podem falar com segurança sobre períodos muito curtos. Raríssimos são aqueles que puderam formar urna visão completa do processo, desde a época em que o sonho da luta armada supunha-se invencível até os estertores da guerrilha urbana, quando os militantes morriam como moscas, e o ódio e o desespero assumiram o lugar da esperança e da certeza no futuro. Carlos Eugênio é um deles."
Informações sobre produção petrolífera e Petrobrás
Segundo Ildo Sauer (Prof de energia na USP e ex-diretor da Petrobras) e Paulo Metri (engenheiro e membro da AEPET- Rio de Janeiro), em debate promovido pelo jornal Brasil de Fato em 7 de maio último:
1. Seis paises são os maiores produtores do mundo e controlam mais de 80% da oferta: Arábia Saudita, Iran, Kweit, Rússia, Venezuela e Líbia/ Iraque.
2. As atuais reservas identificadas de petróleo no Brasil permitem o consumo – com as taxas históricas de crescimento- para os próximos 17 anos.
3. A produção mundial de petróleo é de 85 milhões de barris por dia. O custo de produção varia de 1 a 15 dólares no máximo (caso das plataformas marinhas), sendo que o custo médio é de 7 dolares. Estima-se, portanto, que aos preços atuais, o montante de recursos provenientes do petróleo por ano no mundo seja de 2,7 trilhões de dólares por ano.
4.A distribuição da riqueza apropriada pela Petrobrás, nos padrões atuais, seria:
- 10 bilhões de reais em salários.
- 11 bilhões de reais para pagamento de juros bancários.
- 27 bilhões de reais para acionistas, sendo: 40% para o governo, 30 % para acionistas privados brasileiros, e 30% para acionistas estrangeiros.
- 72 bilhões de reais em impostos, royaltiese outras transferências a governos, seja do Brasil, dos EUA, Bolívia, Angola.
A votação do acordo com Aécio no diretório nacional do PT
Este blog informou superficialmente a composição do diretório nacional do PT, que votará a coligação com o PSDB, em Belo Horizonte, no próximo dia 30. Detalho a informação. A composição, hoje, é: Construindo um Novo Brasil (ex-Articulação, com 40%), Mensagem ao Partido (do ministro Tarso Genro, com 20%), Esquerda (de Valter Pomar, com 20%) e Movimento PT (com 20%). Somente esta última corrente é abertamente favorável à coligação. Ocorre que a Mensagem ao Partido vem oscilando e possui cargos no governo Lula e Contruindo um Novo Brasil possui fortes embates internos e interesses divergentes quanto a este tema. Fernando Pimentel tenta convencer alguns membros do diretório a abrir mão de estarem presentes, cedendo sua vaga para suplente (ele e Roberto Carvalho são suplentes).
Walter Pinheiro é o candidato do PT em Salvador
Na décima quinta urna (de um total de vinte)apurada, o deputado federal Walter Pinheiro passou à frente do também deputado federal Nelson Pellegrino nas prévias realizadas pelo PT e se manteve assim, garantindo a legenda como candidato do partido à Prefeitura de Salvador. A disputa foi apertada: Pinheiro venceu Pelegrino por 128 votos de diferença (1.337 contra 1.209). Após a confirmação do resultado, Walter Pinheiro, que contou com o apoio do governador Jaques Wagner (PT), disse que vai trabalhar para aparar todas as arestas do partido. O PT chegou às prévias dividido: dos quatro pré-candidatos, dois, o deputado federal Luiz Alberto (licenciado) e o deputado estadual e sindicalista J. Carlos desistiram da disputa. Durante quase um mês, o governador Jaques Wagner trabalhou para evitar as prévias. No entanto, Nelson Pellegrino, que disputou e perdeu as três últimas eleições para a Prefeitura de Salvador (duas para Antonio Imbassahy e uma para João Henrique Carneiro) não quis desistir da disputa, sob a alegação de que tinha mais densidade eleitoral do que Pinheiro. Agora, a sucessão municipal da terceira maior cidade do Brasil já está desenhada: Walter Pinheiro (PT), João Henrique Carneiro (PMDB), Antonio Imbassahy (PSDB), Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM), Lídice da Mata (PSB), Raimundo Varela (PRB) e Olívia Santana (PC do B) devem disputar as eleições.
