Estou de volta, depois de alguns dias imerso em muito trabalho e viagens. Nossa equipe avança na implantação da Gestão Participativa em Rede em muitos municípios de São Paulo e sul de Minas Gerais. E acertei o detalhe da implantação de uma escola sindical à distância para uma importante federação de trabalhadores de São Paulo.
Mas esta nota, além da justificativa do sumiço neste espaço, tem como objetivo fazer um breve comentário sobre o novo livro de José de Souza Martins, "A Política do Brasil". Nesta nota, um breve comentário inicial. Na introdução, Martins dialoga comigo e André Singer, a respeito do lulismo. Ele sugere que o Brasil se caracterizaria como uma "sociedade de história lenta" onde o lastro do atraso agrário cobraria um tributo à nossa modernização. Daí estaria a explicação da corrupção, um tributo do mundo moderno ao atraso. Aqui ele sugere que o lulismo pagaria este tributo para se fazer poder. Assim como o assistencialismo do Bolsa Família. Meu rápido comentário inicial (pretendo fazer uma análise mais profunda sobre o livro, sempre um importante estudo deste sociólogo maior do Brasil) é que Martins parece flertar com as teorias dualistas. Não o faz com todas as letras. Mas leio o texto que escreveu imaginando que sou mais pessimista. Penso que tradição e modernidade se fundem em nossa sociedade. Assim, não existiria um pólo moderno por inteiro pagando um tributo para o atraso por inteiro. São duas facetas de um mesmo país, entranhadas em todas instituições e em nossa cultura política.
José Gomes da Silva, quando Presidente do INCRA, imaginava justamente que as indústrias de ponta do Brasil seriam refratárias ao atraso rural não produtivo. Ao iniciar o estudo do cadastro rural, quando elaborava o Plano Nacional de Reforma Agrária teve sua crença destruída pela realidade. A maioria das grandes empresas brasileiras eram proprietárias ou associadas ao atraso rural. As terras tinham se tornado ativos. Obviamente, este amálgama é que não é compreendido por quem pensa o Brasil por partes.
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