domingo, 25 de maio de 2008
Estudo do Banco Mundial recomenda Estado forte: a vez dos BRICs
O site do Instituto Cultiva (www.cultiva.org.br )disponibilizará nesta semana estudo do Banco Mundial que analisou as causas fundamentais do desenvolvimento econômico. O estudo, que envolve 21 intelectuais, conclui que o crescimento econômico é resultado do Estado forte. Foram dois anos de trabalho. O estudo foi financiado pelo Banco Mundial, com apoio da Hewlett Foundation. A "Comissão sobre Crescimento e Desenvolvimento" é integrada pelos seguintes economistas: Dr Boediono, presidente do banco central da Indonésia, Kemal Dervis, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Alejandro Foxley, ministro das relações exteriores do Chile, Goh Chok Tong, presidente da autoridade monetaria de Cingapura, Han Duck-Soo, ex-primeiro ministro da Coréia do Sul, Danuta Hübner, comissário europeu para política regional, Pedro-Pablo Kuczynski, ex-primeiro-ministro do Peru, Trevor Manuel, Ministro da Fazenda da África do Sul, Ngozi N. Okonjo-Iweala, diretora geral do Banco Mundial, Robert Rubin, presidente do Citigroup, Robert Solow, professor do MIT e Prêmio Nobel, Michael Spence, também Nobel, de Stanford, Ernesto Zedillo, ex-presidente do México e Zhou Xiaochuan, presidente do Banco da China.
Quem diria?
Ainda sobre as prévias do PT em Salvador
Um levantamento extra-oficial feito pela direção municipal do PT aponta que apenas 2.558 votos foram computados em todas as zonas da capital. Em Salvador, o PT possui 6.400 filiados. Com 20% das urnas apuradas, Walter Pinheiro estava à frente. Contudo, às 21h Pelegrino virou o jogo, ultrapassando-o em 20 votos. Na sequência, houve denúncia de erro na urna da oitava zona eleitoral (Cajazeiras) emperrando a apuração por mais de duas horas. Solucionado o problema, Pelegrino ampliou a vantagem.
Eleições em Salvador
Já comentei neste blog que é possível que a aliança entre PT e PMDB se desfaça na Bahia, depois de anos de tentativa da deputada Lídice da Mata (PSB). Agora vem a notícia que mais deve chatear o governador Jaques Wagner: os deputados Nelson Pellegrino e Walter Pinheiro disputam, hoje, as prévias no PT. Na sexta-feira, ocorreu um bom debate, na Faculdade de Arquitetura da UFBA, entre os dois candiatos. Pellegrino já disputou as três últimas eleições para a Prefeitura de Salvador e não conseguiu vencer. Até onde se sabe, Jaques Wagner avalia que Walter Pinheiro seria o melhor candidato. No final do ano passado, a Executiva Nacional do PT teve de intervir durante o processo de escolha do presidente estadual da legenda. Nas eleições, houve prisões, fraudes e muitas brigas. No PTB, o advogado Edvaldo Brito, que era pré-candidato, aceitou compor com o prefeito João Henrique Carneiro (PMDB), candidato à reeleição. Brito será o vice na chapa de Carneiro. No PPS, outro pré-candidato, o ex-vereador Miguel Kertzman, também retirou a sua candidatura e aceitou ser vice na chapa encabeçada pelo ex-prefeito Antonio Imbassahy (PSDB). Há dois meses, o PT rompeu com o PMDB, entregou os 200 cargos que mantinha na administração municipal e decidiu lançar candidato próprio à sucessão. A medida irritou o ministro Geddel Vieira Lima, que contava com o apoio do PT. Além de Imbassahy e João Henrique Carneiro, são candidatos a deputada federal Lídice da Mata (PSB), o deputado federal ACM Neto (DEM), a vereadora Olívia Santana (PC do B) e o radialista Raimundo Varela (PRB).
O diretório municipal do PT informou que o resultado das prévias será conhecido no final da noite deste domingo.
sábado, 24 de maio de 2008
Entrevista de Hugo Chávez sobre Unasul
Ainda em Brasília, Hugo Chávez concedeu entrevista à Fernando Morais, Beto Almeida e Emir Sader. Destaco algumas passagens de sua fala:
"¡ Hoy es un día monumental! Es un día...Yo lo decía esta mañana en la reunión a puertas cerradas...de los Presidentes, Cancilleres! ...que hay que mirar hacia atrás! Hay que mirar en perspectiva para darse cuenta...de cómo las cosas van cambiando...y cómo venimos avanzando en este Proceso unitario!
Yo recordaba...que hace...un día como hoy...el año 1965, la OEA se reunió para legitimar ...¡legitimar!...la invasión gringa a Santo Domingo, que bueno... a punta de metralla y fuego logró cercenar aquella tremenda Rebelión! del pueblo dominicano y del Coronel Camaño! Fíjate! Cómo han cambiado las cosas...! (...) Yo, creo que hay hacerle un reconocimiento...al gobierno de Colombia por haber venido...Porque ha podido no venir...Sin embargo, ha venido, y a firmado...el Tratado de la UNASUR. (...) Hoy nosotros tenemos un Obispo, un cura, el de Paraguay...Un Indio, en Bolivia...Un soldado, en Venezuela. Un guerrillero en Nicaragua. Todos elegidos por sus pueblos...Un Obrero en Brasil, aquí en Brasil, un Obrero...Y mujeres, en comandos de Gobiernos... Ud. esa nueva pintura, de América latina... (...) ¿Por qué no crear una OTAS ? Una Organización del Tratado del Atlantico Sur. Si hay una OTAN... (...) Ahora, el hecho de que...Once paises, de los doce que somos en Suramerica, hayamos votado a favor, sólo Colombia...
Y sin embargo, Colombia ha dicho que ellos no se oponen, pero que no estan en condiciones de participar.
Bueno, más adelante. Nosotros estamos seguros que bueno, más adelante, Colombia, participará tambien. Pero no es un obstáculo para seguir avanzando en la idea..."
Site para Churrasco
Esta dica estou roubando do blog do Marcelo Katsuki, da Folha de S.Paulo (http://marcelokatsuki.folha.blog.uol.com.br/index.html). A Wessel e a Smirnoff uniram-se para criar um site que é uma mão na roda: Churraskeiro.com.br. O site traz dicas para um churrasco e uma calculadora que indica a quantidade certa de carne de acordo com o número de pessoas. Também oferece um serviço para enviar os convites para seus amigos que chegam com a previsão do tempo para o dia da festa, fornecida pelo Climatempo. Não é um site para especialistas e gourmet, mas de serviço e, obviamente, de promoção das duas empresas. Mesmo assim, vale a pena.
Brasil consumista, no NYT deste sábado
Com uma foto de Sergio Troczynski, 24 anos, vestindo a camiseta do São Paulo e encostado no seu novo Fiat Punto, o New York Times de hoje, ilustra a matéria intitulada "Boom Times for Brazil's Consumers". A matéria trata do crescimento da classe média brasileira e procura fazer um paralelo com a vida da classe média dos EUA. Conclui que a América Latina encontra-se "menos acorrentada às fortunas dos Estados Unidos". Logo no primeiro parágrafo desta matéria, afirma-se: "Enquanto os consumidores americanos estão apertando os cintos, os brasileiros estão gastando como se a palavra recessão não existisse no Português". O jornal aponta os seguintes fatores que contribuem para esta situação: a) a valorização das commodities, impulsionada pela demanda da China; b) investimento externo; c) controle da inflação, estimulando o acesso ao crédito, atingindo 20 milhões de brasileiros. A matéria completa (em inglês) pode ser acessada no endereço
http://www.nytimes.com/2008/05/24/business/worldbusiness/24brazil.html?ref=americas .
Contestando Lavareda
Recebo a seguinte mensagem de uma amigo que reside na Inglaterra, a respeito da análise de Lavareda sobre o Partido Conservador (ver nota, abaixo):
"Quanto ao Partido Conservador, contudo, nao sei se Lavareda está bem informado. A "remontagem" daquele partido começou há bastante tempo, basicamente a partir da "tomada do poder" por um grupo de jovens conservadores, ambiciosos e inteligentes, anos atrás, capitaneados por David Cameron (na foto), um sujeito bastante antenado com "as tendências gerais", os valores dominantes e, inclusive, capaz de se ajustar rapidamente. Em um país onde os temas ambientais vêm ganhando muita força (a Inglaterra é o país onde mais se discute "mudanças climáticas"), ele vai de sua casa, em Londres, para o parlamento de bicicleta, sempre cercado por um batalhão de fotógrafos. Assumiu posições que os antigos barões do Partido Conservador sequer discutiriam e tem adotado posições progressistas em diversas questões. Não hesitaria em afirmar que, atualmente, na Inglaterra, é um partido está à esquerda do Partido Trabalhista, o que representa mais uma das tantas contradições de nossos tempos. Ou seja, a "refundação" dos conservadores obedeceu a aspectos bastantes singulares, não sei se podendo ser repetidos no Brasil. Onde estaria, por exemplo, esta geração de jovens conservadores, com posturas liberais mais clássicas e democráticas por excelência?"
Avaliações sobre a oposição
O cientista político Antonio Lavareda, conselheiro da aliança PSDB-PFL, acaba de escrever um interessante texto enviado aos "amigos da oposição". Na avaliação dele, a atuação da oposição, hoje, não está à altura da tarefa de quem precisa enfrentar um presidente da República bem avaliado como Luiz Inácio da Silva. Faltaria estratégia para furar o cerco da popularidade de Lula e estabelecer seus próprios termos de diálogo com a sociedade. Sugere a estratégia do Partido Conservador inglês que reformulou sua estrutura interna, abriu espaço à participação dos filiados, patrocinou referendos sobre questões polêmicas, atuou firme na atração de novos militantes, aumentou o rigor ético na seleção de candidatos, “saiu” do Parlamento para discutir temas de interesse nacional em audiências públicas país afora e adotou uma nova linha de combate ao governo.
Esta estratégia do Partido Conservador é, na verdade, comum na Europa.
O sociólogo Antônio Lavareda associou-se aos empresários pernambucanos Paulo Sérgio Macedo e Severino Mendonça para montar um banco. A instituição, que ainda está sob análise do Banco Central, vai se chamar Gerador, ficará sediada no Recife e emprestará dinheiro a empresas de médio porte. Lavareda tem 30% do banco, cujo capital será de 20 milhões de reais.
Greve Geral no Peru
No dia 9 de julho ocorrerá uma paralização nacional no Peru. A FEDUP, federação de docentes universitários do Peru, divulgou uma nota oficial, que reproduzo algumas passagens:
"El pueblo ya lo decidió: el miércoles 9 de julio el país le dirá NO a Alan García mediante un paro nacional. (...) La convocatoria al paro salió de los acuerdos tomados el pasado 17 de mayo, durante una asamblea de las organizaciones sociales, sindicales, partidos políticos. Organizaciones agrarias, de pueblos indígenas, sectores juveniles y colectivos, convocada por la Coordinadora Política y Social (CPS). El secretario general de la CGTP, Mario Huamán, señaló que la CPS exige el cambio de la política económica, un crecimiento económico al servicio de las grandes mayorías, exigimos el cese de la represión y la violencia contra los trabajadores y pueblos amazónicos e indígenas. Más de 20 muertos y 1200 enjuiciados y presos por protestar contra el régimen de García. Frente a ello se exige la derogatoria del decreto de criminalización de la protesta. Cese de las privatizaciones de los recursos naturales, de las empresas estratégicas y de los servicios básicos de la población; defensa de la biodiversidad puestas en la mira de la voracidad de las transnacionales. La jornada de protesta a nivel nacional será contra el alza del costo de vida, a favor de la atención a una agenda agraria y por la promoción de soberanía alimentaria en la que el consumo de productos nacionales permita la no importación que beneficia a los oligopolios. (...) Finalmente la CPS hace un llamado al pueblo peruano, al más del 70% de ciudadanos que desaprueba la gestión de García, para respaldar al PARO DEL 9 DE JULIO, ejerciendo el legítimo derecho a la protesta frente a la ofensiva neoliberal que se impone al país."
Nossos vizinhos vivem alguns dias quentes, de luta social. A começar pela Argentina e, agora, Peru.
sexta-feira, 23 de maio de 2008
UNASUL e a integração latino-americana
O primeiro passo mais ousado, depois do Mercosul: Unalsul, ganhando contornos de organismo internacional. A União das Nações Sul-Americanas reúne os doze países da América do Sul. A proposta de sua criação surgiu em 2004, em Cusco, no Peru.Os principais objetivos serão a coordenação política, econômica e social da região. Alguns temas merecem destaque desde sua instalação, como a integração energética, de telecomunicações e ainda nas áreas de ciência e de educação, além da adoção de mecanismos financeiros conjuntos. Os presidentes assinaram sua formalização nesta sexta-feira, que será ratificado pelos paralmentos de nove dos doze países. Os líderes regionais discutem também a criação do Conselho de Defesa da América do Sul. A idéia foi apresentada oficialmente pelo Brasil, mas é rejeitada pela Colômbia. Existe o plano de criação do Parlamento único da Unasul, mas não há nenhuma expectativa de que a idéia seja colocada em prática em um futuro próximo. A Unasul terá ainda uma secretaria permanente que deverá ser em Quito, no Equador. Nos termos do Tratado, a Unasul terá como órgãos deliberativos um Conselho de Chefes de Estado e de Governo, um Conselho de Ministros de Relações Exteriores e um Conselho de Delegados. Haverá reuniões anuais de chefes de Estado e de Governo e reuniões semestrais do Conselho de Ministros de Relações Exteriores.
Mais comparações entre Brasil e Itália: competitividade
O ranking mundial de competitividade elaborado pela escola de negócios suíça IMD (International Institute for Management Development), situou Brasil e Itália entre os países menos competitivos no rol das nações analisadas. O órgãobaseia suas conclusões em três fatores: performance econômica, eficiência governamental, eficiência econômica e infra-estrutura. O Brasil ocupa, em 2008, o 43º lugar em um total de 55 nações, subindo seis colocações em relação ao ano passado. Logo atrás, a Itália encontra-se na 46ª posição. A capacidade da Itália de disputar o mercado internacional trilha uma tendência decrescente bem estabelecida nos últimos anos. Em 2005, por exemplo, o país ocupava a 38ª posição. A lista de motivos é longa: o ambiente macroeconômico estagnado, atrelado a déficits orçamentários, uma das maiores dívidas públicas do mundo e uma situação fiscal deteriorada. Outras causas são a baixa eficiência de gastos do governo, o peso da regulação estatal e, de forma mais genérica, a qualidade das instituições públicas. Já o Brasil, após duas quedas consecutivas, encontra-se em um momento de ascendência explicado pela boa performance econômica no último ano e, principalmente, pela eficiência dos negócios – que mede produtividade e práticas gerenciais das companhias -, quesito no qual o país registrou um salto da 40ª para a 29ª posição.
Emprego de jonvens no Brasil e Itália
Como já divulgado neste blog, estudo do Ipea revela que, numa lista de dez países, o Brasil lidera o ranking de desempregados entre 15 a 24 anos, com 45,6%. A Itália se encontra em uma situação intermediária na tabela, ocupando a sétima posição, com 25,9%. Entretanto, a Itália detém a maior taxa absoluta de desemprego juvenil, ao lado da Argetina. 24% dos jovens italianos de 15 a 24 anos estão desempregados, em contraste com 19% entre os brasileiros, segundo o KILM (Key Indicators of the Labour Market Programme). Ocorre que, por lá, a taxa de desemprego é menor em outras faixas etárias do que no Brasil, o que coloca os jovens italianos em particular desvantagem frente aos trabalhadores mais experientes. Na Itália, a razão entre a taxa de desemprego juvenil e adulto (25 anos ou mais), é de 4 jovens desempregados para cada adulto sem ofício, enquanto a cifra brasileira responde por 3,5. Daí o forte preconceito que se sente em relação aos jovens em algumas cidades italianas.
quinta-feira, 22 de maio de 2008
Argentina: conflito com ruralistas atinge popularidade de Cristina
A imagem positiva da presidente caiu para 26 por cento da população em maio, contra 47 por cento de março e 36 em abril, e está 30 pontos percentuais abaixo da medição de janeiro, disse a consultoria Poliarquía. Pela primeira vez desde que assumiu, em dezembro de 2007, a imagem negativa da presidente supera a positiva, ao atingir 34 por cento. "O conflito com o setor agrícola somou-se à crescente preocupação que gera o processo inflacionário na sociedade e causou uma aceleração na mudança de humor social que vinha sendo observada desde 2007", disse Alejandro Catterberg, diretor da consultoria. "Pela primeira vez em muitos anos a população avalia a situação do país com pessimismo: a maioria pensa que o país não está num bom momento, que estamos pior que o ano passado e que a situação piorará no futuro", completou. Os jornais argentinos noticiam, hoje, reunião dos ruralistas com o governo federal, iniciada pouco depois das 18h00. Segundo o Página 12, os presidentes da Sociedad Rural Argentina, Confederaciones Rurales, CONINAGRO y Federación agraria, iniciaram a reunião com o ministro da Economia, Carlos Fernández, e seu chefe de gabinete, Alberto Fernández. Já o jornal La Nación, informa que Eduardo Buzzi demonstrou interesse em finalizar a negociação: “Hay mucho por resolver y es necesario que no haya eufemismos”, teria dito. Disse, ainda: “Nos queremos ir con una respuesta”. Alberto Fernández, assegurou uma "agenda sem restrições", possivelmente pressionado pelos índices de popularidade do governo. Entretanto, defendeu as retenções móveis "como concepto" (seja lá o que isto signifique). É a primeira vez que o ministro de Economía, Carlos Fernández, estará reunido para discutir com lideranças ruralistas. O presidente da Sociedad Rural Argentina (SRA), Luciano Miguens, afirmou que está otimista com esta reunião, chegando a dizer que "a solução está próxima".
quarta-feira, 21 de maio de 2008
Denúncias graves contra o BNDES
Maurício David envia a seguinte mensagem:
"Recebi cópia do relatório da Polícia Federal sobre a Operação Santa Tereza. Nos termos do relatório, a Santa Tereza trata-se de " operação de inteligencia policial de referencia tendo como objetivo precípuo a desarticulação de uma organização criminosa ativa no ramo da prostituição de mulheres e também esquema criminoso relacionado à liberação e desvio de verbas públicas federais, mais precisamente do BNDES, além de outros crimes praticados pelos investigados". São 140 páginas, basicamente com o detalhamento das escutas telefonicas efetuadas com autorização judicial."
Os frutos de uma Escola da Cidadania
A Escola da Cidadania de Maringá foi criada há dois anos tendo como objetivo maior construir um programa de formação permanente de conselheiros municipais e lideranças sociais. Realizou um Fórum de Educação Popular e Políticas Públicas que contou com a participação de Chico Whitaker (Fórum Social Mundial) e José Moroni (ABONG e Fórum Nacional de Participação Popular). Já realizou muitos cursos e oficinas e agora começa a colher seus frutos, seu reconhecimento público. Participará do Ciclo de Palestras sobre Gestão Educacional na Universidade Estadual de Maringá, no próximo dia 11. As educadoras populares desta Escola, Fernanda Valotta e Solange Marega, abordarão a temática "O Papel dos Conselhos na Democratização da Gestão do Ensino Público", juntamente com integrantes do Conselho Municipal de Educação. Outros municípios poderiam criar instrumentos desta natureza. Maiores detalhes no site www.cultiva.org.br/maringa .
Brasil: um país contra a criança e o jovem
Depois do dado oficial que demonstrou que 5,5% dos trabalhadores infantis do país sofreram, em 2006, doenças ou acidentes de trabalho (o dobro dos acidentes de trabalho envolvendo adultos), agora é a vez do desemprego. O IPEA/IBGE revela que o desemprego entre jovens (de 15 a 25 anos de idade) é 3,5 vezes maior que adultos. E o ritmo desta distância se acelera rapidamente. O IPEA afirma que há preconceito. Não só. O governo vem acreditando na velha cantilena liberal, que o crescimento econômico melhora a qualidade de vida.
A situação fica mais clara quando sabemos que a taxa de desemprego em abril foi de 8,5% da população economicamente ativa, menor percentual já registrado para o quarto mês do ano desde o início da série de cálculos, em 2002. O número de empregados com carteira assinada, em abril, cresceu 9,9% em relação ao mesmo mês de 2007 e 1,5% na comparação com março deste ano, somando atualmente 9,5 milhões de pessoas. O rendimento médio do trabalhador em abril foi de R$ 1.208,10, um aumento real de 2,8% em relação ao mesmo mês do ano passado e 1% na comparação com março.
terça-feira, 20 de maio de 2008
Obama é o candidato democrata
O possível racha entre PMDB e PT baianos
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Petrobrás mais à frente
A Petrobras passou a Microsoft e se tornou a terceira maior empresa das Américas entre as que têm ações negociadas em Bolsas de Valores, segundo levantamento realizado pela consultoria Economatica. O valor de mercado da estatal brasileira, calculado com base no preço das ações, atingiu US$ 287,17 bilhões na última sexta-feira (dia 16). O da Microsoft era de US$ 279,3 bilhões no mesmo dia. À frente da Petrobrás estão: Exxon Mobil (489 bilhões de dólares) e General Eletric (320 bilhões de dólares). Este é mais um dado que demonstra a nova posição econômica do Brasil no mundo e o quanto necessitamos repensar nossa postura política, principalmente no Cone Sul da região.
Bônus no vestibular da UFMG para alunos de escolas públicas
A UFMG decidiu, em reunião tensa que durou 5 horas, criar um bônus de 10% para candidatos que cursaram todo o ensino fundamental e médio em escola pública. Assim, os alunos oriundos de escolas públicas terão um "fator de correção" a seu favor. Gostaria de aprofundar a análise desta proposta, tendo em vista que parece adotar uma solução de "justiça equitativa" e não "justiça igualitária" (esta última, baseada na meritocracia):
a)A simulação no vestibular de Medicina revela que este bônus elevará de 45 para 120 calouros oriundos de escolas públicas;
b)Contudo, aprofundando um pouco mais o impacto, acredito que o bônus terá maior influência sobre a própria escola pública do que sobre o futuro dos alunos candidatos. Explico: já se notava, há dez anos, que havia uma forte migração de vagas de escolas privadas para públicas, no ensino básico. As escolas particulares mais afetadas eram as católicas. De 1995 para 2000, 130 escolas católicas de ensino básico (fundamental e médio) fecharam as portas, segundo dados da CNBB/CERIS. As escolas católicas perderam 300 mil alunos. Os dois motivos apontados por este estudo foram: empobrecimento da população e melhoria do ensino público. Como sabemos, contudo, que os índices de pobreza vêm diminuindo desde então, o impacto do bônus será ainda maior, acelerando esta dinâmica de aumento da participação das escolas públicas no total de vagas do ensino básico;
c)Acredito, portanto, que os professores da rede pública que matriculam seus filhos (com forte sacrifício sobre a renda familiar) em escolas particulares, desejando vê-los na UFMG (a universidade mais desejada em MG), tenderão a matriculá-los em escolas públicas, ao menos nos próximos 5 a 7 anos;
d)O ingresso de alunos de escolas particulares (mesmo os de baixa renda, cujos pais se sacrificam para pagar as mensalidades) em escolas públicas terá um forte impacto sobre a qualidade do ensino e proposta curricular. Não sei ao certo o fruto desta pressão. Logo de início, aumentará a pressão sobre os professores, não tenho dúvidas;
e)Do outro lado, acredito que aumentará a oligopolização do ensino privado, hoje concentrado em 13 grandes grupos (mais de 30% das escolas particulares do país estão vinculados a estes grupos educacionais privados, como COC, Objetivo, Positivo, Pitágoras entre outros). A educação brasileira movimenta mais de 100 bilhões de reais por ano. A International Finance Corporation estima aumento de investimentos privados na área de ensino à distância e treinamento vocacional. Não por coincidência, este passa a ser tema central para o MEC: ensino profissionalizante;
f)O problema é ainda maior. As redes privadas estão vendendo apostilas e criando assessorias para escolas públicas. Já são 300 municípios brasileiros que adotam apostilas e assessoria privada em suas redes de ensino, sendo 150 (23% dos municípios paulistas) somente em São Paulo. Fica evidente que a tal valorização da escola da escola pública a partir da medida da UFMG é uma ponta do iceberg. O problema é que, nos últimos anos, apenas esta ponta esta merecendo alguma atenção. Não tenho dúvidas: trata-se do discurso único do pragmatismo em políticas públicas.
domingo, 18 de maio de 2008
945 municípios que podem perder repasse federal para transporte escolar
Saiu a lista de prefeituras inadimplentes que poderão perder, a partir deste mês de maio, os repasses de verbas federais destinadas a custear a locomoção de alunos matriculados em escolas públicas de ensino fundamental. Pela lei, deveriam ter prestado contas do dinheiro que receberam em 2007 até 15 de abril de 2008. Não cumpriram, porém, o compromisso. Este recurso federal financia o transporte escolar de 3,4 milhões de crianças, complementando o orçamento de 5.122 prefeituras. Desse total, 1.032 municípios foram à lista de inadimplentes.
Os municípios inadimplentes surpreendem. São 69 municípios paulistas, entre eles: Lindóia, Carapicuiba, Guarujá, Embu, Duartina, Limeira, Marília, Catanduva, Assis, Batatais e Bragança Paulista. No Rio Grande do Sul são 51 municípios, com destaque para a capital Porto Alegre. No Paraná são mais 60. Em Minas Gerais são 155, com destaque para Carangola, Coronel Fabriciano, Diamantina, Dores do Indaiá (terra do primeiro ministro da educação de nosso país), Paracatu, São João del Rei, Teófilo Otoni e Vespasiano.
De Walter Benjamin
Minc: agora vai (?)
O "estilo Minc de ser" já começa a aparecer. Na chegada ao Rio de Janeiro, o ministro indicado para a pasta do Meio Ambiente anunciou que tem uma reunião com o presidente Lula amanhã, quando vai apresentar os 10 pontos que considera importante nas questões ambientais. Um deles é contar com a ajuda das Forças Armadas nas Áreas de Proteção Ambiental. Outra proposta é que o coordenador-executivo do Plano Amazônia Sustentável (PAS) seja o ex-governador do Acre, Jorge Viana.
Política Industrial e Reforma Tributária?
O que muitos economistas estão se perguntando é o lugar da reforma tributária após o anúncio da política industrial. Do ponto de vista dos interesses empresariais, a política industrial já resolveria grande parte dos pontos de estrangulamento. Artigo de Décio Pizzato, publicado no site do Conselho Federal de Economia (COFECON) procura dirimir parte desta dúvida. Não concordo inteiramente com seus argumentos, mas é uma boa pauta de discussão. Reproduzo algumas passagens:
"O empresariado nacional sempre manteve cautela com os anúncios governamentais. Os motivos estavam nas resistências dentro do próprio governo, após o anúncio em agosto de 2003, dos quatro setores que comporiam a política industrial (software, semicondutores, medicamentos e bens de capital). O principal objetivo da agora chamada Política de Desenvolvimento Produtivo é de ampliar as exportações brasileiras para que atinjam 1,25% do comércio global em 2010. (...) Foram escolhidos 25 setores para integrar a nova política, a saber, complexo industrial da saúde, tecnologias de informação e comunicação, energia nuclear, complexo industrial da defesa, nanotecnologia, biotecnologia, complexo automotivo, bens de capital, têxtil e confecções, madeira e móveis, higiene, perfumaria e cosméticos, construção civil, complexo de serviços, indústria naval e de cabotagem, couro, calçados e artefatos, agroindústrias, biodiesel, plásticos, complexo aeronáutico, petróleo, gás natural e petroquímica, bio-etanol, mineração; siderurgia, celulose e carnes. O governo pretende ampliar a participação das micro e pequenas empresas exportadoras para 12.971 em 2010 --10% acima das 11.792 em 2006. Quanto ao estímulo à inovação no setor industrial, a perspectiva é que os investimentos privados em pesquisa e desenvolvimento representem 0,65% do PIB em 2010, o que significa um crescimento médio anual de 9,8% até 2010. (...) O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Bernardo Appy, sinalizou que a reforma tributária, ainda por vir, abrirá o caminho para a elevação do Imposto de Renda. O que será naturalmente apoiado pelos Estados e Municípios, já que o novo modelo a ser proposto deverá beneficiar essas esferas de governo. A argumentação apresentada é que há uma distorção da tributação do país. Uma reduzida tributação direta, sobre a renda e a propriedade, e uma excessiva tributação, indireta, que é embutida nos preços dos bens e serviços. Os sucessivos recordes de arrecadação têm sido conseguidos pelos tributos que indiretamente são repassados para os preços, como a COFINS, PIS, e o ICMS estadual. Estes tributos são mais onerosos para a população de baixa renda. Por outro lado, alega o representante governamental, como exemplo, que a "tributação sobre a pessoa física é pouco explorada no Brasil". (...) Em nenhum momento se ouviu da parte do Executivo a palavra redução e melhoria nos gastos públicos. Assim, tudo se encaminha para que governo, se quiser levar adiante o PDP, faça uma elevação substancial na tributação sobre a pessoa física e a propriedade."
sábado, 17 de maio de 2008
Depois de Itaipu, agora é a vez de Inambari
O ministro Edison Lobão (Minas e Energia) está em Lima. Vai assinar, neste sábado (17), um protocolo de intenções com o governo do Peru. O objeto do acordo é a construção conjunta da hidrelétrica Inambari.A obra será assentada em solo peruano, na província de Madre de Dios (bom nome!). Foi planejada para gerar 1,4 mil megawatts de energia. Desse total, 300 megawatts seriam consumidos pelos peruanos. O resto viria para o Brasil. Será que Lugo já sabe?
Ministro da Educação sugere corte de 33% das verbas do SESC
Já começou a circular na internet a campanha "Amigos do SESC". Resposta ao balão de ensaio de Fernando Haddad que sugeriu, recentemente, retirar 33% dos recursos do SESC e colocá-lo num fundo administrado pelo governo federal para capacitação profissional. Os "Amigos do SESC" afirmam que "o ministro da Educação, com esta proposta, reforça o pensamento daqueles que defendem a capacitação para o trabalho em detrimento ao desenvolvimento humano integral. O SESC, ao contrário, sempre pautou sua atuação na formação do homem para o pleno exercício da cidadania, pela melhoria da qualidade de vida, contribuindo assim para a inclusão social."
A proposta do ministro reduziria anualmente 230 milhões do SESC em todo o Brasil. Para ser claro, a proposta em discussão por Brasília não atingiria apenas o SESC, mas todo Sistema S. De tempos em tempos esta proposta ressurge. Mas não havia aparecido campanha pelo SESC até agora.
Melancolia
A psicanalista Luciana Chauí Berlinck publica interessante artigo sobre Melancolia na revista CULT intitulado "A sociedade do narcisismo e da melancolia". Destaco uma e outra passagem:
"Em "Luto e melancolia", Freud apresenta uma analogia entre melancolia e luto. A diferença entre ambos decorre da ausência de disposição patológica no luto e da presença dela na melancolia. Psicanaliticamente, uma "disposição patológica" é uma série de condições da vivência pessoal que faz alguém reagir sempre de uma certa maneira aos acontecimentos. (...) No caso da melancolia, a predisposição patológica é dada pelo narcisismo: como este foi vivenciado e porque o indivíduo ficou fixado nele. (...) O melancólico não sabe o que perdeu, escreve Freud. (...) Nessa cultura do individualismo competitivo, o indivíduo é levado pelo desejo desenfreado da felicidade, identificada ao sucesso, sendo este identificado à supremacia pela eliminação do outro (eliminação que, se não é física, é moral e profissional). O propósito do indivíduo, porém, não é castigar o outro com suas próprias incertezas, e sim encontrar um sentido para a vida; por isso ele é perseguido pela ansiedade, desconfiando da competição por tê-la inconscientemente associado a uma enorme necessidade de destruição. Dessa forma, o narcisista ferozmente competitivo em busca de sucesso, portanto, de reconhecimento e aprovação, paradoxalmente só pode intensificar o isolamento do eu."
sexta-feira, 16 de maio de 2008
O encontro dos dois hemisférios
Hillary critica negócio brasileiro
Chega a ser engraçado. Hillary Clinton criticou a compra da Smithfield Foods pela brasileira JBS-Friboi, por US$ 565 milhões. Isso faz da brasileira a maior produtora de carne dos Estados Unidos, à frente da gigante Tyson Foods. Para piorar o humor de Hillary, a empresa brasileira comprou nesta semana a National Beef Packing Co. por outro meio bilhão de dólares. O negócio depende ainda de aprovação federal, mas já deixa o Império norte-americano de beicinho. Quem diria?
Assinar:
Postagens (Atom)